Maioria aplica R$ 40 na bolsa. Vale a pena investir tão pouco?
Saiba também quanto custam taxas e impostos cobrados nas negociações
Se você é daqueles que pensa que investir na bolsa de valores é para quem tem muito dinheiro, saiba que não é bem assim. Afinal de contas, hoje em dia, existem muitos ativos financeiros com preços acessíveis. O importante, claro, é saber como investir na bolsa de valores.
E parece que os brasileiros estão cada vez mais interessados pelo mundo da B3. Tanto que recentemente a instituição divulgou um relatório que apontou que entre dezembro de 2022 e o mesmo mês de 2023 houve um crescimento de 11% de pessoas investindo na bolsa.
Receba no seu e-mail a Calculadora de Aposentadoria 1-3-6-9® e descubra quanto você precisa juntar para se aposentar sem depender do INSS
E sabe o que é mais curioso? Cerca de 27% desses novos investidores fizeram seu primeiro aporte com, veja só, apenas R$ 40, de acordo com a própria bolsa brasileira. Mas será que vale a pena aplicar esse valor?
Investir na bolsa de valores: R$ 40 são suficientes?
De acordo com os especialistas entrevistados pela Inteligência Financeira, independentemente do valor aplicado, o importante é começar. Afinal de contas, aprender a como investir na bolsa de valores não requer apenas um único ato. Mas sim a formação de um hábito na rotina das pessoas.
Últimas em Investimentos
“Mais do que simplesmente o montante inicial alocado na bolsa de valores, o verdadeiro ponto de partida é a conscientização e a prática do primeiro investimento. Este primeiro passo no mundo das finanças é crucial, pois serve como uma espécie de portal para uma nova dimensão financeira”, acredita Raony Rossetti, CEO e fundador da Melver;
Ainda segundo o profissional, é nesse momento, o do primeiro investimento, que se abrem os horizontes para uma gama diversificada de instrumentos financeiros. “Os quais, se utilizados com habilidade, têm o potencial de impulsionar o crescimento financeiro de cada. Dessa forma, independentemente do valor inicial, o que mais importa é começar”, pontua.
Já para Cláudio Batista, advogado, especialista em tributos e sócio da Domingues Advogados, investir na bolsa, com o valor que for, vale a pena. “Pois é uma forma de você participar de grandes empresas, normalmente líderes de mercado. O valor de R$ 40 em si obviamente não é muita coisa. Mas a cultura de aportes recorrentes, ainda que em valores baixos, pode fazer muita diferença no futuro”, afirma.
Como investir na bolsa de valores com R$ 40
Então, por mais que o montante seja, de certa forma, considerado pouco, vale saber que existem possibilidades de investimento na bolsa que podem ser feitas com esses R$ 40 ou até menos.
“Como exemplo, temos os ETFs. Um ETF é um tipo de investimento que reúne uma cesta de ativos, como as ações. Podemos destacar no Brasil o ETF chamado BOVA11 [Ishares Ibovespa Fundo de Indice]”, comenta Rossetti.
O BOVA11 tem como objetivo replicar o desempenho do Índice Bovespa (Ibovespa), que é o principal indicador do mercado de ações brasileiro. “Ao comprar um ETF, portanto, o investidor terá exposição a uma cesta de ações. Que é constituída pelas empresas mais relevantes do mercado acionário brasileiro”, explica o especialista.
Outra possibilidade de como investir na bolsa de valores está nas já conhecidas ações. “Afinal, esse produto possui boas opções seja visando dividendos, seja visando o crescimento”, afirma Cláudio Batista.
Mas é preciso ficar atento e priorizar as empresas com um balanço patrimonial sólido, pouco endividada e com ótimas margens de lucro.
“Tem um indicador que olhamos muito que chama ROIC (Return on Invested Capital). Esse indicador é o Retorno sobre o Capital Investido. Ou seja, é o retorno anual que o modelo de negócios de uma empresa oferece ao investidor. Muitas plataformas de análise de ações sempre divulgam esse indicador de cada empresa listada na bolsa”, ensina Ângelo Belitardo Neto, gestor da Hike Capital.
Opções para investir na bolsa de valores com pouco dinheiro
E além dos ETFs e ações, mais um bom ativo financeiro para incluir na carteira são os Fundos de Investimento Imobiliários (FIIs).
“Em um fundo imobiliário, o investidor poderá ter exposição a uma cesta diversificada de imóveis (fundos de tijolos) ou de títulos de renda fixa (fundos de papel) ligados ao mercado imobiliário”, esclarece Rossetti.
O que é cobrado na hora investir em renda variável?
Por outro lado, vale saber que, ao negociar na B3, você precisará pagar uma taxa para a instituição. “Nas negociações de ações, ETFs e FIIs, por exemplo, a taxa é de 0,03% sobre o volume negociado para pessoas físicas. Neste caso, se o investidor negociar R$ 40, a taxa para a bolsa será de R$ 0,01”, calcula o CEO da Melver.
Já para volumes financeiros baixos, que é o nosso caso, o especialista afirma que é preciso atenção sobre a corretora que irá escolher. “Digo isso, pois algumas cobram um valor fixo chamado de corretagem por ordem enviada. Se o cliente escolher, por exemplo, uma corretora que cobra R$ 10, o valor pago será muito grande em relação ao volume investido”, diz.
A boa notícia é que existem corretoras que não cobram corretagem. Desse modo, você precisará pagar apenas a taxa da B3.
Em relação aos impostos, existe alíquota de Imposto de Renda (IR) de 15% para as operações de swing trade e 20% para as de day trade. Além disso, existe a isenção de Imposto de Renda sobre os rendimentos distribuídos pelos FIIs.
De olho na aposentadoria
Para finalizarmos, um ponto bastante importante quando se pensa em aplicar no mercado de capitais, é que seja separado um recurso especificamente para isso, com foco no longo prazo.
“Não é recomendável aportar valores que serão resgatados no curto prazo para outra necessidade qualquer. Para o pequeno investidor, ajuda muito a ver a bolsa como um instrumento para construir uma aposentadoria efetiva”, argumenta Cláudio Batista.
Outro ponto que merece atenção principalmente para quem está começando a montar a sua carteira como foco em investir na bolsa de valores com pouco dinheiro é zelar pela qualidade dos ativos. “Ou seja, escolher empresas que mesmo no cenário de crise atual, marcados por juros e inflação elevados, consigam ter um modelo de negócio sólido”, conclui Ângelo Belitardo Neto.