O que pode acontecer com as criptomoedas no Brasil, depois de tantas quedas?

Entre sustos e solavancos, o mercado vem crescendo, mas exige o dobro de cautela

O mercado cripto tem passado por um dos momentos mais difíceis de sua história. O colapso da FTX, que aconteceu há pouco mais de duas semanas, derrubou a cotação das principais moedas e levantou dúvidas sobre o futuro desse ecossistema.

Por outro lado, entre os altos e baixos, esse é um mercado que vem crescendo. É o que indica um estudo realizado pela LCA Consultores e a Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto), para traçar um panorama do setor de criptoativos no Brasil. 

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“Apresentamos um retrato do setor nestes últimos anos. Porém, quando falamos de criptoeconomia, temos muitas etapas da cadeia e agentes envolvidos. Isso gera uma complexidade que dificulta a rotulação dos participantes e dos ativos e, consequentemente, da regulação”, explicou Verônica Cardoso, gerente de projetos na LCA Consultores, durante a apresentação do estudo no evento Criptorama. 

Bitcoin ainda é a cripto número 1

De acordo com o estudo, o Brasil teve cerca de R$ 317 bilhões em criptoativos movimentados. A maior parcela dessa movimentação, cerca de 40%, aconteceu em exchanges nacionais, enquanto 32% foram em exchanges sem filial ou sede no Brasil. O restante foi movimentado em corretoras nacionalizadas ou sem intermediação.

Desses bilhões negociados, 33% foram em bitcoin, a principal criptomoeda do mercado. “Ele tem uma predominância, mas vemos um movimento de diversificação, com destaque para stablecoins e outros criptoativos”, destacou Verônica. 

Mais de um milhão de CPFs

O mercado cresceu expressivamente, saltando de 186.725 mil CPFs negociando criptoativos em agosto de 2019 para 1.336.809 em agosto de 2022. “O Brasil representa um reflexo desse crescimento e movimento internacional. Tivemos uma expansão significativa por aqui, englobando cada vez mais pessoas e empresas”, ressaltou Verônica. 

Além disso, o estudo identificou indícios de geração significativa de empregos em empresas de criptoeconomia. Nos últimos quatro anos, foram cerca de 10 mil empregos gerados neste mercado. Para chegar a esse número, a LCA usou dados públicos de atividades relacionadas à criptoativos — desde exchanges a empresas de meios de pagamento. 

Grandes números, mas também desafios

O crescimento acelerado também traz desafios para o setor. “O mercado de cripto bateu um milhão de CPFs em um curto espaço de tempo. Quanto mais pessoas investem, mais responsabilidade surgem para as empresas. Se o mercado financeiro tradicional já traz dificuldades, o de cripto, que ainda tem um componente de inovação, traz ainda mais”, ressaltou Valdir Pereira, sócio da consultoria JL Rodrigues.

A regulação é uma delas. “Esse processo está sendo desenhado no Brasil, que é um país que está à frente de muitos outros neste mercado. A regulação com foco nas exchanges é muito importante”, disse Valdir. A queda da FTX, por exemplo, reforça a urgência para regular o mercado. Atualmente, o Projeto de Lei 4401/2021 (PL 4401/21) aguarda votação na Câmara dos Deputados. 

Na visão de Valdir, a regulação deve potencializar ainda mais o mercado por aqui. Enquanto ela não chega, todo cuidado é pouco. “Temos um desafio educacional também. Enquanto a regulação não sai, o investidor precisa estudar, saber com quem fala, onde fala e o histórico das empresas. Mas, uma coisa é fato: o crescimento desse mercado é irreversível”, afirmou.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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