Se você quer montar uma carteira de investimentos sólida e confiável, precisa entender a relação dos ativos com a liquidez. Uma carteira com diferentes níveis de liquidez traz o equilíbrio entre segurança e rentabilidade. Um bom investidor sabe quando abrir mão da liquidez para conseguir rentabilidade e quando é o momento de abrir mão de ganhos para resgatar seu dinheiro.
Liquidez na prática
A Inteligência Financeira ouviu especialistas no assunto que nos disseram que liquidez é um critério essencial para avaliar se vale a pena ou não investir em algum instrumento.
Os outros dois pilares de um investimento são rentabilidade e risco. E esses três itens se relacionam intimamente. Quando queremos aumentar a rentabilidade, precisamos abrir mão da liquidez ou assumir um risco maior. Quando o objetivo é ter mais liquidez, rentabilidade e risco precisam ser sacrificados. Não dá para ter tudo de uma vez.
Quer um exemplo prático? Vamos lá: você anuncia na internet um notebook que vale R$ 2 mil, mas, para vender no mesmo dia, negocia por R$ 1 mil. Aqui, a rentabilidade tinha que sair para dar espaço à liquidez. Isso pode acontecer com ações, fundos imobiliários ou qualquer investimento.
“A combinação dos três fatores é importante. O brasileiro começou a entender melhor essa dinâmica há alguns anos, quando a Selic deixou de ser tão elevada”, explica Martin Iglesias, professor e especialista líder em Investimentos e Alocação de Ativos do Itaú Unibanco.
Os níveis de liquidez
Com um mercado financeiro desenvolvido como o nosso, existem instrumentos para todos os gostos e todo nível de pressa, até com resgate imediato. Vamos listar as recomendações de especialistas para cada prazo de investimento. Antes, um lembrete: não dá para ganhar muito dinheiro em um dia. É por isto que ações e instrumentos de renda fixa são listados como ideias para prazos maiores. Eles têm liquidez, mas é difícil conseguir rentabilidade satisfatória em um curto período.
É importante que você saiba que o nível de liquidez da sua carteira vai depender do seu perfil. Quem quer arriscar mais coloca dinheiro em ativos menos líquidos; enquanto os conservadores escolhem alta liquidez para diminuir o risco.
Veja abaixo os diversos tipos de liquidez que uma carteira pode ter:
Fontes: Martin Iglesias, Itaú Unibanco; Rafael Panonko, Toro Investimentos; Natanael Fernandes, Suno Wealth
Como avaliar a liquidez na renda variável
Os ativos de renda fixa são claros quando o assunto é liquidez: se você resgatar o dinheiro no dia x, terá um retorno garantido. Os fundos de investimentos mostram uma parte de sua liquidez com prazos de liquidação financeira geralmente entre 30 e 32 dias. No mercado acionário, de fundos imobiliários e outros instrumentos de renda variável, não há certeza sobre a liquidez, mas há certo grau de previsibilidade.
Rafael Panonko, analista-chefe da Toro Investimentos ensina que em instrumentos como ações, ETFs, BDRs e FIIs, é preciso observar o volume médio de negociação diária. Com esse dado, o investidor tem uma noção se aquele ativo é procurado por outros investidores. Se sim, sua liquidez deve ser considerada alta. Para ações que compõem o Ibovespa, Panonko conta sua receita: “se tem menos de R$ 5 milhões de negociação diária já considero um ativo sem liquidez”.
Para avaliar a liquidez, é preciso analisar a média de negociação dos ativos mais buscados e comparar com aquele que você pretende investir. Não há receita pronta e cada um pode montar a sua.