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Medo de calote atinge investidor de Fiagros; veja o que acontece com fundos de agronegócio
Uma série de calotes de produtores rurais tem deixado o investidor ressabiado com os fundos de investimentos de agronegócio, os Fiagros.
A classe foi lançada há três anos sobre grande expectativa, por abarcar um setor que vem carregando a economia nos últimos anos. Na ocasião, dizia-se que os Fiagros repetiriam o sucesso dos Fundos de Investimento Imobiliários (FIIs), que ostentam 2,5 milhões de investidores, segundo dados do último senso compilado pela B3.
Mas a verdade é que, até agora, os fundos de agro não decolaram. Neste momento, dos 26 Fiagros em negociação na bolsa, 21 têm preço de mercado abaixo do valor patrimonial – são precificados abaixo do seu valor contábil.
Esse é um sinal de que a demanda pela classe de Fiagros é inferior à oferta de produtos. E, entre analistas e gestores, a explicação é que um certo sentimento de ‘barata voa’ se abateu sobre investidores.
Qual o tamanho do calote que os Fiagros levaram?
A falta de motivação do investidor vem das notícias sobre calores de algumas empresas, de médio a grande porte, que deixaram de quitar as parcelas dos Certificados de Recebíveis do Agronegócios (CRAs) que emitiram.
Os CRAs são títulos de dívida isentos da cobrança de imposto de renda, principal veículo empregado pelas empresas do setor agro para financiamento via mercado de capitais. De maio do ano passado para cá foram ao menos nove eventos de inadimplência que impactaram diretamente os fundos, detentores desses papeis.
Acontece que dos 26 fundos da bolsa, apenas seis estavam comprados desses papeis. E, do volume total de CRAs neste momento adquiridos pelos fundos, o impacto é baixo. Cerca de 2% do patrimônio líquido do setor de Fiagros está inadimplente, segundo levantamento exclusivo do Itaú BBA.
‘Volume de problemas é baixo’
“O volume de problemas é relativamente pequeno. Mas, mesmo assim, o investidor está com medo dos Fiagros”, diz Guilherme Sharovsky, líder de crédito da Bloxs Capital Partners. Ele trabalha com estruturação de CRAs em cooperativas de agro e produtores.
“O investidor ouve que o fundo da Galapagos teve problema com um CRA. Depois que o SFI também teve problemas. E mesmo que ele tenha um (fundo da) Riza, que não teve problemas, ele vende e sai”, conta Sharovsky.
Confira os fundos impactados pelos eventos de crédito
Fundo | Gestora | Participação do patrimônio inadimplente |
IAGR11 | SFI Invetimentos | 30% |
GCRA11 | Galapagos Capital | 25% |
VCRA11 | Vectis Datagro | 15% |
VGIA11 | Valora | 11% |
NCRA11 | NCH Capital | 5,7% |
XPCA11 | XP Asset | 0,3% |
A gente ajustou nossa análise
Felipe Solzki, sócio e gestor da Galapagos Capital, que tem hoje 25% do patrimônio atingido por ativos inadimplentes, lembra que a gestora está executando as garantias oferecida pelas empresas.
“Nossas garantias são muito sólidas”, diz ele, que tem hoje exposição a três CRAs inadimplementos: dos produtos Castilho, Três Irmãos e Mitre. “A gente ajustou nosso cenário de análise”, reconhece.
A reportagem tentou contato com todos os gestores dos fundos citados na matéria, além de outros que, apesar de não estarem comprados de ativos inadimplentes, também foram atingidos pelo viés de baixa do mercado.
Os executivos optaram ou por não falar neste momento ou por não gravar entrevista. E isso acontece, em boa parte, porque muitos estão envolvidos em disputas judiciais com as empresas emissoras. Temem que uma declaração, neste momento, possa impactar negativamente no curso dos processos.
O espaço permanece aberto a quem desejar se manifestar.
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