Investidores temem recessão nos EUA e cavalo de pau de Trump na economia

Se antes os investidores esperavam por um período de crescimento no PIB e consequente alta no S&P 500, agora o sinal inverteu

O mercado norte-americano começou a segunda-feira (10) tão ruim quanto terminou na semana passada. Na verdade, está até pior. O movimento faz parte de uma inversão de expectativas com Donald Trump. Se antes os investidores esperavam por um período de crescimento no PIB e consequente alta no S&P 500, agora o sinal inverteu. O temor de recessão se espalhou pelos Estados Unidos.

O fato novo, que colocou lenha nessa fogueira, foi uma entrevista de Trump à Fox News neste final de semana. O presidente americano se recusou a descartar a possibilidade de os Estados Unidos entrarem em recessão neste ano.

Disse que haverá um “período de transição” no país. E, então, confessou que muita coisa vai mudar. “O que estamos fazendo é muito grande”.

Mas a história ficou pior quando o secretário de comércio dos EUA, Howard Lutnick, contou à NBC News uma história diferente. “Não haverá recessão na América”. Isso bugou a cabeça dos investidores.

Trump quer recessão nos Estados Unidos?

“A administração de Trump está agindo contra os mercados, buscando uma recessão nos Estados Unidos?”, perguntou o gestor Anthony Pompliano, em sua newsletter matinal. Ele é fundador da asset Professional Capital Management. E um antigo apoiador de Trump.

“Não havia nenhuma razão óbvia para Donald Trump permitir assim a queda das ações dos Estados Unidos. Muito menos tomar medidas para quebrar o mercado”, escreveu Pompliano. “Mas é exatamente isso que está acontecendo agora”, disse.

Aumentou o risco de recessão nos Estados Unidos

Michael Feroli, economista chefe do JPMorgan Chase, vai então na mesma direção. Ele escreveu hoje cedo que aumentou o risco de recessão nos EUA para 40%. No começo do ano, a chance era de 30%.

“Vemos um risco material de que os EUA entrem em recessão este ano devido às políticas extremas dos EUA”, pontuou, em relatório ao mercado.

Para a equipe de economistas do Goldman Sachs, liderada por Jan Hatzius, aumentou a probabilidade de recessão: de 15% para 20%.

O banco, então, observou que sua previsão pode aumentar ainda mais. Isso, se o governo Trump permanecer “comprometido com suas políticas, mesmo diante de dados muito piores”.

O banco, dessa forma, deixou estável sua previsão de dois cortes de taxas este ano.

Crescimento menor

Michael Gapen, do Morgan Stanley, reduziu as previsões de crescimento econômico na semana passada. Ele, então, aumentou as expectativas de inflação.

O banco agora espera um crescimento real do PIB de 1,5% em 2025 e 1,2% em 2026, abaixo das estimativas anteriores.

Ele também espera que o indicador de inflação preferido do Federal Reserve, o PCE, suba 2,5% ano em 2025.

Mercado sofre

Nesta segunda-feira, a Nasdaq e as ações de grandes empresas de tecnologia caíam forte.

As ações da Tesla, de Elon Musk, o homem forte de Donald Trump, recuava mais de 10%.

As ações das outras empresas que compõe o bloco do Magnificent Seven (as Sete Magnificas), baixavam mais de 3%.

Fazem parte do grupo, além da Tesla, a Apple, Microsoft, Alphabet, Amazon.com, Nvidia e Meta.

O S&P 500 terminou a última sexta-feira com uma queda semanal de 3,1%, marcado assim o seu maior declínio em seis meses.

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