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Quando é hora de trocar os investimentos?
Se você investe com moderação, sabe se existe um momento para ser mais agressivo? E o contrário: tem ideia de quando é preciso pisar no freio? Difícil saber ao certo, não é? Mas, a Inteligência Financeira perguntou a cinco especialistas quando é hora de trocar os investimentos. Você vai se surpreender com as respostas…
Quando é hora de mudar a composição da carteira e ser mais agressivo?
Vamos supor que você seja um investidor conservador e queira saber quando (e se) deve arriscar um pouco mais, migrando parte da carteira para aplicações mais moderadas. Como identificar se é hora de trocar os investimentos? Confira alguns indícios destacados pelos especialistas.
Juros muito baixos
Quando as taxas de juros permanecem baixas por um longo período (sim, você pode não se lembrar, mas isso já aconteceu no Brasil), possivelmente o investidor não consiga obter retornos substanciais com renda fixa ou títulos do governo. É o que afirma Caritsa Moreira, analista da VG Research. “Nesses momentos, pode ser necessário alocar parte de seu capital em ativos de maior risco”, diz ela.
Períodos de pessimismo
Outra circunstância propícia para trocar os investimentos, na opinião da analista, ocorre durante períodos de crise. Achou estranho? Mas veja como faz sentido. “Nesse cenário, o mercado fica pessimista e, como resultado, os ativos são negociados com consideráveis descontos, o que abre uma janela de oportunidade para o investidor fazer aportes de forma menos conservadores”, afirma Caritsa.
Mudança de planos pessoais
Mas claro que não são apenas fatores macroeconômicos que pesam nessas movimentações. Seu momento pessoal também deve ser levado em consideração nesse tipo de decisão. “Mudanças como casamento, nascimento de filhos ou compra de imóvel podem requerer uma adaptação da estratégia de investimento”, afirma Caritsa.
Por exemplo, quando o investidor está empenhado em juntar dinheiro para educação dos filhos. Ou quando seu principal objetivo é comprar uma casa. “Esses planos podem demandar uma maior exposição a ativos de natureza moderada”, afirma.
Caixinhas bem montadas
Para Ariane Benedito, economista especialista em mercado de capitais, o sinal verde para considerar aumentar a participação de investimentos moderados na carteira pode ser aquele momento em que o investidor está com “todas as caixinhas das suas aplicações bem montadas”.
E o que isso quer dizer? Significa que ele tem reserva de emergência, reserva de oportunidade, investimento de longo prazo, tudo organizado. “Esse investidor tem segurança para se expor um pouco mais ao risco”, diz ela. E aí, sim, pode ser o caso de buscar investimentos mais moderados para melhorar a rentabilidade da carteira. A especialista afirma, inclusive, que a própria reserva de oportunidade pode ser utilizada para essa finalidade.
Quando é hora de ir par investimentos mais conservadores
Ops! Agora vamos falar do movimento inverso: trocar os investimentos e ir para títulos mais conservadores. Se você for um investidor mais moderado, será que em algum momento deve considerar a ideia de fazer mais aplicações conservadoras? E qual seria esse momento? Vamos lá.
Instabilidade política e crise econômica
Para Calil Filippelli, gestor de fundos da Ouro Preto, instabilidade política e crise econômica indicam que pode ser hora de trocar os investimentos e migrar parte dos seus recursos para ativos mais conservadores.
“Estando no Brasil, vale considerar esses fatores tanto internamente quanto em grandes centros econômicos mundiais”, afirma.
E, para ficar atento aos sinais, ele recomenda uma consulta rápida aos indicadores do Boletim Focus, produzido semanalmente pelo Banco Central, e do VIX, sigla para Volatility Index, que é um índice de volatilidade calculado pela Bolsa de Valores de Chicago, popularmente conhecido como “índice do medo”.
Peso da idade
Com sorte todos ficaremos mais velhos. E sabe o que Calil pensa sobre isso? Ele acredita que, com o tempo, todos deveríamos trocar os investimentos gradativamente da sua carteira para ativos mais conservadores. “Com mais idade, teoricamente, temos menos energia para recuperar, por meio do trabalho, um prejuízo em investimento”, alerta.
Mariana Fernandes, assessora de investimentos da Guide, diz o mesmo, mas de trás para frente. “Teoricamente, quanto mais nova for a pessoa, maior a sua possibilidade de se expor a riscos”, afirma.
“O tempo importa muito porque quanto maior for seu horizonte de investimento, será a possibilidade de você se recuperar em possíveis cenários de volatilidade”, avalia.
Quando vale a pena mudar os investimentos para ser mais agressivo
Agora vamos dar um passo a frente novamente, pensando naquele investidor moderado que quer mudar a composição da carteira dando alguns passos em direção a aplicações mais arrojadas. Como ele pode identificar uma oportunidade para isso?
Foco em renda variável
Para Calil, quando o governo tem boa aceitação no mercado e a inflação permanece dentro da meta, a tendência é que o investidor médio aloque uma parte maior dos seus recursos em renda variável. “Nesse cenário, provavelmente os principais índices estarão em alta enquanto a taxa de juros deve ficar em patamar baixo”, acredita.
Mas, atenção, porque esse movimento é recomendado pelo especialista para investidores mais jovens com conhecimento de mercado. Ou nem tão jovens, porém com muito conhecimento de mercado. Ok?
Lembra do que falamos ali em cima sobre o peso da idade? É a mesma lógica.
Primeiros sinais de inversão
Ariane segue o mesmo raciocínio, dizendo que é preciso observar os ciclos econômico e de mercado para escolher investimentos mais agressivos.
“O ciclo ideal é quando a economia está mantendo o mercado acionário em baixa, mas já dá sinais de inversão de tendência”, diz ela. Parece familiar? Então… “Estamos vivendo isso agora, entramos no ciclo de corte de juros, que é favorável para ativos de bolsa, mas a bolsa ainda não começou a subir”, afirma a especialista.
Na sua opinião, portanto, o ambiente macroeconômico brasileiro pode ser favorável para ativos de risco. “É o momento para investidores que tenham esse apetite começarem a se posicionar”, diz ela.
Isso porque, como ela explica, quem deixar para entrar já no momento de alta deve pagar caro pelos ativos, correndo o risco depreciação no futuro.
Crédito mais acessível
Mariana Fernandes, assessora de investimentos da Guide, também acredita que os juros sejam um bom sinalizador para esse movimento.
“O início do ciclo de redução da taxa Selic indica que o crédito tende a ficar mais acessível”, diz ela. Consequentemente, com uma maior quantidade de dinheiro em circulação, a economia deve se aquecer como um todo.
Para completar, ela afirma que quando as empresas vendem mais, elas tendem a gerar mais lucro. “Isso também torna o momento mais favorável para exposição a riscos”, acredita.
Disponibilidade de recursos
Outra situação em que Caritsa acredita que seja possível migrar para investimentos mais agressivos ocorre quando o investidor tem um dinheiro disponível e tem certeza de que não precisará dele tão cedo.
“Isso permite a exploração de ativos mais voláteis em busca de rentabilização mais ágil”, afirma.
Quando é hora de evitar investimentos agressivos
Agora, vamos aos sinais que indicam o momento de o investidor agressivo dar um passo atrás e ficar mais moderado. Tem ideia de quais sejam?
Mercado andando de lado
Para Calil, um cenário pouco favorável para grandes riscos é aquele em que ouvimos dizer que “o mercado está andando de lado”.
“Neste caso, os principais índices não têm alta e nem queda expressiva, dificultando quem deseja obter ganhos bem acima do CDI”, explica.
Uma alternativa momentânea para estes investidores agressivos, então, pode ser a migração dos recursos para a renda fixa, com o intuito de minimizar os riscos que não estão entregando o resultado desejado.
Cuidado com a volatilidade
Caritsa alerta para o oposto do chove não molha, ou seja, para momentos de extrema volatilidade nos mercados, caracterizados por muita flutuação nos preços em pequenos intervalos.
“Nessa hora, o investidor com perfil agressivo pode ponderar a redução de sua exposição a ativos de alto risco para evitar perdas substanciais”, alerta.
O que fazer em uma recessão
Bem, claro, também precisamos falar daqueles momentos que ninguém gosta de lembrar. Sabe quando surgem sinais de que teremos uma recessão econômica pela frente?
Então, quando isso acontece, Caritsa acredita que investidores de perfil agressivo podem avaliar a necessidade de diminuir sua exposição ao risco. “Recessões frequentemente impactam de forma adversa os ativos mais arriscados, como ações de empresas voltadas ao crescimento”, avalia.
Alta de juros
Outra situação que sinaliza o momento de pisar no freio nos investimentos mais agressivos é a alta prolongada dos juros. Faz sentido, não é? Se a queda nos juros abre espaço para renda variável, a alta pode ser um sinal vermelho (ou amarelo, pelo menos).
“Em ciclos de alta de juros, todas as classes de ativo sofrem de alguma maneira, portanto é um momento de redução de risco”, afirma Marcus Macedo, CIO do Andbank.
E, como bem lembra Mariana, quando os juros estão mais altos, é possível encontrar opções mais conservadoras com rentabilidade atrativa e menos volatilidade.
Sustos na vida pessoal
Buscar mais moderação para a carteira também pode ser necessário quando você passa por alguns sustos, como perda de emprego ou problemas de saúde, por exemplo.
Assim, nessas situações, pode ser mais importante garantir estabilidade do que buscar altas rentabilidades. “Se o investidor já estiver utilizando sua reserva de emergência, é importante reduzir o risco”, alerta Ariane.
Exposição total ao risco
“Outra situação que deve ser levada em conta é aquela em que o investidor já está muito alavancado, muito exposto, com nível muito elevado de risco, mesmo para um perfil agressivo”, alerta Ariane.
Conservação de patrimônio
Por fim, também vale considerar o momento de vida em que o objetivo principal da pessoa é a conservação do seu patrimônio. “Nesse caso, o mais recomendado é ter uma carteira mais conservadora mesmo”, afirma Mariana.
O que considerar antes de mudar seus investimentos
Agora, claro, é hora de fazer algumas ponderações importantes para quem quer escolher investimentos para tornar a carteira mais ou menos agressiva.
Em primeiro lugar, os especialistas fazem questão de lembrar que a composição da sua carteira deve sempre levar em conta seu perfil de investidor, seus objetivos e seu horizonte de investimentos. E, como tudo isso pode mudar ao longo da vida, é preciso rever suas aplicações periodicamente.
Caritsa enfatiza que as situações listadas acima são de natureza geral – e que sua aplicação específica deve respeitar o perfil de risco do investidor, seus objetivos e necessidades individuais.
Marcus Macedo, CIO do Andbank, assina embaixo. “Quando falamos de mudanças na alocação, a primeira coisa que o investidor precisa ter em mente é qual a sua carteira ‘padrão’, ou, como eu prefiro chamar, carteira de referência”, afirma
Na sua opinião, essa carteira deve ser cuidadosamente desenhada, considerando objetivos e necessidades daquele dinheiro específico.
“Acreditamos que os objetivos mais importantes sejam propiciar liquidez, trazer previsibilidade ou buscar retorno”, diz ele. Como não é possível ter o máximo das três coisas, a dica é encontrar um equilíbrio entre elas no processo de construção da sua carteira de referência. “Só então será possível discutir o nível de risco”, alerta.
Como exemplo, o especialista cita uma carteira que precisa de muita liquidez. “Ela tanto pode ser conservadora, investindo 100% em CDBs com liquidez diária, como pode ser bastante agressiva, investindo 100% em ações (liquidação D+2)”, afirma.
Conheça sua tolerância ao risco
No entanto, o importante é que cada investidor tenha consciência da sua tolerância a risco. “Por exemplo, eu acho que renda variável é bom para todos os investidores”, diz ele. “Mas obviamente os mais conservadores aumentarão o risco em proporção menor do que os investidores mais agressivos, sempre levando em consideração a sua respectiva carteira de referência”, explica.
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