Poupança vai voltar a ter rendimento pela regra antiga após reunião do Copom; entenda como funciona e onde investir

Caderneta passará a ter retorno fixo de 0,5% ao mês + TR, ou 6,17% ao ano, mas segue perdendo para a inflação

- Ilustração: Marcelo Andreguetti/IF

As aplicações em caderneta de poupança passarão a ter o mesmo rendimento da chamada “poupança velha” com a nova decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) de subir a taxa básica de juros (Selic) em 1,5 ponto percentual, para 9,25% ao ano ano.

Desde 2012, a poupança passou a ter dois tipos de remuneração. Quando a Selic está em até 8,5% ao ano, o rendimento é limitado a um percentual de 70% dos juros básicos mais a Taxa Referencial (TR, calculada pelo Banco Central e que está em zero desde 2017). Acima desse patamar, o rendimento é de 0,50% ao mês, ou 6,17% ao ano.

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Para os depósitos feitos até abril de 2012, ou seja, na chamada “poupança velha”, os rendimentos são sempre calculados da segunda forma – independente da taxa de juros que estiver em vigor.

Como funciona a regra da poupança

Selic de até 8,5%: rendimento limitado a 70% da Selic + TR para novos depósitos e rendimento de 0,5% ao mês + TR (6,17% ao ano) para depósitos feitos até 2012

Selic maior que 8,5%: rendimento fixo de 0,5% ao mês + TR (6,17% ao ano) para depósitos novos e antigos

Confirmada amanhã a expectativa de elevação da Selic para uma taxa acima do 8,5% ao ano, todas as aplicações na caderneta passarão a rendimento fixo de 0,5% ao mês + TR, ou 6,17% ao ano, como ocorria antes da mudança feita em 2012 nas regras.

Atualmente, com a Selic a 7,75%, o retorno da aplicação financeira mais popular do país é de 0,44% ao mês e de 5,43% ao ano para novas aplicações.

Mesmo passando a render mais a partir dezembro, a modalidade continuará perdendo para a inflação e para outros investimento de renda fixa. Ao menos no curto prazo.

Poupança: pior rendimento em 30 anos, descontada a inflação

Em 2021, os saques nas cadernetas de poupança superam os depósitos em mais de R$ 30 bilhões. Trata-se da maior retirada de recursos para o período desde 2016, quando houve a saída de R$ 53,251 bilhões da modalidade. O estoque dos valores depositados pelos brasileiros nesta modalidade de investimento, porém, ainda somava R$ 1,027 trilhão em outubro.

A caderneta de poupança vem perdendo de longe para a inflação, que neste ano atingiu os dois dígitos no acumulado em 12 meses. Já são 14 meses seguidos que a modalidade amarga queda no poder de compra, segundo levantamento da provedora de informações financeiras Economatica.

Em outubro, a rentabilidade real (descontada a inflação) da caderneta ficou negativa em 7,59% no acumulado em 12 meses. Trata-se do pior rendimento real da modalidade desde outubro de 1991, quando o poupador que deixou o dinheiro nesta modalidade perdeu -9,72% em termos reais no período de 1 ano.

Os analistas das instituições financeiras projetam que a inflação medida pelo IPCA ficará em 0,72% em dezembro e em 0,55% em janeiro, de acordo com a última pesquisa Focus do BC. Ou seja, acima do retorno oferecido pelas regras da caderneta de poupança.

A projeção do mercado para a inflação de 2021 está atualmente em 10,18%. Para 2022, entretanto, a expectativa é que o IPCA desacelere para 5,02% e que a taxa Selic termine o ano em 11,25% ao ano.

Confirmada as expectativas, a tendência é que a poupança ao menos pare de perder para a inflação a partir de 2022.

Onde investir agora

Mesmo num cenário de Selic acima de 8,50% ao ano, a poupança continuará perdendo para outros investimentos de renda fixa como o Tesouro Selic, além de produtos como CDB, LCI e LCA, que acompanham o Certificado de Depósito Interbancário (CDI) e, consequentemente, a Selic, e que também são indicados para perfis conservadores uma vez que contam com a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) para aplicações de até R$ 250 mil e também também costumam oferecer liquidez diária.

A renda fixa oferece oportunidades de investimentos melhores, onde se pode ganhar mais que na poupança, mas que exigem pesquisa e atenção aos prazos e condições.

A taxa do CDB, por exemplo, tem que ficar acima de 90% do CDI para valer a pena sair da poupança, mas hoje a maior parte os grandes bancos por conta da chegada das corretoras estão pagando para os clientes bem próximo de 100% do CDI.

Outra desvantagem da poupança é que a rentabilidade ocorre apenas uma vez ao mês (aniversário da aplicação), ao passo em que o dinheiro aplicado em Tesouro Selic e CDB tem correção diária.

Reserva de emergência

Por ser isento de imposto de renda e pela facilidade na hora de aplicar e resgatar, o investimento em poupança segue recomendado, no entanto, para as pessoas com pouco dinheiro e que conseguem economizar apenas pequenas quantias a cada mês e para quem ainda não possui nenhuma reserva de emergência.

Levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac) mostra que a poupança também tem representado uma opção melhor frente a fundos de renda fixa, principalmente sobre aqueles cujas taxas de administração sejam superiores a 1% ao ano.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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