Polícia apreende carros de luxo, joias e armas em operação contra pirâmide financeira

Mais de 400 pessoas foram lesadas; valores podem ultrapassar R$ 30 milhões

Camaro apreendido em operação da Polícia Federal no Litoral Norte contra esquema de pirâmide financeira — Foto: Polícia Federal/Divulgação
Camaro apreendido em operação da Polícia Federal no Litoral Norte contra esquema de pirâmide financeira — Foto: Polícia Federal/Divulgação

Operação Technikós, da Polícia Federal, desencadeada na terça-feira (27), desarticulou uma organização que praticava fraudes por pirâmide financeira envolvendo supostos investimentos em criptomoedas e outros crimes contra o Sistema Financeiro Nacional.

As investigações, segundo a Agência Brasil, apontam que mais de 400 pessoas teriam sido lesadas, em valores que podem ultrapassar R$ 30 milhões.

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“A organização é composta por um conglomerado de 15 empresas e atuou entre os anos de 2017 e 2020, baseada em Santa Catarina e São Paulo, tendo captado clientes para supostos investimentos em criptoativos e outros negócios, prometendo lucros além dos existentes no mercado”, afirma a PF.

Como o grupo aplicava os golpes

Na prática, segundo a reportagem da Agência Brasil, o grupo operava na forma de pirâmide financeira, mediante a negociação de valores mobiliários sem a devida autorização do Banco Central ou da CVM.

Além do bloqueio e sequestro de veículos e de bens, direitos e valores mantidos em instituições financeiras e em corretoras de criptomoedas, estão sendo cumpridos nove mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal nos municípios catarinenses de Rio do Sul, Itapema, Porto Belo e Videira e ainda nas cidades paulistas de Paulínia e Osasco.

11 pessoas foram indiciadas

Até o momento, 11 pessoas foram indiciadas pela prática dos crimes de integrar organização criminosa, falsificação de documento particular, falsidade ideológica, uso de documento falso, operar instituição financeira sem a devida autorização, emitir, oferecer e negociar valores mobiliários sem registro prévio de emissão junto à autoridade competente, além de estelionato e de lavagem de dinheiro.

Na ação, foram apreendidos veículos, documentos, joias, telefones celulares, relógios e recolhidos os passaportes dos dois principais investigados. Uma pessoa foi presa em flagrante por posse ilegal de arma de fogo.

O que é pirâmide financeira

Pirâmide financeira é um modelo de negócio fraudulento e não sustentável. Nele, participantes se tornam membros de um esquema com promessas de ganho financeiro rápido e alto, mas acabam perdendo dinheiro em algum momento.

Como funciona o esquema de pirâmide 

A pirâmide financeira começa com uma pessoa que convida um grupo para formar os “degraus” abaixo dela. Cada pessoa é responsável por recrutar seu próprio grupo. Os novos membros devem fazer um investimento inicial para entrar no esquema. Dessa forma, a base da pirâmide financeira, ou degraus inferiores, vão sustentando o topo.

Ou seja, o lucro dos membros de cima não vem do retorno do investimento, mas das taxas pagas por quem entra no sistema. Com o tempo o negócio se torna insustentável, já que é impossível atrair novos participantes o suficiente para bancar toda a pirâmide. Aqueles que entram por último acabam se prejudicando e perdendo o investimento. Para se sustentar, o modelo teria que ser alimentado para sempre.

O que prometem os criminosos que organizam uma pirâmide financeira

Os esquemas de pirâmide financeira costumam ter sempre o mesmo discurso. Na maioria dos casos, eles prometem ganhos rápidos e fáceis. Os participantes são seduzidos pela narrativa de mudança de vida e de lucro. Além disso, um dos sinais mais claros de pirâmide é o foco no recrutamento de novos membros, além da ausência de um produto ou estrutura dessas instituições. Os discursos costumam ser confusos. De acordo com a lei 1.521/51, as pirâmides financeiras são consideradas crime contra a economia popular. 

Fatos sobre pirâmide financeira 

  • Um levantamento feito pelo CNDL e pelo SPC Brasil apontou que 11% dos brasileiros já perderam dinheiro com algum esquema de investimentos fraudulentos, como a pirâmide financeira. Mais da metade, 62%, não conseguiram recuperar o valor perdido. A pirâmide financeira é o tipo mais comum de fraude, citada por 55% dos consumidores. 
  • Charles Ponzi foi um dos precursores da pirâmide financeira. Na década de 1910, ele convenceu milhares de norte-americanos a investir seu dinheiro na compra de cupons postais estrangeiros, que seriam trocados por selos dos EUA a um preço maior. Ele prometia um ganho expressivo sobre o investimento dos participantes, mas na verdade alimentava uma pirâmide que foi descoberta e ficou conhecida como “Esquema Ponzi”. 
  • Os golpes não atingem apenas pessoas “comuns”. Diversas celebridades já caíram em esquemas de pirâmide financeira. Os atores Juliana Paes e Murilo Rosa, o comediante Sérgio Mallandro e o ex-jogador de futebol Luiz Fabiano são alguns dos nomes que já perderam dinheiro com golpes. 
  • O esquema de pirâmide financeira é crime em vários países do mundo, além do Brasil. Locais como China, Estados Unidos, Japão e Europa têm punições que envolvem o pagamento de multas e condenações com detenção de anos.  
A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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