Qual investimento rende 12% ao ano? É possível ter essa rentabilidade com a Selic em queda?
Com os juros em baixa, investidor pode ter que tomar mais riscos para conseguir manter essa taxa de rendimento anual
É comum que investidores coloquem alguns objetivos de quanto esperam que seja a rentabilidade da sua carteira em um determinado período de tempo, seja em um mês ou em um ano. Por exemplo, o rendimento de 12% ao ano é um objetivo de muitos investidores e equivale a um retorno perto de 1% (0,94%) ao mês.
Mas com as quedas da Selic, que foi de reduzida de 13,75% para 11,25% ao ano ao longo dos últimos meses, ainda é possível obter uma rentabilidade nesse patamar? Especialistas respondem que sim, mas que talvez seja necessário correr mais riscos que no passado.
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“Existem opções de investimentos que podem resultar numa rentabilidade de 12% ano, ou até superior, mas que vão incorrer num maior risco em comparação com a renda fixa”, explica Cauê Mançanares, CEO da gestora Investo.
Os títulos do Tesouro Direto, por exemplo, não possuem taxas que hoje entreguem essa rentabilidade. O Tesouro Selic é o que chega mais perto, acompanhando a taxa básica de juros em 11,25%, mas também com a perspectiva de queda.
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As alternativas ainda existentes na renda fixa estão em produtos de crédito privado, nas opções que estão um degrau acima em termos de risco.
Na renda variável, por outro lado, há produtos, moedas e fundos que tiveram desempenho superior a 12% nos últimos anos. No entanto, nesse caso, é impreterível relembrar que rentabilidade passada não é garantia de rendimento futuro.
Onde investir para ter rendimento de 12% ao ano?
CDBs
Estamos às voltas com mais uma possível redução da taxa Selic, que será analisada pelo Copom na próxima semana. No atual cenário de juros a 11,25%, um CDB que pague 108% ou mais do CDI ao ano supera uma rentabilidade bruta de 12%.
Também é possível encontrar títulos prefixados pagando um rendimento de 12% ao ano ou mais. Sempre vale ponderar que uma rentabilidade mais alta em CDB, em geral, representa uma emissão com maior risco ou um prazo mais longo.
De toda forma, o produto conta com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) para aplicações de até R$ 250 mil por CPF por instituição financeira, até o limite de R$ 1 milhão.
Por fim, vale lembrar que há ainda a incidência de Imposto de Renda, que segue a tabela tradicional da renda fixa, que começa em 22,5% para aplicações de até 180 dias e chega a 15% após 720 dias.
Títulos de dívida corporativa
Rodrigo Negrini, especialista em finanças e CEO da Soul Capital, cita produtos de crédito corporativo, como CRAs, CRIs e debêntures como alternativas ainda na renda fixa que podem pagar acima da taxa desejada. “Há varias aplicações com boa segurança pagando acima de 12%”, afirma o especialista.
Nesse caso, o risco do investimento está associado à capacidade de pagamento da empresa tomadora do crédito. Em geral, as empresas menores ou com menor rating de crédito oferecem taxas maiores. No entanto, de acordo com Negrini, é possível encontrar emissões de grandes empresas pagando o CDI mais até 2% ou 3% — ou seja, entre 13% e 14% ao ano.
CRAs, CRIs e debêntures incentivadas contam com isenção de Imposto de Renda. Por outro lado, diferentemente dos CDBs, não contam com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos.
Rendimento de 12% ao ano na renda variável
Quando falamos sobre buscar um rendimento de 12% ao ano investindo em ações ou negociando criptomoedas, por exemplo, estamos falando de uma lógica diferente da renda fixa, onde as regras de rentabilidade são definidas no momento da aplicação.
Na renda variável, por outro lado, não há essa regra de rendimento pré-contratada. Portanto, vai depender da performance do ativo, seja a ação de uma empresa ou índice, por exemplo. O mesmo para o câmbio, que varia de acordo com as oscilações do mercado e não é necessariamente replicável no próximo ano.
Há exemplos de investimentos que entregaram rentabilidade muito superior a um rendimento de 12% ao ano. O próprio Ibovespa teve uma valorização de 24% em um ano, o que seria o dobro do que essa meta que muitos investidores se colocam.
Por outro lado, como dissemos, não é possível garantir qual será a oscilação do principal índice da bolsa brasileira nos próximos 12 meses. Analistas de diversas casas fazem previsões, tanto para o índice quanto para as diversas empresas listadas, o que pode basear a sua decisão. No entanto, como é sempre bom reforçar, rentabilidade passada não é garantia de rendimento futuro.
Da mesma forma, vale citar o exemplo do bitcoin(BTC), que subiu 232% nos últimos 12 meses. Ou seja, quem comprou a criptomoeda há um ano atrás e hoje está vendendo recebeu uma remuneração muito expressiva.
Mas aqui também cabe a mesma ressalva: o bitcoin (BTC) é uma criptomoeda que experimentou grandes oscilações nos últimos anos. Assim, também não é possível garantir que isso se repetirá nos próximos 12 meses.
Considere sempre seu perfil de investidor
Para fechar, uma dica importante é sempre considerar, junto com a rentabilidade almejada, seu perfil de investidor, prazo e tolerância a risco.
“Em primeiro lugar, o investidor deve entender qual o seu nível de aversão ao risco e qual o horizonte de tempo que deve ser considerado e, posteriormente, adequar o seu portfólio a esses fatores”, afirma Cauê Mançanares.
“Com base nisso, a alocação deve priorizar a diversificação – com ativos de renda fixa, renda variável, locais e globais – e só então estimar uma rentabilidade anual esperada”, completa o especialista.