Mesmo com o desempenho negativo do Ibovespa em 2021, os ativos de renda variável fecharam o ano com R$ 608,8 bilhões em valores absolutos aplicados no segmento private e de R$ 171,9 bilhões no varejo de alta renda. Os dados da Anbima mostram que no varejo de alta renda, os ativos tiveram um crescimento de R$ 39,1 bilhões, puxados pelo interesse em produtos híbridos, como os certificados de operações estruturadas (COEs).
Mais juros, menos renda variável
Ao mesmo tempo, o balanço sobre a distribuição dos investimentos aponta para um crescimento importante da renda fixa no varejo tradicional motivada pela alta da Selic, a taxa básica de juros. Na avaliação de José Ramos Rocha Neto, presidente do Fórum de Distribuição da Anbima, a renda variável perdeu peso na carteira, mas não há sinais de saída de recursos.
“Há uma inversão no volume financeiro por ativo no private com a subida da taxa de juros em 2021, que gerou uma maior ida de dinheiro para a renda fixa, em valor percentual e em valor absoluto. Mas a renda variável subiu no varejo de alta renda e também no varejo tradicional. A renda variável não teve perda de peso em recursos. Não acredito que haja saída de recursos, por conta dos investidores que têm apetite por um risco maior”, disse o executivo.
Oportunidades com risco
O levantamento mostra que o volume transacionado em renda variável no private foi de R$ 1,722 trilhão, com aumento de 5,6% em ações e 11,9% em fundos de renda variável. Os produtos híbridos (COE) tiveram um crescimento de 12,4%.
Já o varejo de alta renda teve uma expansão de 11%, com aportes totalizando R$ 1,254 trilhão. Na avaliação do porta-voz da entidade, há ambiente para o volume crescer. “A renda variável deve ter um ano de inconstâncias pelo cenário doméstico. Mas para os perfis com apetite a risco, será um período de oportunidades que em 2023, talvez, não surjam dada a clareza do horizonte com a definição das eleições”, observou Rocha. No varejo tradicional, as negociações em renda variável somaram R$ 1,526 trilhão.
De maneira geral, os volumes investidos por pessoa física em todas as classes de ativos tiveram um crescimento de 7,2% em 2021. Foram aplicados R$ 4,501 trilhões, considerando os valores das 105 instituições que faziam parte da entidade em dezembro. Só os bancos digitais foram responsáveis por 10% de todas das novas distribuições, algo bastante representativo na avaliação de Rocha.
“Os canais digitais vêm democratizando o acesso aos investimentos e as plataforma digitais vem acelerando a distribuição de forma ampla em todas as regiões do Brasil. O crescimento apresenta uma uniformidade, mas São Paulo concentra 47,1% dos valores absolutos aplicados por conta do peso do PIB”, explica.