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Osklen: A história do médico que virou um empresário atento a moda e sustentabilidade
O multifacetado projeto “Amazon Guardians”, que Oskar Metsavaht apresenta desde esta quinta-feira (13) no hotel Rosewood, em São Paulo, é mais um exemplo de como a sustentabilidade é um vetor comum a todas as suas atividades.
A iniciativa abriga uma mostra que reúne sua produção artística recente — uma série de pinturas e fotografias da Amazônia — e também apresenta a nova coleção Osklen AG, feita com pele de pirarucu, juta e látex.
Juntas, essas ações buscam promover o projeto ambiental de Metsavaht que intitula a mostra e a coleção e que visa à proteção de um vasto território indígena da região, incentivando o manejo sustentável, a economia circular e a geração de renda para populações ribeirinhas.
Não se trata de um projeto, ressalte-se, de ocasião. Mais do que oportuno — especialmente após os últimos anos de descaso em relação à Amazônia e aos povos originários —, é também um novo desdobramento de mais de três décadas do envolvimento do empresário com questões ambientais.
Embaixador da Unesco para a Sustentabilidade há mais de dez anos, Metsavaht passou a se interessar com mais afinco (e ciência) pelo assunto à época da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a Rio-92.
“Ali foi colocado o novo pensamento do século XXI. Até então, falava-se em preservação ambiental num contraponto com o desenvolvimento econômico. Naquele momento se cunhou o conceito de desenvolvimento sustentável. Ou seja, a sociedade poderia usar os recursos naturais, se os deixássemos iguais ou melhores para as gerações seguintes”, lembra.
Sua ligação com a natureza, no entanto, remonta ainda à infância e adolescência em Caxias do Sul (RS), onde nasceu em 1961. Metsavaht reputa ao ambiente doméstico sua formação intelectual e o olhar para o belo.
O pai, o médico Renato, de origem estoniana, e a mãe, Maria Amélia, de família italiana, e ligada profissionalmente à filosofia e história da arte, “eram estetas, de bom gosto”. Com o pai, aprendeu a filmar com Super 8, editar em moviolas e também a surfar, algo intrínseco ao DNA da Osklen.
Formado em medicina na UFRJ, com especialização em ortopedia, Metsavaht teve daí sua primeira experiência com vestimentas. Desenhou roupas funcionais para expedições a montanhas, como uma feita com amigos ao Aconcágua.
Já em Chamonix e no Mont Blanc, ele lembra, montanhistas de países diversos perguntavam quem havia feito as suas roupas, sem marcas aparentes.
Logo nasceu a Osklen, “uma lojinha de 25 metros quadrados” em Búzios, no litoral fluminense, onde ele vendia não somente os tais casacos de expedição, mas também shorts e alguns calçados, numa ambientação marcada pelas fotos daquelas aventuras nas alturas.
Aos poucos, em suas criações, buscou acrescentar e sintetizar os tons escuros do asfalto e dos morros cariocas com os claros, dos calçadões e da areia da praia no Rio.
As primeiras camisetas que criou, lembra, traziam “uns animaizinhos com plaquinhas de ativismo”, já um aceno às questões ecológicas que posteriormente se desdobrariam, em sua carreira, numa visão abrangente de sustentabilidade. E então veio a Rio-92, uma virada de chave em sua trajetória.
Dois anos depois, Metsavaht fez sua primeira expedição à Amazônia, para a qual também desenhou roupas. Diante da exuberância e da riqueza da floresta, ele não tinha como voltar sem ser um ativista, afirma.
A essa experiência, juntou-se seu aprofundamento na Carta da Terra, na Agenda 21 e no Protocolo de Kyoto, documentos que lastreavam, ratificavam e expandiam os compromissos sociopolíticos e ambientais da Rio-92.
Daí vieram suas ações iniciais que interligavam moda e práticas sustentáveis, como a primeira plantação de algodão orgânico do Brasil, criada em parceria com a Embrapa.
Dela, nasceram criações para a Osklen. Anos mais tarde ele fundou o Instituto-E, uma organização da sociedade civil, dedicada justamente a incentivar a formação de cadeias ambientalmente responsáveis nas empresas.
Um dos projetos mais recentes do Instituto-E é o Recode Pro Aldeia, em parceria com o Instituto Alok, a Osklen e a Recode. Seu objetivo é dar a jovens indígenas uma formação em tecnologia que lhes permita, segundo comunicado, “desenvolver soluções para a preservação dos biomas brasileiros, assim como de suas culturas e ancestralidades”. As inscrições podem ser feitas pelo site recode.org.br/aldeia.
Entre todas essas vertentes dos trabalhos de Metsavaht — que incluem ainda o de hôtelier, à frente do Janeiro, no Rio — não há ruídos. Ao contrário. Um esteta holístico, Metsavaht mescla sua produção artística — no streaming do CineSesc é possível conferir seu curta na produção internacional “Interactions” — à sua paixão pelo soft power carioca, que traduz na moda e no design de seu hotel.
Tudo ligado à sua visão de mundo em que meio ambiente e desenvolvimento econômico podem caminhar juntos. “Como designer, a gente tem de transformar os recursos naturais em coisas úteis e belas para a sociedade”, conclui.
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