Pós-eleição: confira os melhores investimentos para os próximos meses, segundo analistas
Especialistas ouvidos pela Inteligência Financeira indicam os melhores investimentos para o período de transição entre governos
O pós-eleição tem agitado o mercado financeiro e deixado dúvidas sobre os melhores investimentos disponíveis. Na Bolsa, as ações têm oscilado conforme as especulações sobre os nomes que podem ocupar cargos estratégicos no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que começa em janeiro de 2023.
No paralelo, os juros seguem em níveis recordes, utilizado como instrumento para perseguir a inflação. Diante desse cenário, com juros e inflação alta atravessando o ano em direção ao novo mandato, os ativos de renda fixa se tornam atrativos.
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Mas os investimentos em renda variável não devem ser descartados. Tendo em vista que podem significar uma boa possibilidade para quem tem aptidão ao risco.
Melhores investimentos
Nesse cenário, especialistas ouvidos pela Inteligência Financeira avaliam quais as melhores opções para que os investidores atravessem esse momento de transição com alguma segurança.
Bolsa
O cenário de volatilidade para os próximos meses pode favorecer a Bolsa de Valores, aponta Marcelo Boragini, sócio e especialista em renda variável da Davos Investimentos.
Para o especialista, o rali da Bolsa deve ser a tônica nesse período de transição, “e uma oportunidade para entrar no mercado devido ao preço atrativo dos ativos”, conta.
Mesmo com a inflação alta, o índice mais importante da Bolsa de Valores, o Ibovespa, tem registrado altas substanciais nos últimos meses. Em setembro, a Bolsa avançou 0,47%. Já em outubro, 5,45%.
Embora as altas tenham sido atreladas ao bom desempenho eleitoral de Jair Bolsonaro, o que se viu no pós-eleição foram alguns sinais positivos para Lula.
No dia 31, a segunda-feira seguinte à eleição de Lula, a Bolsa bateu recorde de valorização pós-pleito. Já o dólar também registrou forte queda com analistas indicando a entrada de investidores estrangeiros como um dos pontos de atração de capital à Bolsa.
Pós-fixados
Além da Bolsa, Boragini destaca como boa oportunidade as opções pós-fixadas, onde o investidor deve deixar parte dos recursos nesse momento para ter segurança e rentabilidade.
“Após meses de deflação, acreditamos que os títulos atrelados ao IPCA podem voltar a ser atrativos”, diz o analista ao se referir ao movimento de retomada do aumento de preços visto no IPCA-15 de outubro, após três meses de queda nos preços, entre julho e setembro.
CDI
Os pós-fixados se tornam boas opções neste momento independentemente dos impactos das eleições. Isto porque há uma distância a ser percorrida pelos juros nominais, que é a Selic, até que ela alcance a inflação. Essa é a opinião de Eduardo Lobo, gestor de fundos de crédito da SOMMA Investimentos.
“Com a Selic em 13,75% ao ano, ativos de renda fixa indexados ao CDI largam com uma remuneração esperada em torno de 8% acima da inflação”, explica.
Crédito privado
Dentro da classe de ativos pós-fixados, o crédito privado pode oferecer expectativa de retorno ainda maior, avalia Lobo, porque “essa opção acrescenta o chamado spread de crédito, que é o prêmio adicional pelo risco de crédito que o investidor está correndo”, diz.
Ainda de acordo com Lobo, o acesso a investimentos em crédito privado pode ser feito via fundos. Afinal de contas, essas opções permitem mitigar os riscos de crédito, próprios desse tipo de investimento, ao diversificar a exposição.
Fundos multimercados e NTN-B
Para Rodrigo Cabraitz, especialista em alocação de ativos da Principal Claritas, “a inflação, principalmente de serviços, ainda deve se manter alta”.
Dessa forma, ele vê ainda a inflação global atrasando a redução dos preços no Brasil. “O controle inflacionário global está atrasado em relação ao brasileiro”, avalia.
Esse cenário indica que os juros devem se manter alto por um tempo indefinido. “Analisamos a curva de juros futuros e percebemos um certo exagero na projeção feita pelo mercado em relação aos cortes de juros que virão pela frente”, diz Cabraitz.
Isso significa que a aposta em prefixados tem um risco aumentado, segundo o especialista, “principalmente se a inflação brasileira voltar a subir ou se demorar mais a chegar na meta do BC, que já está sendo mirada para 2023 ou 2024”, ressalta.
“Nesse cenário, o que a gente vê com bons olhos são os fundos multimercados, que têm mais liberdade para atuar nas diversas classes de ativo, como moedas, juros e na parte de renda variável, e o que a gente vê com bons olhos são as NTN-B, que são os títulos indexados à inflação”, arremata.
Argumentos a favor do prefixado
Para Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, o momento ainda é bom para fazer investimentos em renda fixa prefixada. O especialista avalia que a tendência é de redução da taxa de juros, o que aumenta a rentabilidade desse tipo de ativo.
“A taxa de juros está bem alta e a tendência no médio e longo prazos é começar a ter uma redução. Neste caso, um investimento travado (com indicador de rentabilidade definido na contratação, como os prefixados) é favorecido por essa onda (de queda dos juros)”, avalia.
Neste caso, ele recomenda investimentos de 100% do CDI ou mais. “Isso significa mais de 1% ao mês de rentabilidade, bem atrativo para o investidor. Essa pode ser uma boa oportunidade para atravessar esses próximos meses”, diz Velloni.