Madero, ISH Tech e Corsan desistem de IPO
Além delas, Coty, Claranet, Cencosud e Cantu Store já haviam feito o mesmo anúncio
A rede de lanchonetes Madero, a capixaba de cibersegurança ISH Tech e a estatal de saneamento do Rio Grande do Sul Corsan anunciaram que não vão mais abrir capital em Bolsa de Valores. Pelo menos não por enquanto.
O Madero desistiu do IPO, apesar dos planos de controlador Junior Durski de captar dinheiro no mercado acionário para pagar uma dívida de R$ 1 bilhão, agravada pela pandemia. Em novembro, o fundo americano Carlyle fez um aporte de R$ 300 milhões na empresa e elevou sua fatia no capital para cerca de 35%. Durski segue como controlador, com 57%.a capixaba ISH Tech, de cibersegurança, e da Corsan, estatal de saneamento do Rio Grande do Sul.
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Já a Corsan pretendia fazer IPO como parte do projeto de privatização da empresa pelo governo estadual. A ideia é criar uma corporation, ou seja, pulverizar o controle da companhia em Bolsa, mas existem questionamentos por parte do Tribunal de Contas do Estado (TCE) sobre esse formato.
A expectativa no mercado era de que o IPO da Corsan, previsto para fevereiro e estimado em R$ 1 bilhão, fosse um dos poucos com chance de sair neste começo de 2022.
A ISH Tech iria usar os recursos captados em IPO como investimento em marketing, vendas, infraestrutura e recursos humanos e reforço no capital de giro.
Desistência em cascata
Outras quatro empresas desistiram do IPO e saíram da lista da CVM: Coty, Claranet, Cencosud e Cantu Store.
A francesa Coty é uma empresa de cosméticos, dona de marcas como Gucci e Burberry, além de Monange, Cenoura & Bronze e Bozzano no Brasil. A companhia já havia suspendido em novembro sua abertura de capital no mercado brasileiro.
A Claranet, por sua vez, é uma provedora de serviços de computação em nuvem britânica que tem brasileiros como seus principais executivos.
Do grupo chileno Cencosud, a varejista Cencosud Brasil Comercial é outra que desistiu de abrir seu capital.
Por fim, a Cantu Store, loja online de pneus fundada no Paraná em 2007, cancelou seu processo de se tornar uma companhia aberta após protocolar pedido de IPO em outubro do ano passado.
Essas quatro companhias se juntam a Monte Rodovias, Ammo Varejo, Dori Alimentos, Environmental ESG, Vero Internet e Fulwood no grupo dos cancelamentos de IPO anunciados neste início de 2022.
Por que as empresas estão desistindo do IPO?
Em um ano volátil como 2022, os investidores estão ainda mais cautelosos com a renda variável. E, além disso, com juros subindo, a renda fixa se torna mais atrativa. Todo este contexto, mais um cenário incerto para a economia nacional, está fazendo com que as empresas revejam a ida ao mercado acionário.
Empresa de olho na Bolsa norte-americana
Por outro lado, há empresas que não abriram mão dos planos de entrar no mercado acionário neste ano, como é o caso da fintech de crédito Creditas, que já deu entrada no processo para listagem na Bolsa norte-americana. A companhia estima chegar a uma avaliação de estreia entre US$ 7 bilhões a US$ 10 bilhões. Há uma possibilidade de a oferta ocorrer no fim do segundo trimestre – mas o cenário mais provável é a listagem no segundo semestre, segundo fontes.
E o que você tem a ver com isso?
A decisão entre entrar ou não em um IPO deve ser tomada com cautela, principalmente para os minoritários. Depois da euforia que levou a um número recorde de IPOs em 2021, o comportamento das ações das empresas novatas no mercado mostra um quadro bastante negativo. Das 45 estreantes na B3 no ano passado, 33 tiveram desempenho inferior ao do Ibovespa, segundo levantamento da Trafalgar Investimentos. Até o Nubank, que recebeu holofotes de muitos analistas, preocupa os investidores.
Com reportagem do Valor PRO