Como as estrelas das redes sociais aprendem sobre finanças – e as lições que você pode tirar disso
Influenciadores digitais contam como lidam com dinheiro , além dos aprendizados de uma profissão instável
Klébio Damas, de 25 anos, fala todos os dias com mais de 3,5 milhões de pessoas por meio das suas redes sociais. Produzindo conteúdos diariamente, o influenciador digital viu sua vida mudar depois de começar a falar sobre livros na internet diretamente de Itaperuna, interior do Rio de Janeiro. Os posts viralizaram. Hoje, ele se dedica 100% à profissão e abriu o leque para falar de outros assuntos, como viagens, cultura e finanças. Presente nas principais plataformas, como Instagram, Twitter e TikTok, Klébio monetiza todas as redes.
O carioca é um dos milhares de influenciadores que ganham a vida com a internet. Para se ter uma ideia, só na área de finanças esses profissionais falam com 74 milhões de seguidores. Os dados foram levantados pela Anbima com uma base de 266 influenciadores focados no nicho.
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É fato que essas figuras da internet influenciam e são fonte de informação para investidores ou aqueles que querem saber mais sobre o tema. Mas afinal, dentro de casa, como esses jovens lidam com suas finanças?
Desde cedo Klébio se preocupa com o tema. “Trabalho há sete anos como influenciador e sempre tive que me adaptar a essa inconstância. Não sei o quanto vou ganhar no próximo mês. Com o tempo consegui ter uma média da minha receita, mas os meses variam. Sempre fui uma pessoa econômica, então gasto muito menos do que recebo”, ressalta. Com o que ganha na internet, o influenciador já fez sua reserva de emergência e procura sempre poupar o máximo que pode. Ele não se considera um expert no tema, mas estuda muito e começou aos poucos sua jornada nos investimentos, dando pequenas dicas aos seus seguidores.
Onde eles estão investindo
Klébio é um investidor conservador e concentra a maior parte dos seus investimentos em renda fixa. Hoje, tem cerca de 70% do seu patrimônio em Certificado de Depósito Bancário (CDB) e o restante em renda variável. “Comecei a investir na Bolsa de Valores e em algumas empresas para aprender mais sobre esse universo. Todos os meus investimentos são pensando em longo prazo”, explica.
Por outro lado, Anna Carolyna Diniz, conhecida nas redes como a “teacher dos famosos”, prefere arriscar um pouco mais. Com quase 1 milhão de seguidores, ela se divide entre aulas de inglês, produção de cursos online e publicidades na internet. Tudo começou há quatro anos, quando o seu trabalho como professora foi reconhecido e divulgado por celebridades. “Ser influenciadora é sempre uma novidade. Costumo dizer que a minha rotina é não ter rotina”, conta. O mesmo acontece com a receita, que varia ao longo dos meses.
Para garantir as finanças, Anna também construiu sua reserva de emergência. Mas além disso, investe na Bolsa de Valores e em bitcoins. A influenciadora teve seu primeiro contato com a criptomoeda de forma curiosa. “Há alguns anos um hacker invadiu meu computador e pediu o resgate em bitcoins. Na época eu não fazia ideia do que era. Pesquisei mais sobre o tema e vi que ele foi ganhando muita popularidade. Foi então que comecei a investir no ativo”, conta.
Anna define o investimento na moeda como um patrimônio. De tempos em tempos, ela acompanha a rentabilidade e está sempre de olho no mercado. Por se tratar de um ativo volátil e mais arriscado, separou uma quantia que não afetasse sua saúde financeira. “Eu compro frações da criptomoeda e deixo rendendo. É um dinheiro que não vou precisar agora”.
Enquanto alguns apostam nos investimentos de renda fixa ou variável, outros enxergam nos ativos físicos uma boa oportunidade. Aos 32 anos, Thais Luz tem como única fonte de renda o Instagram. Ela fala com uma audiência de 200 mil pessoas sobre viagens e esportes. A vida de influenciadora, claro, é sem rotina. Justamente por isso ela passou a se preocupar com as finanças e acompanhar mais de perto suas contas. “Quando eu tinha um salário fixo, não juntava tanto dinheiro. Depois que comecei a trabalhar como influenciadora, com a minha imagem, dei muito mais atenção para isso”, conta.
A reserva de emergência é unânime – a influenciadora também tem a sua. Além disso, se programa para garantir sempre seus próximos três meses com base nas contas fixas. Thata, como é conhecida, até chegou a investir em aplicações mais conservadoras por um tempo, mas decidiu resgatar o dinheiro e apostar em imóveis. “Vi a oportunidade de comprar um apartamento na planta e achei que seria mais interessante. Pelas minhas contas, quando ele fosse entregue valeria mais do que eu estava guardando naquele investimento”, explica. Foi então que fez a primeira aquisição. A influenciadora, que comprou outros imóveis, se sente segura com a escolha e acredita que esse é um mercado que cresce a cada dia.
O que eles aprenderam com as finanças
Os três jovens carregam erros e acertos quando o assunto é dinheiro. Kléber já se atrapalhou nos prazos das aplicações, por falta de conhecimento na época, e também já perdeu dinheiro na Bolsa. Segundo ele, isso era esperado se tratando de renda variável. “Eu sabia que existiam riscos, mas separei justamente uma parte pequena do meu patrimônio. Como continuo pensando a longo prazo, sigo investindo em ações e me aperfeiçoando no assunto”.
Anna já passou por altos e baixos e ganhou maturidade ao longo da jornada financeira. “Já gastei mais do que eu poderia em um momento simplesmente por impulso. Hoje faria diferente, mas aprendi muito com isso. Penso muito antes de fazer uma compra ou de investir meu dinheiro em uma aplicação. Tenho uma relação mais saudável com as finanças”, ressalta.
Já Thais conta que a consciência em relação ao dinheiro veio depois de alguns sufocos com cartão de crédito. Hoje em dia, se programa para fazer compras maiores, evita parcelamentos e está sempre em busca de melhores condições quando o assunto é taxas ou descontos. Além da reserva de emergência, outro ponto é unânime na visão dos influenciadores: nas finanças, o aprendizado precisa ser contínuo. “O plano é fazer com que o dinheiro trabalhe para mim, e não que eu trabalhe para ele”, ressalta Thais.