Mito ou realidade: existe mesmo um rali de fim de ano da bolsa e o que esperar das ações em dezembro?
O último trimestre costuma ser marcado por uma arrancada da renda variável, enchendo o bolso dos traders para as férias de janeiro. Mas será que essa história é verdade?
Novembro ainda não acabou, mas a bolsa caminha para fechar o mês no campo positivo, até agora com alta acumulada de pouco mais de 10%. O desempenho de alta das ações nessa época do ano serve de combustível para uma história antiga no mercado, a do bom e velho rali de fim ano da bolsa.
Dizem por aí que o último trimestre é marcado por uma arrancada da renda variável, enchendo o bolso dos traders para as férias de janeiro. Mas será que essa história é verdade?
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Aline Cardoso, chefe da área de pesquisa e análise de ações do banco Santander, investigou a história. Ela avaliou o desempenho da bolsa brasileira nos últimos dez anos, de 2013 para cá. E não conseguiu encontrar indícios que apontassem para a incidência de um rali nos últimos três meses do ano.
“Encontramos uma dispersão enorme de valores de performance (da bolsa)”, conta. “Teve um ano em que a bolsa caiu bastante. Teve ano em que ela subiu forte. Na média, a bolsa subiu 1% em novembro e 1% em dezembro nesses dez anos. Mas, no geral, eu diria que é mais um mito do que um fato essa questão”, afirma.
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“A nossa análise histórica não comprovou a existência dessa sazonalidade de fim de ano do rali”, sacramenta a especialista do Santander.
Altas e baixas em dezembro: um histórico
De acordo com os apontamentos da chefe de análises do Santander, em dezembro de 2014, após um período eleitoral tumultuado que culminou com a vitória de Dilma Rousseff para um segundo mandato, o Ibovespa caiu 7,5%.
Seis anos depois, em 2020, quando o mercado então acreditava em uma melhora na pandemia de Covid-19, o principal indicador da B3 saltou 9,7%. Isso foi antes da segunda onda da doença, que explodiu a partir de janeiro em Manaus.
E o que esperar para dezembro sem rali de fim de ano
Sem o suporte de uma tendência história, resta avaliar a qualidade do mercado de ações e o que se espera para a bolsa nos próximos dias, até o fim de dezembro.
Aline Cardoso não acredita em um dezembro tão forte quanto até agora tem sido o mês de novembro. “Acho que o rali já foi, com esses 10% de agora.”
Para ela, falta dinheiro novo no mercado e a bolsa já surfou o que podia da entrada de investimentos estrangeiros, o grande responsável pelas últimas altas.
“O estrangeiro já está muito posicionado no Brasil, mais do que sugere o tamanho da posição do país no índice de emerging markets”, diz ela, referindo-se ao MSCI Emerging Markets.
O índice, criado pela gestora BlackRock, é usado como referência principalmente pelos institucionais para equilibrar os riscos das alocações. Segundo dados do Itaú BBA, os investidores estrangeiros alocaram R$ 11,3 bilhões na bolsa brasileira em novembro.
“O que está faltando? Dinheiro de pessoa física. Aquela onda que a gente viu em 17, 18, 19, 20, de investidor pessoa física investindo em bolsa, isso a gente não está vendo ainda. E eu acho que não vai acontecer (essa alta de pessoas físicas) até a (taxa) Selic não se aproximar de 10%”, afirma a Aline Cardoso.