Quais são os impactos da tragédia no RS sobre as ações da Camil (CAML3)?

Veja as recomendações dos especialistas para essa que é a maior fabricante do grão no Brasil

Uma das maiores fabricantes de arroz do Brasil, a Camil (CAML3) tinha 85% da safra do estado gaúcho já colhida antes da chuvas, mas isso não impede o possível aumento nos preços do grão - (Foto: Divulgação)
Uma das maiores fabricantes de arroz do Brasil, a Camil (CAML3) tinha 85% da safra do estado gaúcho já colhida antes da chuvas, mas isso não impede o possível aumento nos preços do grão - (Foto: Divulgação)

As enchentes causadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul causaram prejuízos para a população gaúcha. Muitas famílias ficaram desabrigadas, assim como comércio, serviços e agropecuária foram totalmente impactados. Tanto que a Camil (CAML3) chamou bastante a atenção nas últimas semanas por conta de suas lavouras de arroz na região.

Afinal de contas, a empresa é a maior fabricante de arroz do Brasil. Além disso, o Estado do Rio Grande do Sul é responsável por 70% da produção nacional de arroz. E as chuvas causaram perdas em lavouras não colhidas e em grãos armazenados em silos.

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Mas, aproximadamente 85% da safra de arroz do Estado já havia sido colhida antes das chuvas, o que limitou o impacto. “Por isso, a Camil (CAML3) descartou qualquer risco de desabastecimento no mercado interno e afirmou que o fornecimento ao varejo segue normalizado”, afirma Régis Chinchila, head de research da Terra Investimentos.

Impactos financeiros

Vale saber, aliás, que até o momento a empresa ainda não quantificou os resultados que as chuvas no RS podem trazer para as finanças da companhia. Isso porque, a prioridade, claro, tem sido ajudar as comunidades afetadas.

“A Camil (CAML3) está em processo de avaliação dos volumes perdidos e dos custos adicionais devido as questões logísticas de escoamento. A dificuldade de abastecimento no curto prazo é devido a rodovias bloqueadas. Mas a empresa está estudando alternativas como o uso de cabotagem para garantir o fornecimento ao mercado paulista”, diz o especialista.

O porém disso tudo é que, provavelmente, o preço do arroz ficará mais caro para o consumidor final. Afinal, por se tratar de uma commodity, e diferente da carne, que tem sua produção contínua, os efeitos nos preços podem ser mais duradouros. “Apesar de boa parte da colheita já realizada, a dificuldade logística é um fator que deve ser levado em consideração ao se avaliar os impactos de longo prazo na companhia”, pontua Marcos Milan, professor da FIA Business School.

E esse aumento do custo logístico ainda não é possível mensurar. “A justificativa é que ainda existem várias regiões em que o nível da água não baixou. E mesmo depois de diminuir, vão ter vários pontos de estradas [e vias principais] que estarão bem danificadas”, argumenta Hugo Baeta, analista de renda variável da AF Invest.

Camil (CAML3) deve ter maior faturamento

No entanto, como tudo na vida tem seu lado positivo e negativo, na economia e nos negócios não seriam diferentes. Por isso, de acordo com Baeta, diferentemente das outras companhias, a Camil (CAML3) pode ter um ganho por conta do possível aumento no preço do arroz.

“A marca é bastante conhecida nacionalmente, principalmente no Estado de São Paulo. Então, a Camil (CAML3) vai conseguir ter receita, ou seja, um faturamento mais elevado nessa unidade de arroz”, acredita.

O que esperar das ações da Camil (CAML3)?

Ainda assim, no curto prazo, é importante ter em mente que os papéis da empresa podem sofrer alguma volatilidade. Isso por conta das incertezas relacionadas aos impactos das enchentes e aos custos logísticos adicionais.

“No médio prazo, a expectativa é de preços sustentados para o arroz, pelo menos até a entrada da safra 2023/24 no mercado. Além disso, a eventual redução da alíquota de importação para arroz de fora do Mercosul pode impactar os preços no mercado doméstico. No longo prazo, a Camil (CAML3) deve continuar a manter um fornecimento adequado ao mercado interno, mitigando riscos de desabastecimento e se beneficiando de sua capacidade de importação e adaptação logística”, analisa Régis Chinchila.

Outro ponto crucial a se levar em consideração é que a empresa possui outras fontes de receita. “A companhia vende feijão, açúcar, massa, biscoitos, entre outros produtos. Então, não necessariamente as ações da Camil (CAML3) vão performar bem ou mal porque o preço do arroz subiu. Afinal, como dito, a empresa tem outras operações também. E se formos juntar todas essas operações, elas são mais significativas do que a própria operação de arroz”, argumenta Hugo Baeta.

É hora de investir em CAML3?

Essa, claro, é a pergunta que não quer calar. E a recomendação da Terra Investimentos para as ações da Camil (CAML3), por exemplo é neutra. Com um target de R$ 12,50 em 12 meses.

“Isso sugere que, apesar das atuais dificuldades, a empresa está bem posicionada para enfrentar os desafios. A capacidade da Camil (CAML3) de gerenciar a logística [mesmo ainda sem sabermos as reais proporções de prejuízo nesse processo] e garantir o fornecimento de arroz, junto com sua diversificação de produtos, oferece uma certa estabilidade”, afirma Régis Chinchila.

No entanto, o especialista aponta que a incerteza sobre os impactos exatos das chuvas no RS e a conjuntura de preços do cereal recomenda cautela. “Investidores com um perfil de risco mais elevado podem considerar a possibilidade de investir agora, aproveitando o valuation atual. Enquanto aqueles mais conservadores podem preferir aguardar uma maior clareza sobre os impactos financeiros e operacionais no médio prazo”, finaliza.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.

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