Quando é a hora de tomar riscos e buscar investimentos com foco em ganhos rápidos?

Benjamin Graham, Warren Buffett, Charlie Munger e Peter Lynch podem te ajudar

Quanto maior o risco, maior o retorno. Certo? Não. Essa frase exprime uma certeza que não é verdade.

Embora muita gente repita essa frase como algo correto, isso não é verdadeiro. Tecnicamente, maior o risco quer dizer que temos mais incertezas acerca do ativo investido.

O certo seria dizer: quanto maior o risco, maior o retorno esperado.

Essa última palavra muda tudo no contexto e traz a ideia correta do investimento. Dito de outra forma, quanto mais risco for corrido, mais expectativas de ganhos haverá naquele investimento.

Caso essa frase fosse verdadeira não haveria mistério algum nos investimentos. Porque bastaria investir no ativo de maior risco que o maior retorno possível estaria garantido.

Todos sabemos que as coisas não funcionam assim.

A relação entre risco e retorno

Quando falamos de investimentos, estamos falando de aplicação de recursos com a expectativa de retornos futuros. O campo futuro é o campo das incertezas, das possibilidades.

E aferimos o risco quando medimos estaticamente as possibilidades.

Portanto, medir o risco é medir a probabilidade de ocorrência de um evento futuro.

Isto nos leva à Teoria da Dominância em finanças, que diz:

  • Dado que dois ativos têm o mesmo grau de risco, eu devo escolher aquele de maior retorno.
  • Dado que dois ativos têm o mesmo nível de retorno, eu devo escolher aquele com menor grau de risco.

Assim, temos que investir corretamente significa equilibrar risco e retorno. As duas palavrinhas mágicas no mundo de finanças.

Antes de colocar risco na carteira

Mas, esse trabalho não é tão fácil na prática dos investimentos. Medir risco e retorno de ativos envolve muita teoria financeira, conceitos de estatística, matemática financeira e finanças pessoais, o que nem todo mundo conhece.

Mesmo com conhecimento de todo esse conjunto de saberes, o exercício de avaliar ativos tem diversas dificuldades práticas relativas à obtenção de dados e adoção de premissas.

Isto que torna a prática de investimentos algo excitante e atrai tanta gente para esse mercado.

Uma atividade excitante não quer dizer que devemos transformá-la em algo emocionante (somente). Como nos lembra Warren Buffett:

“Investir não deve ser como a emoção de apostar em um cassino; se for emocionante, você provavelmente está fazendo algo errado.”

Por outro lado, devemos considerar que há fases na vida que nos perguntamos:

  • Será que não é o momento de pisar na jaca?
  • Quando é a hora de investir buscando ganhos rápidos?

Se estivermos focados nos ativos somente a resposta a essas questões deveria ser que não devemos investir pensando somente no retorno. Porque estaríamos admitindo que somos risco neutro.

Nesse caso estaríamos jogando e não investindo.

Tipos de investimentos e seus riscos

Nem sempre é fácil avaliar corretamente o grau de risco dos investimentos, mas uma classificação mais geral e relativa entre os diversos ativos financeiros pode ser vista como no quadro a seguir:

Você pode estar se perguntando:

É somente o risco que devo considerar na hora do investimento?

A resposta objetiva é: não

A classificação de risco, embora seja útil numa abordagem inicial, não é suficiente para a decisão do investimento.

Deve ser considerado também o perfil do investidor. Cada pessoa tem um perfil em relação ao risco.

Qual é o seu perfil de investidor?

A personalidade de cada um, a idade, suas experiências de vida, entre outros fatores, fazem com que cada um tenha o seu próprio grau de aversão ao risco, que representa o quanto a pessoa se ressente com perdas no seu investimento.

Outro aspecto importante é a relação entre os investimentos e o nosso planejamento financeiro, com observação dos nossos objetivos, aí sim, podemos buscar uma situação em que investir na busca de ganhos superiores, mesmo com muito mais risco envolvido.

Nesse caso há a necessidade de levar em conta dois aspectos muito importantes:

  • O tempo disponível para a realização do objetivo alvo de determinado investimento;
  • A utilidade marginal de seu dinheiro, ou seja, a importância deste dinheiro em relação ao seu objetivo.

Naturalmente, uma pessoa com mais idade e com patrimônio pessoal mais elevado não está, em geral, disposta a correr riscos altos.

De maneira diferente, um jovem solteiro que possua uma quantia substancial de dinheiro no banco e que não tenha utilidade para esses recursos no curto prazo pode atrever-se a correr riscos bem mais altos.

Tendo em mente esses aspectos todos, você pode fazer do risco seu aliado para atingir o seu objetivo financeiro.

Por exemplo, vamos considerar que você tem que acumular certa quantia e o prazo para isso seja curto.

Neste caso você deve estar mais preparado para assumir riscos relativos maiores.

Por outro lado, no caso de seu objetivo ser de longo prazo ou de menor valor, você poderá agir de maneira a correr um grau de risco menor em seus investimentos.

A esta altura você já entendeu que não há como escapar do risco quando do investimento de seu dinheiro, mas você deve equilibrá-lo em relação aos seus objetivos

Para ajudá-lo nesse processo de decisão veja o outro quadro seguir sobre a importância contra prazo dos investimentos.

A tabela mostra a graduação de riscos de 0 a 5 considerando as duas variáveis (prazo e importância do investimento).

O nível zero significa que você não pode correr riscos e o nível 5 indica que você pode correr um risco muito alto, investindo em ativos muito arriscados.

Vamos exemplificar a questão.

Baixo risco

Uma pessoa em torno dos 27 anos e que tem todos os recursos que conseguiu acumular até hoje na caderneta de poupança e prometeu para a noiva casar-se em no máximo um ano.

Essa pessoa poderia resolver tirar o seu dinheiro da Poupança e investir em ações para fazer mais dinheiro rapidamente?

Analisando-se a tabela entendemos que o prazo que essa pessoa tem a disposição é curto e os recursos são fundamentais para os seus objetivos.

Assim, o grau de risco que pode ser aceito é zero.

Essa pessoa deve deixar os recursos na caderneta de poupança.

Alto risco

Outra pessoa na mesma faixa de idade, mas com emprego firme, casa própria, sem nenhum compromisso, com uma carteira bem diversificada acaba de receber e que de receber uma herança inesperada e que sequer tem um objetivo firme para sua aplicação.

Novamente, observando-se a tabela, verificamos que a importância do dinheiro dentro do seu planejamento financeiro é baixa e o prazo de aplicação pode ser longo, então o risco que pode ser corrido atinge grau 5.

Assim, esses recursos podem ser aplicados em ativos de alto grau de risco.

Podendo aplicar em derivativos, em operações de day trade, em startups e venture capital, criptoativos, aproveitar de crises e oportunidades únicas.

Grandes investidores e o apetite por risco

Caso você seja do grupo dos destemidos do mercado e goste de repetir frases do tipo:

“Quem não arrisca, não petisca.”

“Ou eu fico rico, ou ganho uma história incrível para contar.”

“Prefiro me arrepender do que fiz do que do que deixei de fazer.”

“Se for para quebrar, que seja tentando ser bilionário!”

Mesmo tendo apetite a risco você deve considerar

  • seu grau de aversão ao risco;
  • o horizonte de tempo para obtenção de seu objetivo;
  • a utilidade marginal de seu dinheiro.

Mas, para contrapor os mais voltados ao risco e que gostam de arriscar o seu rico dinheirinho, alguns dos maiores investidores do mundo diriam:

Benjamin Graham

“O investidor inteligente é um realista que vende para os otimistas e compra dos pessimistas.”

Warren Buffett (o Oráculo de Omaha)

“A primeira regra do investimento é não perder dinheiro. A segunda regra é nunca esquecer a primeira.”

“O mercado é um mecanismo de transferência de dinheiro dos impacientes para os pacientes.”

Charlie Munger (parceiro de Buffett e mestre da paciência)

“A grande lição da história é que as pessoas não aprendem com a história.”

“O mundo não é para os inteligentes, mas para os disciplinados.”

Peter Lynch

“O tempo no mercado é mais importante do que tentar acertar o momento do mercado.”

Em resumo, se você gosta de pôr pé na jaca, eles diriam para você:

“Boa sorte… e prepare-se para perder.”

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