Como começar a investir? Veja 8 dicas para dar o primeiro passo
Número de investidores cresce: só na renda fixa existem 12,6 milhões; não fique de fora do mundo das finanças
Investir é assunto sério e, como qualquer coisa que mexe com seu dinheiro, requer planejamento e calma.
Fazer o dinheiro trabalhar por ele mesmo — o sonho de muitos que começam a alocar uma fatia de patrimônio — também exige paciência.
Receba no seu e-mail a Calculadora de Aposentadoria 1-3-6-9® e descubra quanto você precisa juntar para se aposentar sem depender do INSS
Mas por onde começar? O que uma pessoa precisa saber para começar a investir e como se preparar para entrar nesse mundo de prefixados, ações e até criptomoedas?
Bom, a resposta é de que não é necessária uma quantidade enorme de dinheiro para começar a investir. O que é bom ter de sobra é conhecimento. A Inteligência Financeira organizou algumas dicas sobre o que você precisa saber para começar a investir do zero.
Quantos brasileiros já investem?
Cada vez mais brasileiros estão investindo.
A pista está no número de investidores com cadastro na B3, a bolsa de valores do Brasil.
O número de investidores pessoa física em renda variável cresceu 35% no 3º trimestre de 2022, segundo dados da B3.
Na renda fixa, a bolsa concluiu que o número de pessoas que passaram em investir em algum ativo pré ou pós-fixado saltou de 9,6 milhões para 12,6 milhões.
Mas essa nova leva de investidores não conta ainda com Luana Guimarães, produtora e designer.
Ela se sente insegura para começar a investir e relata à Inteligência Financeira que quer estudar muito antes de decidir aonde vai depositar o salário.
“Recebi o conselho da minha tia para começar a investir. Então eu tenho vontade de começar, mas não sei por onde. Contudo, gostaria de saber qual o tipo de investimento é lucrativo”, diz Luana.
1. Para começar a investir, determine seu perfil
Para dar o primeiro passo no mundo dos ativos, Sidney Lima, analista da Top Gain, recomenda antes analisar seu próprio perfil de investidor. Ele é traçado geralmente por meio de um questionário que avalia o apetite por risco e objetivo que a pessoa deseja atingir com seus investimentos.
Em suma, temos três perfis de investidores:
- Conservador: perfil de quem deseja rentabilidade nos seus investimentos, mas sem tomar prejuízo, optando por ativos com menos risco e volatilidade.
- Moderado: o investidor que aceita assumir algum risco em suas alocações, mas sem perder segurança de ter rendimento.
- Sofisticado: O mercado está volátil? O investidor mais sofisticado é capaz de entender tendência e se expõe mais ao risco em ações e ativos. É uma pessoa que abandona a segurança na carteira à procura de maior rentabilidade.
“Hoje em dia, vejo muitas pessoas colocando dinheiro em um ativo que não combina com o seu perfil de investidor”, diz Sidney.
Todo banco tem um questionário que chamamos de suitability. Muitas pessoas entram direto nos investimentos mais arriscados, mas elas não têm perfil para perder dinheiro e acabam se prejudicando. É justamente com base nesse perfil que o investidor decide onde ele vai colocar dinheiro.
Sidney Lima, da casa de análises Top Gain
2. Como começo investindo em ações? E na renda fixa?
Começar a investir do zero não requer uma piscina de dinheiro do Tio Patinhas. Você só precisa saber por onde vai mergulhar no mundo dos investimentos. Nesse caso, existem duas opções para você: a renda fixa ou a renda variável.
Na renda fixa
Dentro da renda fixa, existem os títulos prefixados e pós-fixados. O primeiro tipo de ativo tem taxas de rendimento estabelecidas pelas dinâmicas de mercado e as expectativas sobre a economia. Ou seja, o investidor sabe o quanto aquele título rende no momento em que o adquire. Eis alguns ativos dessa categoria:
- CDBs prefixados
- LCIs (Letras de Crédito Imobiliário)
- LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio)
- CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários)
- CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio)
Já nos ativos pós-fixados, a diferença está no rendimento. Geralmente títulos dessa categoria estão atrelados a alguma variável macroeconômica, como a inflação (IPCA) ou a curva de juros (Selic). São títulos pós-fixados:
- Tesouro Selic
- CDI
- Tesouro IPCA+
Vale destacar que, ainda assim, alguns títulos prefixados, como os CDBs e LCIs, podem ser atrelados ao CDI, tornando-os ativos pós-fixados.
Na renda variável
O outro caminho para o investidor é o mercado de renda variável. O que vem à cabeça quando pensamos em renda variável é o mercado de ações.
A B3, cujo principal índice é o Ibovespa, tem uma série de títulos de empresas de capital aberto. Para o investidor, não apenas é possível comprar as ações da bolsa se cadastrando em alguma corretora ou distribuidora autorizada na B3, como também negociá-las eletronicamente, por meio de plataformas e home brokers.
Assim como ações, criptomoedas são uma opção popular de investimento hoje em dia. Os ativos digitais podem ser mais voláteis que a bolsa, e são classificados como renda variável — ou seja, o rendimento não é garantido.
Aliás, o investidor não precisa de muito para começar, seja qual for a classe de ativos escolhida. Na renda fixa, alguns CDBs (Créditos de Depósito Bancário) no mercado bancário requerem um investimento mínimo de apenas R$ 50. Sidney Lima recomenda, na renda variável, as ações da Copel (CPLE6), que custam R$ 7,99.
3. O que é volatilidade? Veja o efeito nos investimentos
A queda e alta no preço das ações na bolsa de valores é chamada pelo mercado de volatilidade.
“A bolsa é volátil porque o investidor sempre está procurando o preço certo pela aquela ação”, diz Sidney Lima.
“Há dois tipos de fatores que podem fazer o preço de uma ação na bolsa. Os primeiros são internos àquela empresa, como nível de endividamento, lucro e crescimento. Além disso, há elementos externos que precificam os papéis, como o contexto econômico do Brasil ou do mundo, assim como a expectativa política dos rumos do país nos próximos 4 anos” acrescenta Sidney.
A volatilidade na renda fixa é praticamente zero. Isso porque os ativos prefixados tem taxas que avisam ao investidor quanto ele deve render, mediante o contrato assinado com o emissor do título.
Os ativos pós-fixados, que variam de acordo com taxas de inflação e juros, entre outras, têm projeções mais bem-definidas, já que é papel do Banco Central decidir sobre a aumento da taxa de juros, por exemplo.
4. Diversidade é aliada do investidor
Existe um jargão popular no mercado a ser seguido por qualquer investidor: ‘nunca coloque todos os ovos na mesma cesta’. Ou seja, nunca invista todo seu dinheiro em apenas uma classe de ativo. Tanto na renda fixa assim como na variável, a diversidade na carteira combina bem com todo perfil de investidor, desde o conservador ao sofisticado.
Quer juntar dinheiro para comprar uma casa? Ou ter grana para a aposentaria? Tudo depende de tempo para fazer o dinheiro render: se o investimento é de curto, médio ou longo prazo.
Na renda variável, a diversidade se torna mais crucial ainda porque diferentes ações deixam o investidor exposto a diferentes riscos. Sidney Lima recomenda que a pessoa estude os cenários e varie os aportes entre empresas de diferentes setores.
“Diversificação é colocar dinheiro em ações com referenciais diferentes que afetam o preço”
5. Como começar a investir sem cair em fraudes
Outra máxima do mercado para ficar de olho: ‘quando o milagre é grande demais, desconfie até do santo’. O investidor deve se preocupar com a segurança na hora de alocar recursos em qualquer ativo.
Também é popular o ditado ‘não existe almoço grátis’. Na busca de dinheiro fácil, muitos caem em golpes de empresas que se passam por firmas sérias. “Procure uma empresa idônea para administrar seu investimento. Tome cuidado com ‘rentabilidades milagrosas’ — ninguém consegue fazer um ativo de renda variável avançar 1% todo dia, por exemplo”, diz Sidney.
6. Investir não é um bicho de sete cabeças
Luana Guimarães diz que tem medo de investir pela falta de estudos sobre o mercado. Para a produtora, a democratização dos investimentos também atraiu pessoas mal intencionadas. “Estou disposta a ser mais cautelosa com o dinheiro porque ainda tenho medo. Investir passou a ser tão comum quanto ter um celular, mas tem muita gente pilantra disposta a te dar golpes”, diz Luana.
Armadilhas nos investimentos existem, mas o investidor pode muito bem evitá-las e, com sucesso, deixar o dinheiro parado rendendo sem problemas. “Acontece que esse medo está muito mais relacionado à falta de conhecimento”, argumenta Sidney.
Aqui na Inteligência Financeira temos conteúdos que te ensinam a investir do zero. Todos os dias, temos matérias, reportagens especiais e análises sobre os principais eventos do mercado e que te mostram como se planejar e o que fazer com dinheiro no bolso, ou guardado no banco.
7. Comece a investir com pouco
Essa dica é boa para todo investidor, não importa o patrimônio que ele tenha disponível para começar a investir.
Se educar no mundo dos investimentos é entender como funciona o rendimento daquele ativo no qual você deposita seu dinheiro. Portanto, para não sair no preju já no primeiro investimento, a princípio, é recomendável que a pessoa faça uma alocação menor.
“Invista pouco. Coloque R$ 1 mil ou menos até; pode ser até na poupança. Observe como o seu dinheiro rende”, afirma Sidney. Nesse caso, só corre quem primeiro aprende a andar — coloque em prática sua estratégia de investimento, mesmo com pouco dinheiro.
Algumas ações na bolsa de valores custam menos de R$ 5, e podem ser um bom ponto de partida para investidores na renda variável. São elas:
- IRB Brasil RE (IRB3): R$ 0,70
- Dommo Energia S.A (DMMO3): R$ 1,88
- Cogna Educação (COGN3): R$ 2,20
- Marcopolo SA PN (POMO4): R$ 2,47
- Magazine Luiza (MGLU3): R$ 3,14
- Sanepar (SAPR): R$ 3,67
- Klabin S.A PN (KLBN4): R$ 3,99
- Cielo (CIEL3): R$ 4,68
Vale mencionar que é preciso analisar ações de qualquer empresa antes de comprá-las. Só porque os papéis de uma companhia na bolsa de valores estão baratos, não significa que o investidor deve comprá-las de imediato. Exerça cautela desde cedo.
8. O mundo dos investimentos é ‘apaixonante’
A máxima de Sidney Lima, analista da Top Gain é: “Invista. Sempre.”
Não importa o perfil, o produto ou o medo do investidor de perder dinheiro. Investir significa ter mais controle sobre a sua vida financeira. Portanto, traz mais qualidade de vida, se a pessoa fizer boas aplicações e, mais importante, entender como o valor rende.
Mas uma coisa é certa.
“Quando você começa a investir, vai perceber que o mundo dos investimentos é apaixonante.”
Sidney Lima, analista da Top Gain