Ouro valoriza 20% em 12 meses: é hora de investir no metal?
Veja a recomendação de especialistas sobre o metal para períodos de inflação alta e conflitos internacionais
Nos últimos 12 meses, o mercado tem visto um metal nobre valorizar 20%. Estamos falando do ouro. E aí, com essa alta bastante considerável, muitas pessoas têm questionado se é hora de aplicar parte do dinheiro no metal. Afinal de contas, o investimento em ouro vale a pena?
Mas antes de respondermos essa questão, vale entender o motivo pelo qual o metal nobre vem crescendo tanto em valor.
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“A valorização do ouro é afetada por uma variedade de fatores globais que refletem tanto suas características quanto as circunstâncias econômicas e políticas que influenciam os mercados financeiros”, explica Mercia Dias, especialista em ouro e mercado de luxo.
De acordo com a profissional, como o metal é um ativo tangível com uma oferta limitada, o ouro muitas vezes se valoriza em resposta a mudanças no mercado financeiro, como a inflação, por exemplo.
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“Mas também é sensível às mudanças nas políticas monetárias dos bancos centrais, instabilidade política ou crises econômicas. Por isso, o seu valor tende a aumentar quando os investidores buscam segurança em resposta à perda de confiança em moedas tradicionais ou como proteção contra a desvalorização monetária”, pontua.
Taxas de juros e guerras
Ao trazer para o momento atual, a valorização do ouro tem relação com a expectativa de cortes nas taxas de juros nos EUA, somado a guerras regionais como a da Ucrania com a Russia e a de Israel com o Hamas, e também para aumentar reservas para futuras crises. “E isso tudo aumenta a atratividade do ouro em relação ao dólar e outros ativos. Afinal de contas, o metal é tido como mais seguro e estável. O que leva os investidores a buscar refúgio em tempos de incerteza”, esclarece Daniel Sabino – CRO do Grupo NanoCapital.
Investimento em ouro pode trazer segurança
Além disso, a aplicação de parte do seu patrimônio nesse metal é uma forma de você proteger e fazer poupança em um ativo de menor risco. E ainda diversificar seus investimentos. “Então, se o investidor tem ações em sua carteira, por exemplo, e coloca um pouco de investimento em ouro, acaba por diminuir o risco com essa estratégia, porque são ativos que andam descorelacionados”, argumenta William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue e colunista da Inteligência Financeira.
Aliás, recentemente o especialista escreveu um artigo que explica a valorização do ouro e a alta do dólar que você pode ler aqui.
Benefícios do investimento em ouro
Então, a segurança e a diversificação podem ser vistas, claro, como vantagens de aplicar no metal nobre. Mas existem outros benefícios do investimento em ouro. Veja só!
Proteção contra inflação
“Isso ocorre porque, à medida que a inflação aumenta os preços, o poder de compra do dinheiro diminui. No entanto, o ouro, que é um ativo físico – o que torna sua oferta limitada – pode aumentar de valor durante a inflação, protegendo assim o poder de compra do seu dinheiro”, explica Daniel Sabino.
Para se ter uma ideia, o ouro ganhou uma reputação impressionante como hedge contra a inflação na década de 1970. Época em que a inflação média anual nos EUA subiu para cerca de 8,8% de 1973 a 1979. “Durante esses seis anos, o ouro gerou um retorno anual impressionante de 35%”, comenta o especialista.
Bom investimento para momentos de incertezas
Além disso, o investimento em ouro tem um histórico comprovado de servir como uma proteção contra as consequências econômicas de conflitos internacionais, como guerras.
“Durante períodos de conflito, as incertezas econômicas e políticas tendem a aumentar significativamente. O que leva os investidores a buscar ativos considerados seguros. E é ai que o ouro entra. Além de todo esses beneficios, esse rico metal tem aceitação universal, que é uma otima resposta em tempos de incerteza econômica e conflitos”, afirma Mercia Dias.
Liquidez
Essa é outra característica relevante do ouro. Afinal de contas, em suas formas negociáveis, como barras, moedas ou ETFs, o metal nobre pode ser rapidamente convertido em dinheiro em qualquer parte do mundo. “Sua aceitação global e facilidade de liquidez fazem dele um recurso valioso durante períodos de crise financeira, por exemplo”, diz a especialista em ouro.
Riscos de investir em ouro
No entanto, investir em ouro também tem desvantagens. Por isso, apesar de ser considerado um ativo seguro, o preço do metal pode ser bastante volátil devido a mudanças no sentimento do mercado.
Outro risco é a falta de geração de renda passiva. “Isso porque o ouro não gera rendimentos com juros ou dividendos. Então, o que acontece com o metal é que você ganha com a valorização dele”, argumenta Carlos Castro, planejador financeiro CFP pela Planejar.
É hora de investir em ouro?
Agora que você já está por dentro dos pontos positivos e negativos de ter o metal nobre em sua carteira de investimentos, saiba que a decisão de aplicar parte do seu dinheiro em ouro depende de vários fatores. O que inclui seus objetivos de investimento e sua tolerância ao risco.
“O ouro é frequentemente visto como uma proteção contra a inflação e uma forma de diversificar o portfólio. No entanto, é importante lembrar que, como qualquer investimento, o ouro também tem riscos como os já mencionados”, analisa Sabino.
Além disso, a escolha ou não de colocar investimento em ouro na sua carteira deve ter como base um estudo que analise o ambiente econômico e as suas expectativas. “Afinal de contas, é preciso estar de olho no mercado, uma vez que esse metal já pode ter sofrido aumentos significativos de preço, principalmente em resposta a esses fatores”, pontua Mercia.
Então, investir em ouro vale a pena?
Investir em ouro pode valer a pena para aqueles que buscam diversificar seus investimentos e proteger seu patrimônio contra a inflação e a incerteza econômica. No entanto, é crucial fazer uma pesquisa adequada e considerar seus objetivos de investimento antes de tomar uma decisão.
Por outro lado, o investimento em ouro não é recomendado no curto prazo. “Isso porque existe grande volatilidade. Então, hoje o ouro pode estar valorizado, mas amanhã não. Por isso, é importante montar uma estratégia, que claro, seja a longo prazo”, ensina Carlos Castro.
Como investir em ouro
Portanto, foco em períodos maiores, certo? Com isso em mente, vale saber que existem diversas formas de ter o metal em sua carteira. Veja só!
Ouro físico
E a primeira opção é o investimento em ouro físico, que inclui a compra de barras, moedas e joias.
“As barras de ouro são talvez a forma mais comum de investimento direto e estão disponíveis em diversos tamanhos, desde uma grama até um quilo ou mais. Moedas de ouro, como os American Eagles, os Canadian Maple Leafs ou os Krugerrands sul-africanos, também são populares. São frequentemente adquiridas por colecionadores e investidores. Entretanto, fica o alerta: é crucial considerar a pureza do ouro, bem como os custos adicionais de segurança de armazenamento e seguro contra roubo”, diz Mercia Dias.
Exchange-Traded Fund (ETFs) de ouro
Outra forma mais prática é investir através de fundos negociados em bolsa (ETFs) de ouro ou fundos mútuos que se concentram em ouro.
“Estes fundos possuem ouro físico armazenado em cofres e permitem aos investidores comprar participações nesses fundos sem a necessidade de lidar com o ouro físico. Essa opção permite eliminar a necessidade de armazenamento e segurança pessoal e oferece alta liquidez. Afinal de contas, as ações dos ETFs são negociadas em bolsas de valores como ações de empresas”, explica a especialista em ouro.
Ações de empresas de mineração de ouro
Ao comprar esses papeis, o investidor se beneficia indiretamente das flutuações do preço do ouro. No entanto, este tipo de investimento também está exposto a riscos associados às operações específicas da empresa, como gestão, custos de produção e estabilidade política nos países onde as minas estão localizadas.
Certificados e contas de ouro
Nesse caso, os certificados permitem que os investidores possuam ouro sem recebê-lo fisicamente. “Por outro lado, as contas de ouro funcionam como uma conta bancária, em que o metal pode ser comprado ou vendido de forma até rápida, pelo preço de mercado”, afirma Mercia.
Como investir em ouro na bolsa e em outros bancos
Na B3, é possível sim realizar investimento em ouro. Como vimos, isto é feito por meio dos ETFs ou ações de empresas de mineração. Já o metal físico não é mais negociado na bolsa de valores brasileira.
De acordo com a B3, o fim das negociações se deu porque atualmente existem outros produtos financeiros atrelados ao ouro, como BDRs de ETFs e ETFs. “Esses ativos são mais atrativos para o investidor, pois apresentam maior liquidez e facilidade operacional”, informa a instituição.
Como investir em ouro no Nubank
A Inteligência Financeira entrou em contato com alguns bancos para entender como funciona o processo de investimento em ouro. Segundo o Nubank, atualmente, a instituição não realiza esse tipo de aplicação financeira.
Como investir em ouro no Itaú Unibanco
De acordo com informações da instituição, é possível investir em ações de empresas envolvidas na mineração e refinamento de ouro ou a aquisição de cotas de ETF, conhecidos como fundos de índice. Mas também por meio de BDRs ou BDRs de ETFs.
Veja aqui os produtos de investimento em ouro disponíveis pela Itaú Corretora e pelo app íon:
- Abrdn Physical Gold Shares ETF (ABGD39);
- Ishares Gold Trust Bdr (BIAU39);
- VANECK VECTORS GOLD MINERS ETF (GDXB39);
- Aura Minerals Inc (AURA33);
- Trend ETF LBMA Ouro FI de Indice Invest (GOLD11).
Para acessar os produtos, o cliente deve acessar a plataforma da Itaú Corretora ou do íon, clicar em “Investir” e, posteriormente, seguir o passo:
- Para os BDRs e BDRs de ETFs, acesse pelo íon clicando diretamente na seção BDRs;
- Já para os ETFs, acesse-os na seção “Fundos imobiliários, ETF’s, FIDCs e outros”.
Como investir em ouro no Banco do Brasil
A instituição afirma que a aplicação financeira com foco no metal nobre pode ser feita por meio do fundo BB Multimercado Ouro. “O produto busca acompanhar a valorização da commodity e ainda conta com proteção cambial. A aplicação inicial é a partir de R$ 0,01”, comenta.
Para investir, então, basta ser correntista do BB, responder à Análise do Perfil do Investidor (API) e, na aba “Fundos de Investimento”, escolher o BB Multimercado Ouro. E as aplicações e resgates podem ser feitas tanto pelo app BB quanto pelo app Investimentos BB.
Como investir em ouro no Bradesco
Segundo o banco, existem duas opções de investimento em ouro. Pelo próprio Bradesco, com fundos de investimento. Ou pela Ágora Investimentos, que também possui fundos, mas também ETF e COE.
Abaixo você confere um passo a passo para investir em ouro no Bradesco:
Fundos: pelo Internet Banking Bradesco, acesse investimentos > investir > Conheça nosso portfólio completo > Fundos de Investimento. Já pelo App Bradesco, acesse investimentos > investir > Fundos de Investimento.
“O cliente visualizará os fundos disponíveis na prateleira. Basta pesquisar a palavra “ouro” no campo de busca, para investir no produto que desejar. Em seguida, clicar em “Aplicar” para iniciar a jornada de investimento”, ensina o banco.
Já pela Ágora, o passo a passo é o seguinte:
Fundos: pelo site Ágora, clique em “Investir” no menu superior e depois em “Fundos de Investimento”. Já no app, clique em “Para você Investir” > “Fundos de Investimento”.
Segundo a instituição, o cliente visualizará os fundos disponíveis na prateleira. Basta pesquisar a palavra “ouro” no campo de busca, para investir no produto que desejar, clicar em “Aplicar” para iniciar a jornada de investimento.
Ativos negociados em Bolsa (ex.: ETF – GOLD11): pelo site Ágora, clique em “Home Broker”, no menu superior da página. No app, clique em “Home Broker”, no menu inferior da página.
“Para registrar a operação, clique no botão de compra ou venda localizados no canto superior do Home Broker, destacado pela cor Azul ou Amarela, respectivamente. É só inserir os dados da ordem, verificar se todas as informações estão corretas e finalizar com a assinatura eletrônica”, afirma o Bradesco.
COE Ouro: nesse caso, é preciso falar com um assessor de investimentos da instituição. “Caso não existam produtos disponíveis no momento, há também a possibilidade de criação de uma estrutura exclusiva atrelada à esta estratégia”, esclarece.