A campanha eleitoral de 2022 começa oficialmente na terça-feira (16). Neste momento, sai na frente o investidor que acompanha o noticiário político, que deixa a paixão partidária de lado e que se esforça para prever o maior número de cenários pós-eleição.
O conselho é de José Roberto Meirelles, advogado especializado em Mercado de Capitais e Fundos de Investimento e sócio do escritório Silveiro Advogados. “Para o mercado de capitais, não importa se você é de esquerda, direita ou centro. Este é um momento claro em que é preciso, mais do que nunca, ter sangue frio e prever o máximo de cenários político-econômicos, seja com a vitória de Lula, de Bolsonaro ou de uma terceira ou quarta vias”, afirma o especialista.
Neste momento, você deve ser frio. “Por exemplo: quero comprar ações da Petrobras (PETR3; PETR4) porque vai me pagar dividendos? Além da análise gráfica, claro, preciso incluir na análise técnica perguntas como ‘o que vai acontecer com a estatal se Bolsonaro, se Lula ou se outro candidato for eleito?’. E só investir se todos esses cenários me trouxerem vantagem.”
Meirelles explica que, em ano de eleição, a volatilidade do mercado é maior. Isso significa que há muitos altos e baixos, tornando mais arriscadas as aplicações financeiras. Somam-se a isso questões mundiais, como a guerra Rússia-Ucrânia e a crise econômica gerada pela pandemia de Covid-19, que estão causando aumento da inflação no planeta.
“O que acontece lá fora geralmente acaba atingindo o Brasil com grande impacto, porque ainda somos uma economia muito dependente de fatores externos. Como resultado, a Selic atualmente está no patamar de 13,75% ao ano para tentar conter a inflação”, diz Meirelles.
Outro fator que pesa nesse cenário é que a CVM tem editado normas que afetam a dinâmica do mercado. Um exemplo é a Resolução CVM 160, que alterou regras sobre ofertas públicas e que entrará em vigor em 2 de janeiro de 2023. Outro é a previsão de mudanças no regime jurídico dos fundos de investimento (Instrução CVM 555). “Isso deixa o mercado esperançoso, mas também apreensivo.”
O advogado afirma que as pesquisas eleitorais, os discursos, as entrevistas e mesmo a divulgação dos planos de governo dos candidatos à Presidência têm forte influência sobre o ânimo do mercado. Por isso, o investidor deve acompanhar diariamente essas notícias, em especial se tiver investimentos em renda variável, como ações.
Ainda assim, Meirelles vê um impacto menor em relação às eleições de 2018. “Neste ano, o mercado está adotando uma posição ‘mais conformada’ com relação às pesquisas eleitorais. As divulgações ainda causam impacto, mas não tão grande porque os números parecem já ser esperados pelo público.”
Para o advogado, a grande dica para o investidor menos experiente é buscar algo mais conservador neste momento. “Na dúvida, não arrisque: escolha um investimento de renda fixa atrelado à Taxa Selic. Se tiver um pouco mais de confiança, faça uma análise bem conservadora da renda variável. E, claro, diversifique os investimentos.”