Calor pode trazer volatilidade para ações do agro e oportunidade de compra
Notícias a respeito do calor excessivo podem abrir oportunidades para comprar ações do agro, que estão em alta

As culturas de verão, como milho e soja, podem sofrer impacto considerável na produção em determinadas regiões do País por conta da onda de calor. Nesse sentido, o recorde de calor no Rio Grande do Sul, por exemplo, pode vir a causar volatilidade no preço das ações do agro e criar uma janela de oportunidade para entrar no setor.
“Financeiramente falando, a perda de receita (com o calor excessivo) é de R$ 7,9 bilhões. Não é prejuízo direto, mas, sim, diminuição da receita por redução da produção”. A explicação é de Vicente Zotti, sócio da Pine.
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Quebras de safra no Sul
Nesse sentido, devem se avolumar informações sobre quebras de safra, principalmente no Sul do Brasil. Isso pode mexer com o humor do investidor mais suscetível às notícias de curtíssimo prazo.
No ano, ações do agro estão bem. Tanto SLC Agrícola (SLCE3) quanto Boa Safra (SOJA3), para citar algumas empresas mais expostas a soja e ao milho, subiram pouco mais de 7%. Contudo, as notícias relacionadas à quebra de safra podem derrubar pontualmente o preço dos papéis e indicar um ponto de entrada para essas e outras companhias do setor.
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“A gente entende (a quebra de safra esperada) como normalidade. Mas o investidor não está acostumado. Assim, pode haver alguma volatilidade, que a gente enxerga como oportunidade para quem acredita no setor e nas empresas”, diz Antônio da Luz, economista-chefe da Ecoagro.
Perspectiva ainda é de safra recorde
Assim, Luz diz que a perspectiva para este ano ainda é melhor que a do ano passado. Mesmo com a quebra esperada, o preço de culturas como soja e milho deve passar por elevações, assim como a produção.
“O que interessa para essas companhias é receita, que é preço vezes quantidade. E o que devemos ter neste ano é preço, em média, superior ao do ano passado, assim como a produção”.
Nesse sentido, “as empresas listadas do agro devem ter uma performance sensivelmente maior neste ano”, avalia o economista da Ecoagro.
Para Luz, ainda está no horizonte safras recordes para 2025, “inclusive com uma revisão para cima nos números de produção de milho e manutenção da soja”.
Concentração do forte calor no Sul
O excesso de calor ficou bastante concentrado na Argentina, onde deve haver quebras maiores que a média. Além disso, o mercado já espera perdas adicionais no país vizinho ainda não contabilizadas pelos órgãos oficiais.
“Esse movimento é altista para o preço da soja”, destaca Luz.
Em questão de produção, a estimativa é de perda de 4 milhões de toneladas para cultivos de soja no Brasil. Assim, a produção deve diminuir das esperadas 166 milhões de toneladas (antes da deflagração da onda de calor) para a casa de 162 milhões de toneladas agora.
Contudo, essa redução deve ficar concentrada no Rio Grande do Sul, por causa do calor, e em parte do Centro-Oeste, pelo excesso de chuvas. Nesse ambiente, as empresas brasileiras estarão protegidas porque têm produção pulverizada por praticamente todo o País.
“Então, é muito provável que a receita na maior parte do País seja maior do que foi no ano passado, apesar de perdas aqui e acolá”, conclui Luz.
Outras culturas estão expostas à onda de calor?
A situação ainda caminha dentro da normalidade. Contudo, eventual piora ou espalhamento da onda de calor pode, sim, trazer danos à produção nacional. E a soja e milho não sofreriam sozinhos. O calor excessivo pode reduzir o nível de chuvas em algumas regiões e afetar outras culturas.
“Nesse momento, milho e soja (sofrem com o calor). Contudo, se a precipitação continuar muito abaixo da média, pode impactar outras culturas como café e citrus”. A avaliação é de Zotti, da Pine Agronegócios.
O café passa por um movimento de aumento de preços no mercado global, conforme já noticiado anteriormente pela Inteligência Financeira. A alta demanda e a baixa oferta têm jogado os preços para cima. Isso pode ser agravado se a onda de calor aumentar.
“A umidade do solo (em locais de cultura de café) ainda está elevada. Mas, se março for como fevereiro – o que não é a previsão – poderemos ter problemas na fase final do enchimento de grãos de Arábica”, alerta o consultor.