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Alguém reclamou dos ganhos prometidos por Americanas?
As pessoas costumam ficar muito felizes quando suas aplicações rendem mais do que a média do mercado. Nesses anos de cobertura, nunca vi ninguém se preocupar ou reclamar com ganhos exorbitantes. Já quando os investimentos rendem abaixo da média, ainda que seja em um mês, há um descontentamento que se traduz em reclamações, dor de cabeça para o investidor e também para o gestor. Natural, afinal quem gosta de perder dinheiro?
Mas, o ponto é, ainda que você fique muito feliz com ganhos exorbitantes, vale a pena conferir de onde vieram. Afinal, os ganhos costumam ser proporcionais aos riscos a que você se expõe. E se sua carteira está rendendo, muito acima do mercado, é interessante saber de onde vem tanto ganho.
Não faltam exemplos, nas últimas décadas, de investidores que experimentaram um gosto amargo, depois de meses e até anos, comemorando sucessivos ganhos exorbitantes em suas carteiras. Descobriram da pior forma que estavam expostos a riscos excessivos.
Veja, por exemplo, o caso mais recente envolvendo títulos de renda fixa emitidos pela Americanas. Debêntures com a melhor nota dada pelas agências de classificação de risco podem estar na carteira de um fundo DI? Podem. Mas, tem um limite. Um fundo DI é o chamado porto seguro dos investimentos. Promete segurança acima de tudo. Não pode estar concentrado em títulos privados. Ao contrário, precisa ter a maior parte da carteira em títulos do Tesouro Nacional pós-fixados.
Então, como alguns fundos chegaram a perder 7% num único dia? Na ânsia de aparecer bem na fotografia dos rankings, alguns fundos usaram e abusaram de títulos privados que prometem retornos maiores do que títulos públicos. No caso, debêntures da Americanas.
Mas, quem em sã consciência vai reclamar porque um fundo conservador deu um rendimento maior do que seus pares? Deixa quieto.
Os cotistas dos fundos conservadores, carregados com papéis da Americanas, descobriram na prática que não é bem assim.
No mundo das finanças pessoais, há dois sentimentos que devem ser afastados para evitar perdas importantes: a ganância e o medo. A ganância nos leva a embarcar em euforias financeiras e, não raro, concentrar as economias em aplicações muito ousadas, sem observar os cuidados necessários para equilibrar a equação risco versus retorno.
Já o medo nos faz alocar os investimentos – mesmo os de médio e longo prazos – em aplicações tão conservadoras que o tempo acaba por corroer o capital investido, já que há possibilidade real de a rentabilidade ser inferior à inflação.
Ao pensar em investir, lembre-se de um princípio do filósofo americano do final do século XIX, William James: “como ganhar e manter a felicidade é para os homens, em qualquer época, a motivação secreta em tudo que eles fazem”.
Os investimentos que as pessoas fazem ao longo da vida também devem seguir esse princípio, ou seja, são aqueles que vão te deixar mais perto dos seus objetivos, mas que também o mantém confortável e em paz com sua família. Os que podem dar um retorno muito alto, mas deixam você nervoso e tiram seu sono, por princípio, são um péssimo investimento.
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