Justiça nega pedido de recuperação judicial ao ‘Sheik dos Bitcoins’
Pedido de segredo de Justiça também foi negado por juíza; 9 mil investidores tiveram prejuízo
Todos o conheciam como “Sheik dos Bitcoins”: a vida do empresário Francisley Valdevino da Silva era regada por luxo, excesso de dinheiro, coleção de carros caríssimos, mansões. Mas ele viu tudo isso mudar de repente.
O Sheik teve o pedido de recuperação judicial de sua empresa negado pela juíza Luciane Pereira Ramos, da 2ª Vara de Falências e Recuperação Judicial de Curitiba.
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A magistrada também rejeitou o pedido de segredo de Justiça e afirmou que só decidirá sobre a suspensão ou não dos bloqueios judiciais contra Franscisley se, em 30 dias, o Sheik apresentar a lista detalhada dos processos e os valores totais embargados.
Por que o Sheik dos Bitcoins está sendo investigado?
Dono da Rental Coins, empresa de aluguel de criptomoedas criada em 2019, Francisley é investigado por suspeitas de montar uma pirâmide financeira milionária.
Ele chegou a pagar juros mensais de 13,5% do valor do aluguel, mas desde dezembro do ano passado deixou de quitar os débitos, afetando pelo menos 9 mil clientes, entre os quais Sasha Meneghel, filha da apresentadora Xuxa, e seu marido, o cantor gospel João Figueiredo.
Advogada de Sheik reafirma que ele pagará o que deve
Luciane Pereira Ramos, ao rejeitar o pedido judicial, argumentou que “enfrentar crise econômica e ser parte ré em inúmeras ações e execuções não significa a incapacidade de pagar as custas e encargos devidos nesta demanda e na futura recuperação judicial”. Não há, segundo ela, “ presunção de miserabilidade”.
Casa de Sheik tem 17 suítes
Advogados dos clientes lesados pela Rental Coins, em levantamento do patrimônio milionário acumulado pelo dono da empresa de criptomoedas, já acharam duas mansões, uma em Angra dos Reis, na Costa Verde fluminense, outra em Governador Celso Ramos, no litoral catarinense, um jatinho e três embarcações, entre outros bens listados.
A casa de Santa Catarina tem 17 suítes com ar-condicionado, duas delas suítes presidenciais, sala de cinema para 15 pessoas, quatro salas de jantar (sendo uma delas para 48 pessoas), duas adegas, spa, elevador, entre outros requintes.
Entenda a decisão da Justiça em relação ao Sheik
Depois de prometer, em entrevista ao O GLOBO, que retomaria os pagamentos em outubro, Francisley ingressou com o pedido de tutela antecipada da recuperação judicial.
O Sheik pleiteou a suspensão por 180 dias de todas as ações de cobrança judicial, alegando não poder honrar os seus compromissos com tantos bloqueios judiciais.
Porém, a juíza entendeu que, para ser atendido, Francisley precisa apresentar a relação completa de todas as ações que pretende suspender, com a lista dos autores e valores envolvidos.
Na decisão interlocutória, a magistrada alega que o sheik precisa “demonstrar que as requerentes farão jus ao benefício a ser pleiteado futuramente, demonstrando não apenas os requisitos legais para tanto, mas ainda a capacidade de manutenção de suas atividade visando ao soerguimento das empresas e à satisfação dos credores”.
Sheik terá que provar a continuidade das atividades
Em 30 dias, além da lista completa, os advogados do Sheik terão de demonstrar “contabilmente a possibilidade de soerguimento e continuidade das atividades” e provar que está “em meio de negociação de dívidas e respectiva forma de pagamento em caráter antecedente ao pedido de recuperação judicial”.
O que dizem os advogados do Sheik
Em nota divulgada pelos advogados no momento em que ajuizaram o pedido, a Rental e a InterAg, outra empresa de Francis, alegaram que “ao contrário do que se possa aparentar, o pedido de recuperação judicial nada mais é que o fôlego processual que as empresas necessitam no momento para retomar suas atividades, uma vez que, tendo em vista as decisões judiciais diárias de constrição, não podem sequer retomar a geração de novas receitas sem que seus ativos sejam atacados em demandas pontuais”.