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O que nunca te contaram sobre diversificação
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Gestores de investimentos recomendam pelo menos 10 ativos em carteira
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Uma carteira bem diversificada inclui até investimentos alternativos, como criptomoedas e cannabis
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Escolha ativos com riscos diferentes, cenários independentes entre eles e de mercados que, se possível, não se conversem
Alguém no mundo dos investimentos já deve ter te dado este conselho: diversifique sua carteira. A tal história de não colocar todos os ovos na mesma cesta. E parece mesmo muito simples: basta separar cada porção do seu dinheiro para um ativo. Fim.
Mas olhe para o seu portfólio. Em quantos ativos diferentes entre si você investe? Cinco? Oito, se tanto? Pois os gestores de investimentos são categóricos: você deveria ter pelo menos 10 ativos em carteira. Isso sim é diversificação.
Por que, então, sua carteira está tão magrinha? Porque não é fácil diversificar.
De um lado existe uma quantidade enorme de ativos financeiros à sua disposição. O que é bom. Mas essa quantidade enorme de produtos nas prateleiras dos bancos, plataformas e corretoras também exige sua atenção e tomam sue tempo. Mas a IF está aqui para te ajudar. Então, vamos lá!
O que você tem a ver com isso?
Diversificar é chance de você não ficar dependente de um tipo de ativo apenas. Ou dois. Quando você diversifica sua carteira, você está minimizando o risco de perder dinheiro. Você até pode perder dinheiro tendo uma carteira variada, mas a queda vai ser menor do que se seu portifólio estivesse concentrado.
“Uma carteira bem diversificada tem que olhar para todas as classes de ativos. Tem que ter renda fixa, renda variável, fundos de investimento, fundos imobiliários e até investimentos alternativos, como criptomoedas e cannabis. Tudo vai depender do perfil de cada pessoa”, diz Luis Sales, estrategista-chefe da corretora Guide Investimentos.
A lição dos tubarões
Grandes investidores já entenderam que a diversificação é a solução. Vamos analisar Ray Dalio, fundador da gestora Bridgewater Associates, com US$ 140 bilhões sob gestão, um dos maiores fundos de hedge do mundo. A estratégia dele é ter uma carteira com algumas regras, mas, a mais importante delas é a diversificação. Para Dalio, é preciso ter um equilíbrio entre os riscos dos ativos, e ainda considerar nesta conta os riscos de cenários e dos mercados. A gestora investe em 70 países em commodities, ações, títulos públicos, título privados e créditos de países emergentes, só para ficar em alguns.
A lição que se tira de um tubarão como Ray Dalio, diz Sales, da Guide, é que até os profissionais do mercado financeiro têm dificuldade em ver alguma tendência no mercado. “Portanto, a diversificação é o melhor caminho”, afirma Sales.
Quanto a você, investidor e investidora, a diversificação não é igual para todos. “Não adianta olhar para o que seu primo está fazendo ou os lucros que sua chefe obteve com o mercado de opções. As metas, a vontade de arriscar e os prazos deles certamente são diferentes dos seus”, afirma.
Por onde começar?
Se tem uma coisa que o Brasil é rico é em ativos financeiros. Dentro de cada classe, você vai encontrar uma boa quantidade de itens para investir. Antes disso, porém, você deve responder a essas quatro perguntas:
- Quanto de risco você aguenta?
- Qual é o seu prazo?
- Para que você quer o dinheiro?
- O que você já tem em carteira?
Feita essa lição de casa, é hora de ir para o mercado. A diversificação da sua carteira vai depender muito das suas quatro respostas. Mas, em uma coisa os especialistas concordam: ativo bom é aquele que você entende como ele funciona e que não te tira o sono.
“Siga seu plano, seja ele de longo prazo ou de baixíssimo risco. Mas foque sempre em diversificar, que é bastante trabalhoso, mas é a melhor fórmula de reduzir o risco da sua carteira”, afirma Eduardo Castro, sócio da gestora de investimentos Portofino Multi Family Office.
Castro lembra ainda um ponto fundamental: ter senso crítico ao investir, principalmente para aqueles que preferem terceirizar a administração da carteira. “É preciso fazer perguntas, sem vergonha, nem medo. Questionar se a carteira é ideal para o que você quer e quanto custa investir, por exemplo”, diz Castro.
O que levar em conta nessa conta
Na hora de escolher os ativos, observe se eles têm algum vínculo, alguma ligação. O ideal é que eles não sejam o que o mercado chama de “correlacionados”. Lembre-se da regra básica de Ray Dalio: escolha ativos com riscos diferentes, cenários independentes entre eles e de mercados que, se possível, não se conversem.
“E sempre respeite seus limites”, diz George Wachsmann, conhecido como Jojo, sócio e chefe de gestão da Vitreo. “Mas se eu tivesse que tatuar uma palavra no meu corpo, ela seria “Diversificação”, afirma Jojo.
Cuidado com as pegadinhas
Na hora de diversificar, muitos investidores cometem erros que passam batido. Um deles é achar que investir em um fundo multimercado – e só – é ter uma carteira diversificada. Tsc tsc tsc. O problema aqui é que o fundo até pode ser variado, mas ele segue uma única lógica, a lógica do gestor, e no caso, do mesmo gestor. “Multimercado é um ativo. Você compra a estratégia de um gestor. Para ser considerada diversificada, a carteira tem que ter outras estratégias”, afirma Jojo, da Vitreo.
Erro número 2: compor uma carteira de ações apenas com empresas de um mesmo setor. Se tudo vai indo bem, ótimo. Mas quando despencar, péssimo. É como se você virasse refém de um mercado, de um ativo e de um cenário. Tudo o que Ray Dalio não faz.
É a história da correlação. Diversificar a carteira é investir em ativos que não estão correlacionados. Ou seja, que são independentes entre si. “Não pode ter concentração setorial em ações, por exemplo”, diz Renato Breia, sócio-fundador da casa de análise Nord Research.
Erro número 3: não querer ter conhecimento em finanças. Educação financeira não pode mais ser ignorada, caso você queira de fato aumentar seu patrimônio e parar de perder para a inflação.
Pense como os estrangeiros
Outra maneira de montar uma carteira bem variada é pela diversificação geográfica. O mundo do dinheiro não tem mais tantas barreiras. “É só ver como os investidores estrangeiros fazem. O americano, o asiático e o europeu dificilmente têm 100% do patrimônio alocado no próprio país”, afirma Breia, da Nord.
Aos poucos, vamos nos globalizando enquanto investidores. “Já temos BDRs e muita facilidade em abrir conta em corretoras que fazem a ponte para ativos fora do Brasil. Agora é hora de os investidores se lançarem neste novo mundo”, afirma Breia, da Nord.
Dependendo daquelas suas 4 respostas do início deste texto, a quantidade de ativos estrangeiros pode ser maior ou menor – ou até nula. “Mas seria interessante em pensar em algo entre 5% e 20% de investimento em outros países”, afirma Luis Politi, sócio da plataforma Consulenza.
Por que não?
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