É verdade que o agro sustenta o Brasil? Veja o que diz relatório do Itaú sobre o assunto

Você sabe qual é o tamanho do agro no Brasil? Consegue responder se é verdade que o agro sustenta o País? A resposta para a primeira pergunta é mais objetiva. Segundo estudo do Itaú divulgado nesta segunda-feira (10), o agro, do ponto de vista amplo, em suas diferentes etapas, corresponde a aproximadamente 21% do PIB do Brasil.

Agora, a alegação de que o agro sustenta o País é mais difícil de sustentar. Afinal, ele responde por um quinto da economia local. Não é nada desprezível. Ao contrário, é a maior participação entre todos os setores. Mas está longe de sustentar o PIB. Além disso, nas suas etapas de maior valor agregado, o agronegócio precisa de outros setores.

Assim, o agro da porteira para dentro (produção primária) responde por apenas 6% da economia brasileira. Ele é considerado, do ponto de vista oficial, o “agro de fato”. Portanto, para chegar nessa participação do PIB – de 21% – depende-se da relação com indústria, logística, comércio, entre outros.

Crescimento do tamanho do agro no Brasil

Agro pode ter recuado nos últimos anos

O cálculo sobre o tamanho do agro no Brasil tem desafios importantes porque os dados disponíveis são defasados. Como mostrado no gráfico acima, os números totais vão até 2021.

“Para 2022 em diante, ainda temos disponíveis apenas quebras mais agregadas do PIB, que permitem enxergar a evolução da produção primária, mas não das outras categorias”, explica o Itaú em seu relatório.

Nesse sentido, o banco avalia que pode ter havido alguma redução da participação do agro nos últimos anos. Isso porque há dados oficiais da produção primária para 2023. Esse tipo de atividade recuou de 6,6% em 2021 para 6,0% em 2023.

Assim, “a soma do todo também deve ter tido algum recuo como percentual do PIB”, avalia o Itaú.

Mas a projeção é de que, em 2025, o agro volte a crescer em participação. A expectativa é de 4,8% de expansão só da produção primária no ano, “o que deveria levar a algum ganho de peso no PIB”.

Tamanho do agro no Brasil na balança comercial

O agronegócio em suas diferentes atividades, que vão da produção da porteira para dentro até a gôndola do mercado, rendeu ao Brasil superávit de US$ 109 bilhões ao País em 2024.

Assim, o setor foi “o principal vetor de contribuição para o superávit da balança comercial do País, mais que compensando o déficit existente no agregado dos outros setores”, destaca o relatório.

Nesse sentido, o agronegócio respondeu por cerca de 31% da corrente de comércio brasileira em 2024. É uma participação ainda maior que no PIB, contudo, ainda têm quase 70% referente a outros setores.

Tamanho do agro no Brasil por segmento

O tamanho do agro no Brasil varia por atividade considerada como parte desse setor.

Apenas a produção primária, da porteira para dentro, que é o que é entendido como ‘PIB agro’ nas divulgações oficiais, corresponde a 6% da economia brasileira.

Nesse sentido, quando somada a produção primária com outras atividades como agroindústria (apenas os primeiros elos de beneficiamento nas cadeias de valor) e serviços de comércio e transporte envolvidos, a participação do agronegócio já sobe para quase 15% do PIB.

Mercado de trabalho

Além disso, vale destacar o tamanho do agro no Brasil no que diz respeito ao mercado de trabalho. A ideia de que o agro não é um empregador importante cai por terra. Segundo o Itaú, 17% da população ocupada está no setor.

Assim, o agro responde por 17 milhões de empregos, sendo 10 milhões ligados às atividades primárias e de beneficiamento e outros cerca de 7 milhões às demais atividades.