Warren Buffett prepara passagem de bastão na Berkshire

Aos 94 anos, o 'oráculo de Omaha' deve ser sucedido por Greg Abel no comando da empresa

O bilionário Warren Buffett sinalizou no sábado (22) que está próximo de deixar a presidência-executiva de Berkshire Hathaway (BERK34).

Na carta anual aos acionistas, Buffett afirmou que, “aos 94 (anos), não demorará muito para que Greg Abel me substitua como CEO e escreva as cartas anuais”.

Além de vice-presidente da companhia, Abel também preside a Berkshire Hathaway Energy, um das empresas do conglomerado.

O comentário indica os preparativos do lendário empresário dos Estados Unidos para se aposentar da Berkshire Hathaway, império que criou há 60 anos.

O conglomerado, com valor de mercado de US$ 1 trilhão, tem participações em gigantes como Apple, Bank of America, Chevron, Amazon e Aon.

A afirmação de Warren Buffett veio antes do tradicional convite para encontro anual de investidores, que desta vez ocorrerá em 3 de maio, na sede da companhia em Omaha, Nebraska.

Lucro crescente da Berkshire em 2024, apesar dos revezes

No ano passado, a Berkshire teve um lucro operacional de US$ 47,4 bilhões, um aumento de 27% sobre o ano anterior.

“A Berkshire se saiu melhor do que eu esperava, embora 53% dos nossos 189 negócios operacionais tenham relatado declínio nos lucros”, comentou Buffett.

Esse aumento refletiu ganhos maiores com títulos do Tesouro dos Estados Unidos, contou ele.

Nesse sentido, o empresário explicou porque a Berkshire veio acumulando valores crescentes de caixa.

No quarto trimestre de 2024, a empresa vendeu mais ações e aumentou a reserva de caixa para o recorde de US$ 334 bilhões.

Com isso, o portfólio de ações negociáveis ​​da Berkshire em 2024 caiu de US$ 354 bilhões para US$ 272 bilhões.

“Com ações negociáveis, é mais fácil mudar de curso quando cometo um erro. O tamanho atual da Berkshire (…) diminui essa opção valiosa”, afirmou ele.

“Às vezes, um ano ou mais é necessário para estabelecer ou alienar um investimento”, acrescenta um trecho da carta.

Nesse sentido, uma das posições em que a Berkshire reduziu no período sua fatia foi em ações do Nubank (ROXO34), como apontou a Inteligência Financeira.

Poucos dias depois, as ações do banco digital desabaram 19%, após o Nubank revelar o balanço do quarto trimestre, que desagradou parte dos investidores.

Warren Buffett sinaliza mais investimento em empresas do Japão

Além disso, o empresário lendário argumentou na carta que “frequentemente, nada parece atraente; muito raramente nos encontramos atolados em oportunidades”.

Contudo, ele negou que esteja menos interessado no mercado de ações: “Dependi do sucesso dos negócios americanos e continuarei a fazê-lo”.

Buffett frisou ainda que a grande maioria do seu dinheiro permanece em ações e que preferência não mudará.

Mais do que isso, Buffett enfatizou seu interesse em reforçar investimentos em empresas do Japão.

Desde 2019, a Berkshire montou posição em cinco empresas japonesas (Itochu, Marubeni, Mitsubishi, Mitsui e Sumitomo).

O plano inicial era manter as participações da Berkshire abaixo de 10% das ações de cada empresa.

Mas, à medida que a empresa de Buffett se aproxima desse limite, as cinco empresas concordaram em relaxar moderadamente o teto.

“Com o tempo, você provavelmente verá a propriedade da Berkshire de todas as cinco aumentar um pouco”, acrescentou ele.

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