O mercado reagiu mal?  Aproveite o momento para comprar bons ativos

Nervosismo do mercado pode ser uma boa oportunidade para os investidores

Ilustração: Luli Tolentino
Ilustração: Luli Tolentino

Tenho um amigo que é piloto, vive literalmente voando, mas tem dinheiro guardado e algumas ambições além das nuvens. Sempre que vai votar e investir me consulta. Temos votos opostos, ele costuma ser mais conservador, tanto na política, como nas finanças.

Na semana passada, mandou uma mensagem, de algum lugar do planeta, preocupado com os rumos do país depois das eleições. Estava bem pessimista: “Maraaa… esse dólar está disparando? E esse furo no teto dos gastos? O que você me diz disso? Estou ficando com medo. Pavor de outra crise, a aviação é sempre a primeira a sofrer e a última a parar. Enlighten me”

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Essa percepção certamente estava influenciada pelas manchetes econômicas. Com o início do governo de transição, reunindo nomes das mais diversas matizes ideológicas, e, depois, a confirmação de Fernando Haddad na economia, o mercado esperava um nome mais de direita, na linha de Henrique Meirelles. Os preços dos ativos de risco, como o dólar e a bolsa, reagiram imediatamente.

Minha resposta para meu amigo: eu estou otimista. Justamente por ter tanta gente pensando, com propostas diferentes, vão ter que buscar convergências.

Os 30 anos de cobertura de finanças me mostraram que não existe super-herói, bala de prata, “bato e arrebento”. Se você colocar foco nos diagnósticos que estão saindo dos grupos de trabalho, verá;

  • Tem muita gente boa, bem preparada e experiente, trabalhando duro;
  • Voltamos a falar de políticas públicas, o que é ótimo para a sociedade, para o desenvolvimento e, portanto, para a economia;
  • O orçamento público está zoado, como diria meu sobrinho para dar a exata medida do maior problema do próximo governo. A boa notícia é que todo o país sabe disso, até mesmo ele, o meu sobrinho. Em qualquer descuido, todos os alertas serão acionados, aliás, como têm sido.

As soluções que estão sendo costuradas, junto com a criação da frente ampla – essencial para a vitória de Lula –, mostram que o presidente eleito terá que contemplar um arcabouço de medidas para atender as demandas sociais com responsabilidade fiscal.

Caso contrário, o dólar, um dos principais preços da economia e que tem impacto na inflação, vai dar o alerta ao governo de que não estamos em condições de experimentos heterodoxos.
Quando os discursos do presidente focam no social, não significa que o fiscal será abandonado. Esta tem sido a principal preocupação dos gestores de carteiras: inflação e âncora fiscal.

Haddad não tem histórico de irresponsabilidade fiscal, quando prefeito de São Paulo. É homem de confiança de Lula e, também por motivo, foi o escolhido, sinalizando que o presidente Lula estará bem mais próximo da economia do que esteve no passado, no seu primeiro mandato. Este é um ótimo sinal porque Lula sabe ouvir.

Quanto aos temores de que teríamos um Dilma 2, quando se trata de economia com uma repetição do que foi a chamada nova matriz econômica, mesmo os mais pessimistas concordam que não existe este risco.

Até porque Lula foi um dos que tentaram remover esta ideia do governo Dilma, especialmente no segundo mandato. Ou seja, ele sabe exatamente dos riscos de ser leniente com inflação e contas públicas. Inclusive, risco político.

Então, depois de ouvir analistas políticos e economistas que acompanham de perto o governo de transição, a resposta para meu amigo, que vive voando, foi para ele aproveitar os momentos de nervosismo do mercado para comprar bons ativos a preços baixos. E lembre-se, procure sempre um especialista qualificado e certificado para orientar suas escolhas.

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