Inteligência Artificial ajuda ou atrapalha o investidor? Veja as ponderações dos especialistas

O uso da Inteligência Artificial nas finanças está se tornado cada vez mais comum entre as pessoas. Tanto que uma pesquisa realizada pela Ipsos em parceria com o Google mostrou que, em 2024, cerca de 54% dos brasileiros entrevistados utilizaram a ferramenta. E isso é mais do que a média global (48%).
Já nos Estados Unidos, um estudo feito pela Experian apontou que os consumidores norte-americanos usam a IA generativa para o gerencimento de suas finanças pessoais. De acordo com a pesquisa, os entrevistados disseram que a Inteligência Artificial é mais útil para:
- melhoria da pontuação de crédito (48%);
- poupança e orçamento (60%);
- planejamento de investimentos (48%).
Diante desse aumento considerável de pessoas usando ferramentas como ChatGPT e DeepSeek, principalmente nas finanças, o questionamento é: será que a IA pode ajudar o investidor?
Inteligência Artificial e finanças: informações rápidas
Para Marlon Glaciano, planejador financeiro e sócio da Invest Prime Planejamento Patrimonial, as ferramentas de IA são úteis para fornecer informações rápidas sobre conceitos financeiros, produtos de investimento e tendências de mercado.
“Elas ajudam investidores a compreenderem termos técnicos e permitem a análise de múltiplos cenários de forma eficiente. Além disso, podem economizar tempo ao compilar dados, identificar padrões e gerar insights sobre o comportamento de ativos, facilitando a tomada de decisões”, afirma.
Para Gabriel Gomes de Oliveira, professor da Escola de Extensão da Unicamp (Extecamp) e membro do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE), quando a gente fala em Inteligência Artificial, trabalhamos com três paradigmas. “São os famosos ‘três V´s’, que é variedade, volume e velocidade. Ou seja, com a IA é possível trabalhar com bancos de dados muito variáveis, com uma velocidade muito maior e naturalmente um volume também muito maior”, diz.
Olhar atento às respostas da IA
Mas, não pense que o uso da Inteligência Artificial te libera de estudar mais sobre finanças.
Afinal de contas, o uso de ferramentas como ChatGPT e DeepSeek ainda tem os seus pontos de atenção. “O principal risco [de se informar exclusivamente sobre finanças com a Inteligência Artificial] é a possibilidade de fornecer respostas imprecisas, superficiais ou descontextualizadas. Que ignora fatores essenciais como custos, tributação e perfil do investidor”, alerta Glaciano.
Para Francisco Borges, consultor de políticas educacionais da Fundação de Apoio a Tecnologia (FAT), o investidor não deveria buscar informações em uma IA sem o apoio de um analista de investimento. “Afinal de contas, existem carreiras que exigem efetivamente um profissional, uma certificação, e o assessor de investimentos faz pate desse grupo. Afinal de contas, ele precisa de um certificado para atuar, ou seja, conhecimento”, argumenta.
E a atenção não se dá apenas nos dados sem precisão, mas também em informações falsas. De acordo com um recente estudo britânico publicado pela empresa de pesquisa Say No to Disinfo e pela empresa de comunicação Fenimore Harper, a IA generativa pode ser usada para criar notícias falsas sobre investimentos e outros setores da economia.
Ainda segundo o relatório, “como a Inteligência Artificial está tornando as campanhas de desinformação mais fáceis, baratas, rápidas e eficazes, o risco emergente para o setor financeiro está crescendo rapidamente, mas muitas vezes esquecido.”
Além disso, Marlon Glaciano pontua que a IA simplifica questões complexas e não personaliza recomendações. O que pode levar a decisões mal embasadas. “Se utilizada sem validação de fontes confiáveis ou sem um olhar crítico, pode induzir a escolhas equivocadas e prejuízos financeiros”, afirma.
Inteligência Financeira testa IA
Deu para perceber que o uso da Inteligência Artificial nas finanças requer ponderação.
E, para trazer alguns exemplos práticos de como a IA generativa responde questões sobre investimentos, nós fizemos duas perguntas para o ChatGPT e DeepkSeek.
Com a ajuda de Marlon Glaciano, mostramos se as IAs responderam corretamente, ou não. O resultado você confere nos textos logo abaixo:
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