Conheça histórias e estratégias de investidores que conquistaram o primeiro R$ 1 milhão

Grande parte dos brasileiros tem um sonho: conquistar o primeiro R$ 1 milhão. Claro, essa tarefa não é fácil, mas há quem consiga chegar lá. É o caso do especialista em investimentos internacionais Otávio Barros, de 43 anos.
Barros, que trabalha no mercado de investimentos há 20 anos, sempre teve perfil mais agressivo. “Meu dinheiro ficava todo concentrado em renda variável, mais especificamente em ações na bolsa de valores”, conta.
Mas essa estratégia de investimento é bastante arriscada (mesmo que tenha dado certo). Afinal de contas, como muitos especialistas dizem, é preciso diversificar a carteira.
E foi exatamente o que fez E.R., que optou, em 2014, por uma carteira com ativos da renda fixa e variável. O jornalista, de 43 anos, que prefere não se identificar, conta que fez um MBA sobre o mercado de capitais, e a partir daí passou a investir com foco na aposentadoria.
“Eu quero viver de renda a partir dos 60 anos”, diz.
Estratégias para chegar ao primeiro R$ 1 milhão
Ele lembra que começou com um aporte de mais ou menos R$ 20 mil, e a cada mês, acrescentava mais R$ 2 mil. “Claro que tinham meses que eu não conseguia investir, e até mesmo momentos em que precisei retirar uma grana. Por isso mesmo eu mantenho sempre 10% do meu patrimônio em ativos de liquidez diária”, explica.
O primeiro investimento foi na poupança, e a partir daí, o jornalista começou a montar duas carteiras. Uma focada em ações de empresas brasileiras boas pagadoras de dividendos. “Na época, comprei Vale, Petrobras e Itaúsa. E aí, comecei a ver que era legal reinvestir os dividendos para aumentar mais rapidamente o meu patrimônio”, comenta.
A outra carteira tinha como foco a renda fixa.
“Na época, investi em CDB e em fundo de renda fixa. Essa foi a forma que eu encontrei para diversificar. Então, era 60% do patrimônio investido em ações e 40% em títulos da renda fixa”, lembra.
Um olhar arriscado
Já Otávio Barros conta que em 2018, com a ajuda de alguns amigos que operavam na bolsa de valores, começou a investir com mais afinco, mas exclusivamente na renda variável.
“Peguei R$ 350 mil e investi em ações e derivativos de empresas estatais. Eram papeis da Petrobras, Banco do Brasil e um pouco da Vale, pois eu acreditava que a entrada de um governo mais liberal, com a chegada do Paulo Guedes como ministro da economia, poderia contribuir para esse perfil de companhia ter mais valor”, lembra.

De fato o pensamento de Barros fez sentido. Isso porque, ele conta, a bolsa de valores começou a valorizar. E em apenas 45 dias naquela posição bem agressiva, o valor investido se multiplicou por quatro. “Então, eu investi R$ 350 mil e cheguei em R$ 1 milhão, com um pouco de folga, depois de 45 dias”, diz.
Mas ele afirma que seguiu uma metodologia dentro desse olhar mais arriscado. “Se eu perdesse 30% do que tinha em investimentos, pararia tudo e sairia desse plano de ação. O que não aconteceu”, diz.
O primeiro R$ 1 milhão em 10 anos
Claro que multiplicar o valor investido em tão pouco tempo é extremamente arriscado. Mas atingir o primeiro R$ 1 milhão é possível também em um período de tempo maior. No caso de E.R., por exemplo, foram 10 anos (com um pouco de sorte também).
“Ao longo desse tempo, eu acompanhei o cenário macroeconômico, como faço até hoje, e com isso fui mudando um pouco as minhas carteiras. Principalmente aquela voltada à renda fixa. Tanto que em 2017, eu e minha esposa vendemos nosso apartamento e fomos viver de aluguel. Na época, a taxa de juros para o financiamento estava muito alta e valia mais a pena investir em ativos financeiros. Mas como não queríamos arriscar o dinheiro do apartamento, ficamos na renda fixa mesmo”, conta.
O jornalista diz que aplicou o montante de R$ 260 mil em 10 ativos de crédito privado, como debêntures, LCI, LCA e outros. Mas não parou por aí.
“Na mesma época, eu tinha um amigo que investia em criptomoedas. E ele disse para eu colocar R$ 10 mil, porque seria um valor que se eu perdesse, não sofreria tanto. Agora, se eu ganhasse, não teria aquela sensação de ficar de fora da onda. E aí, investi esse valor em bitcoin. O resultado foi que o valor investido se multiplicou em mais de 10 vezes”, comemora.
E realmente 2017 foi bastante promissor para o bitcoin. Com algumas oscilações ao longo do período, a criptomoeda fechou o ano com valorização de 1.300%.
A partir daí, E.R. conta que foi uma sequência de valorização dos ativos, junto, claro, com a disciplina de aplicar parte do dinheiro periodicamente. A consequência? Os juros compostos passaram a trabalhar para o investidor. “Em 2024, então, eu cheguei no meu primeiro R$ 1 milhão”, lembra.
Mas urgências podem surgir
E como todo objetivo pode ter algum percalço no caminho, o jornalista fez bem em manter 10% do dinheiro investido em liquidez diária. Isso porque, no começo de 2024, o pai dele teve um sério problema de saúde e E.R. precisou usar esse montante na reserva de emergência para custear o tratamento de saúde. “Além disso, usei um pouco do dinheiro que estava investido em bitcoin, porque achei o momento oportuno. Afinal, a cripto estava em alta naquele momento”, conta.
O que mudou após o primeiro R$ 1 milhão
E os dois investidores, mesmo depois de terem atingido o tão sonhado primeiro R$ 1 milhão, continuaram aplicando parte do patrimônio. Mas agora, de uma maneira um pouco diferente.
Otávio Barros diz que continua com o perfil agressivo, mas sabe que diversificar é primordial. “Eu mantenho o meu pé na renda variável, mas passei a investir fora do País também. Aliás, hoje em dia, a maior parte do meu patrimônio, cerca de 70%, está em investimentos nos Estados Unidos”, comenta.
E.R. também entrou para o time dos investidores globais.
Atualmente, além de manter a boa e recomendada diversificação aqui no Brasil, ele investe em ETFs e em fundos de renda fixa de bancos norte-americanos. “O lance é sempre estar bem informado, de olho em tudo o que está acontecendo no cenário econômico local e mundial”, acredita.
Aprendizados ao longo da empreitada
E para quem está de olho no primeiro R$ 1 milhão, os dois investidores dividiram um pouco do que aprenderam nessa caminhada.
Barros, por exemplo, reconhece que o seu plano de ação é muito arriscado e não o recomenda. “As chances de perda são grandes. O quesito sorte, no meu caso, contou muito forte. Por isso, a melhor dica é o investidor começar o quanto antes e ter uma visão de longo prazo na carteira. E aí, pensar em uma boa diversificação. Pode demorar um pouco, mas é um caminho muito mais certo do que ter uma postura agressiva como eu tive”, recomenda.
O jornalista E.R. também é a favor da diversificação, mas vai além. Ele afirma que é necessário manter os aportes periódicos. “No início é mais sacrificante, porque você não vê muito o dinheiro aumentando. Mas com o tempo começa a perceber o trabalho dos juros compostos a ponto de conseguir diminuir esses aportes”, ensina.
Além disso, ele também indica que o investidor precisa ter sangue frio em momentos de crise. “Eu demoro para vender ativo em baixa, tenho dificuldade em efetuar prejuízo. Então, só vendo se vejo que não tem chance de melhorar. E acho que isso é importante para qualquer investidor. Independentemente de seu objetivo”, pontua.
O jornalista recomenda também não abrir mão da vida para poupar.
“Eu e minha esposa temos um acordo de fazer uma viagem todos os anos. Então, se eu precisar não investir para viajar, farei isso. Abrir mão de algo que te faz bem por um curto período, tudo bem, mas para sempre não faz sentido para mim. O negócio é ter equilíbrio”, afirma.
Para encerrar, ele faz um incentivo. “O mais difícil é começar. Então, às vezes é importante fazer esforço de economia no primeiro ano para esse início. Depois, fica mais fácil, porque como eu já disse, os juros compostos vão começar a dar bons retornos para os investimentos”, conclui.
Leia a seguir