Criptomoedas: como evitar golpes como o que tirou R$ 11 milhões de jogadores do Palmeiras?
Jogadores do Palmeiras tiveram um prejuízo milionário depois de um golpe financeiro envolvendo criptomoedas. As informações apontam que os atletas foram estimulados a investir por um colega que também jogava no time.
Segundo apuração do Fantástico, da Rede Globo, confirmada pelo canal esportivo ESPN, o lateral-direito Mayke e o meia Gustavo Scarpa perderam mais de R$ 11 milhões. O primeiro ainda é jogador do time e o segundo defende o Nottingham Forest, da Inglaterra.
O prazo para que Scarpa recebesse o dinheiro corrigido era 19 de agosto. E, no caso de Myke, 12 de outubro. Porém, os pagamentos não foram feitos. Os jogadores tentaram resgatar o dinheiro, mas não conseguiram. Scarpa teria R$ 6,3 milhões para receber, e Myke, mais de R$ 4,5 milhões.
Uma das empresas envolvidas teria como sócio o ex-jogador do Palmeiras, hoje no Fluminense, Willian Bigode. O jogador teria apresentado o investimento aos colegas.
Os jogadores cobram o ressarcimento de três empresas. A Xland, que deveria ter efetuado o pagamento no prazo, A WLJC, que indicou os serviços e atuou como parceira comercial, e a Soluções Tecnologia, que foi responsável pelo recebimento do dinheiro e transformação da moeda corrente em criptomoeda.
Em nota divulgada pelo Fantástico, Willian negou as acusações, disse que também é vítima de um golpe e que perdeu R$ 17,5 milhões ao investir no negócio. O jogador do Fluminense disse que solicitou o resgate do dinheiro em novembro, mas também não foi atendido.
Como acontecem os golpes com criptomoedas?
O fato de ter sido uma pessoa conhecida, um ex-colega de clube, no caso dos jogadores, é algo comum, e que costuma abrir as portas dos golpistas para novos clientes, alerta Luciana Ikedo, educadora financeira e especialista em investimentos.
Geralmente, pessoas próximas ou famosas facilitam a percepção de que o investimento é seguro e voltado para um público específico.
Além da ideia de pertencimento, a de exclusividade também é usada constantemente em golpes do tipo.
“É muito importante tomar bastante cuidado quando se apresentam algumas condições de contorno, como, por exemplo, o investimento depender de um acesso vip, ou seja, é um atendimento para poucas pessoas. Isso pode sinalizar uma fragilidade na operação”, afirma Luciana.
Ademais, são inúmeros os casos de projetos não consistentes que usam rostos de pessoas famosas em propagandas. Assim, propagandas na TV e nas redes sociais usam famosos em esquemas mais tarde reconhecidos como fraudulentos.
A estrela das passarelas Gisele Bündchen e seu ex-marido e jogador da NFL, Tom Brady, foram processados por participação em comerciais para a FTX, empresa do segmento cripto que faliu o final de 2022 e causou prejuízo de mais de US$ 11 bilhões a seus clientes, segundo a acusação.
Como investir?
A planejadora financeira afirma que é preciso conhecer bem a criptomoeda na qual se está investindo e a empresa por trás da oferta dela antes de fazer qualquer aporte. Uma das empresas envolvidas no caso dos jogadores do Palmeiras, a XLand, possui site, mas não há informações institucionais nele.
Também não há, no site da XLand, qualquer referência aos projetos de criptoativos e às equipes envolvidas no projeto, o que dificulta o entendimento sobre a qualidade da criptomoeda. Isso deve acender um alerta no investidor.
“É fundamental que o investidor pesquise a moeda e esteja seguro que a plataforma utilizada é idônea. Por isso, precisa conhecer a empresa e entender minimamente do mercado antes de fazer o investimento focado no alto retorno no curto prazo”, alerta Luciana.
Equipe e white paper
Projetos idôneos apresentam as pessoas que desenvolveram a moeda. A formação da equipe é importante para conhecer a qualidade do ativo.
Além disso, o investidor também deve pedir acesso ao documento do projeto, chamado de white paper, que explica todos os detalhes, desde a motivação e detalhes técnicos até a distribuição das criptomoedas e equipe responsável.
Depois de realizada a pesquisa sobre a criptomoeda, se ficar constatado que a empresa e o projeto existem há pouco tempo ou a equipe técnica não é confiável, a chance de ser uma fraude ou um projeto inconsistente é grande.
Riscos mesmo em projetos consistentes
Investir em criptomoedas pode ser seguro, mas, por ser um investimento em renda variável, não há certeza de ganho. “Pode haver sim uma variação positiva interessante, mas também uma variação negativa que coloca em risco o capital investido”, explica Luciana.
Por isso, o recurso a ser utilizado deve ser uma parte muito pequena da carteira, e “a reserva de emergência nunca deve ser utilizada” nesse tipo de investimento, ressalta a especialista.
Outra maneira de garantir a segurança do investimento é ter a custódia das próprias moedas, o que protege o investidor em casos de insolvências das corretoras.
“Neste caso, o investidor cripto deve manter senhas e ou hardwares em locais seguros. Também deve garantir outras camadas de segurança, como gerenciadores de senhas. Isso tudo pode ajudar a garantir alguma inviolabilidade”, diz Isabela Rossa, country manager da Coin Cloud Brasil, empresa de caixas eletrônicos de criptomoeda.
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