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O que aconteceu com os fundos de cannabis em 2023?
Em 2019, o Brasil recebeu os primeiros fundos de investimento em uma indústria que parecia promissora: a de cannabis. O desenvolvimento do mercado, principalmente lá fora, se deu pelos diversos usos da erva – em medicamentos, cosméticos e outros produtos. Por aqui, os principais fundos que investem em cannabis são os da XP Investimentos e os da antiga Vitreo, agora Empiricus Investimentos.
De lá para cá, sem grandes novidades. “O setor de cannabis é um setor quase nada explorado, por isso a existência de tão poucos fundos. Ainda não existe clareza sobre os objetivos por trás das possibilidades de investimento, se importação de medicação, desenvolvimento de produtos à base de canabidiol ou fibra, óleo de canabidiol, ou uso recreativo”, explica Rodrigo Negrini, especialista em finanças e CEO da Soul Capital.
Além disso, segundo ele, como reflexo desses fatores, o legislativo brasileiro não consegue evoluir na legislação em nenhuma das frentes. “Isso gera insegurança, transformando o investimento em uma aposta”, diz.
O que aconteceu com os fundos de investimento em cannabis?
As incertezas desse mercado refletiram no desempenho dos dois principais fundos brasileiros. De acordo com dados da plataforma Mais Retorno, o Vitreo Cannabis Ativo Fia teve um retorno bruto negativo de 72,10% em relação ao CDI em 2022. Em 2021 o retorno negativo ficou em 27,66%.
Já o Trend Cannabis, da XP, também ficou no negativo: em 58,61% em 2022 e 23,44% em 2021. Os dois fundos acumulam perdas neste ano.
Procurados pela Inteligência Financeira, a Empiricus afirmou ter uma posição bem pequena no fundo de cannabis. E a XP Investimentos preferiu não comentar o tema. “Como não há negócios, não há volume transacionado, o que dificulta a performance dos fundos. Apostas que não se materializam também afetam a performance desses fundos”, ressalta Rodrigo.
No Brasil, o setor ainda patina
Na visão de Rodrigo Negrini, o setor de cannabis por aqui ainda é incipiente. “Nós estudamos muito o tema nos últimos anos, influenciados inicialmente pela força que tomaram as empresas e fundos do segmento nos EUA. Mas nossa conclusão foi de ficar fora do setor por ora”, explica.
Rodrigo acredita que toda aposta pode gerar grandes frutos, mas tem uma visão mais cética neste momento. “É um setor pouco maduro, que enfrenta resistência das pessoas em geral e tem uma falta clareza do que pode ser feito e de como o legislativo atuará”, ressalta.
Ele dá um exemplo. “O pouco volume de negócios de derivados de canabis do Brasil é de intermediação de drogas com prescrição médica, que tem um volume desprezível, principalmente porque são medicamentos acessíveis a pouquíssimas pessoas”.
No futuro, a abertura de mercado, ao menos para derivados de cannabis, impulsionaria negócios e, consequentemente, os fundos do tipo. “Mas não vejo isso no curto e nem no médio prazo. Então, reitero minha visão ainda negativa do segmento”, ressalta Rodrigo.
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