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Commodities serão as estrelas da próxima temporada de balanços
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O impacto virá por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia
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Retorno para o investidor vai depender da estrutura de preços de cada empresa
O mercado brasileiro de ações vive o final da temporada de balanços do quarto trimestre de 2021. É a partir dos dados de desempenho divulgados pelas empresas que os investidores decidem se continuam com os papéis das companhias. Porém, por mais que esteja distante, a próxima temporada deve impactar o mercado e as estrelas da vez deverão ser as commodities.
As consequências guerra entre Rússia e Ucrânia serão conhecidas já na temporada de balanços do primeiro trimestre, que vai acontecer entre abril e maio. E a alta nos preços dos materiais básicos terá impactos variados nas empresas brasileiras. “Já começamos a ver algumas mudanças nos balanços do 4T21. Com o movimento das commodities antes e durante a primeira fase da invasão da Ucrânia pela Rússia, acreditamos que os balanços do 1T22 vão ser ainda mais afetados pelo conflito”, diz Josias de Matos estrategista na Toro Investimentos.
Por que as commodities serão o assunto da vez?
No meio de toda a tensão, o termo “commodities” assusta algumas empresa e anima outras. Após o início do conflito, o mercado mostrou temor de escassez de oferta, o que fez com o que os preços das commodities subissem. A alta mais relevante é a do petróleo, negociado em um patamar bem superior na comparação com o pré-guerra.
Ligação com as matérias-primas
Muitas empresas brasileiras estão ligadas às commodities. Portanto, veremos impactos diretos, positivos e negativos, do aumento de preços nos balanços do primeiro trimestre. “Acreditamos que grande parte das companhias, mesmo as que não trabalham diretamente com commodities, falarão sobre esse fenômeno na apresentação de resultados, dado o impacto inflacionário que ele gera”, diz Josias de Matos, da Toro. Com o mercado esperando mais inflação nos próximos meses, a curva de juros futuros também é influenciada, e as projeções para o aumento de juros também estão sendo revisadas para cima.
Logística e transportes
As companhias áreas devem ser as mais afetadas negativamente pelo momento atual da economia. O aumento dos combustíveis tem impacto direto na estrutura de custos de empresas como Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4). O preço das passagens pode sofrer reajustes por causa disso e diminuir a demanda por voos, que já está pressionada pela inflação, desemprego e diminuição da renda do brasileiro.
Na próxima temporada de balanços, é importante ficar de olho nos indicadores de margens das empresas. Matheus Jaconeli, analista de Investimentos da Nova Futura, explica que eles “vão mostrar a parcela da receita que está sendo transformada em lucro líquido, operacional ou Ebitda”.
Fique de olho no ROE
Outro indicador para prestar atenção é o ROE, o retorno sobre patrimônio líquido, que indicia a eficiência de capital próprio das empresas. “A provável redução nas vendas e aumento de custos prejudicarão as margens e o giro do ativo, afetando o indicador”, diz Jaconeli. A ideia é que o investidor consiga perceber se as empresas terão mais dificuldade de gerir com eficiência seus próprios recursos. Outras empresas ligadas ao setor de logística também devem sentir um peso maior dos custos, entre elas estão Santos Brasil (STBP3), Sequoia (SEQL3) e Tegma (TGMA3).
Atenção aos papéis de concessionárias de rodovias
O preço dos combustíveis lá no alto pode atingir ainda as empresas que operam concessões de rodovias. Isto porque quanto menor o fluxo e menor os trechos que os motoristas andam nas estradas, menor é a arrecadação com pedágios. Esse efeito pode aparecer nos balanços de EcoRodovias (ECOR3) e CCR (CCRO3).
Varejo de moda
A variação no preço do algodão não foi tão grande quanto a alta de outras commodities. Além disso, outros fatores podem contribuir para um trimestre mais apertado do setor, como a inflação e aumento dos juros mais forte do que o esperado anteriormente. O investidor deve ficar de olho em indicadores como volume de vendas, ebitda e margem líquida.
Mineração e siderurgia
Mineração e siderurgia vivem um momento contrastante ao de aviação. As expectativas para essas empresas são boas, já que o governo da China sinalizou maior investimento no setor para atingir a meta de crescimento da economia de 5,5%. O aumento do preço do minério de ferro deve ajudar empresas do setor que exportam para o país asiático. “Esperamos balanços robustos, com forte geração de caixa para o setor”, diz Matos.
Petroleiras
Os resultados do setor petrolífero, representado na B3 por Petrobras (PETR3) e PetroRio (PRIO3), principalmente, devem vir mais robustos que na comparação com trimestres anteriores, já que o preço de seu principal produto está nas alturas. A situação da Petrobras, porém, é um pouco mais delicada. Isto porque o mercado teme que o efeito inflacionário da alta dos combustíveis cause uma interferência do governo na empresa, o que derrubaria o preço das ações. “O aumento dos preços internacionais do petróleo e o seu respectivo repasse ao mercado interno acaba gerando um risco de intervenção e pressão por controle de preços por parte do controlador, que poderia prejudicar a saúde financeira da companhia”, diz Josias de Matos.
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