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Magnificent 7: quão grande são as big techs?
Muito se fala das big techs hoje em dia. Do seu tamanho, sua relevância na bolsa americana, seus resultados, do quanto suas ações têm subido recentemente etc. Também pudera, além de serem nomes conhecidos, essas empresas fazem parte da nossa vida.
Nas últimas semanas, algumas delas (Microsoft, Apple, Google e Amazon) divulgaram seus resultados e, como de praxe, chamaram a atenção do mercado. Os números são realmente superlativos. Mas quão superlativos são eles? Como colocar em contexto o que essas empresas representam hoje? Vamos lá…
Resumo dos resultados
Falando dos resultados, de forma bem resumida, o mercado reagiu positivamente aos números da Meta e da Amazon; de forma mais tímida ou neutra aos números da Microsoft; e de forma negativa à Apple e ao Google.
Por quê?
Amazon e Meta reportaram números muito fortes do ponto de vista operacional, com ambas as empresas colhendo os frutos de sua busca por eficiência e cortes de despesas ao longo de 2023. Além disso, ambas trouxeram novidades que vão além do resultado.
Pelo lado da Meta, o anúncio de dividendos, um guidance de lucro maior do que o esperado e uma recompra de ações. E a Amazon apresentou uma série de iniciativas que visam melhorar sua operação com a integração de inteligência artificial em várias vertentes.
Já no caso de Apple e, especialmente, Google, o que acontece é que, quando você tem empresas que são precificadas em múltiplos elevados, com suas ações tendo apresentado alta performance nos últimos 12 meses, uma leve decepção em uma linha de receita pode justificar uma realização de lucros em uma posição. Esse foi o caso de ambas.
O Google apresentou um crescimento levemente aquém do esperado em seu segmento de cloud e nos ads do YouTube. Já as vendas na China e de sua linha de serviços da Apple também não alcançaram as estimativas do mercado.
Performance diferenciada nos últimos 12 meses
Para contextualizar para quem pode não estar tão familiarizado com o mercado americano, é importante observar que o índice S&P 500 atingiu máximas históricas neste ano. No entanto, grande parte desse desempenho é atribuída ao forte desempenho de um número limitado de ações, especialmente as big techs.
Quando comparamos a performance do índice nos últimos 12 meses com a de Microsoft, Google, Apple e Amazon, o S&P 500 acumula alta de 21%, enquanto essas ações apresentaram uma performance bastante “exuberante”, com aumentos significativamente maiores do que a média do mercado.
A essas ações poderíamos adicionar Nvidia (a qual ainda não reportou seus resultados trimestrais) e a Tesla. Essas sete ações têm sido chamadas no mercado americano de Magnificient 7. E, como reflexo dessa forte performance, elas passaram a ter uma relevância muito grande em termos de proporção do índice S&P 500.
Por que elas são chamadas de Magnificent 7
De acordo com o site Investopedia, essa expressão “Magnificent Seven” foi cunhada pelo analista do Bank of America Michael Hartnett em 2023, ao comentar sobre as sete empresas comumente reconhecidas por seu domínio de mercado, seu impacto tecnológico e suas mudanças no comportamento do consumidor. Ela deriva de um filme de faroeste da década de 60, “The Magnificent Seven”, dirigido por John Sturges.
Curiosidades à parte, a expressão serve para representar empresas que, sob o ponto de vista financeiro e/ou econômico, possuem características interessantes. Podemos citar, por exemplo, elevado crescimento de lucros, margens de lucro e retorno sobre os investimentos elevados, forte posição e geração de caixa, entre outras.
Quando falamos nas big techs, estamos tão acostumados a citar, ler ou ouvir números que são tão superlativos que muitas vezes passam despercebidos. Então, talvez uma forma de contextualizarmos melhor o tamanho dessas empresas seja fazermos algumas comparações. Vejamos.
Lucros que impressionam
Se somarmos o lucro reportado por essas empresas nos últimos 12 meses, chegamos à impressionante cifra de US$ 361 bilhões. Esse número é semelhante ao valor de mercado das oito maiores empresas listadas na Bovespa (Petrobras, Vale, Itaú, Ambev, Banco do Brasil, Bradesco, Santander e Vivo) somados.
Valor de mercado comparado…
A relevância dessas big techs não veio por acaso. Na verdade, nos últimos 12 meses, a forte valorização percebida por essas ações chamou atenção. Algumas delas, inclusive, alcançaram valores de mercado superiores aos de mercados inteiros.
Em 2023, a Apple atingiu um valor de mercado de mais de US$ 3 trilhões, tornando-se a maior empresa do mundo. Essa posição é hoje ocupada pela Microsoft, a qual, após a alta de 57% de suas ações nos últimos 12 meses, é avaliada na bolsa americana em US$ 3,12 trilhões, número esse que é maior do que o PIB de todas as maiores economias do mundo, exceto seis.
De acordo com dados do PIB de 2023 do Banco Mundial, as economias maiores que a capitalização de mercado da Microsoft incluem os EUA no topo (US$ 26,95 trilhões), seguidos pela China (US$ 17,7 trilhões), Alemanha (US$ 4,43 trilhões), Japão (US$ 4,23 trilhões), Índia (US$ 3,73 trilhões) e Reino Unido (US$ 3,33 trilhões). A França, a sétima maior economia, tem um PIB de cerca de US$ 3,05 trilhões.
Microsoft
Outra comparação possível é o valor de mercado da Microsoft (US$ 3,1 trilhões), a maior empresa americana, com outros mercados. Por exemplo:
- Seu valor é maior do que o de mais de 200 empresas listadas na bolsa da Alemanha, as quais somam US$ 2,25 trilhões.
- Seu valor é três vezes maior do que o das 80 maiores empresas brasileiras somadas (~US$ 870 bilhões).
- Seu valor é mais do que o dobro do mercado coreano (~US$ 1,2 trilhão).
Segundo Aswath Damodaran, professor da Universidade de Nova York, essas sete ações (Amazon, Apple, Alphabet, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla) acrescentaram US$ 5,1 trilhões à sua capitalização de mercado em 2023, o que representa mais da metade (55%) dos US$ 9,2 trilhões adicionados durante o ano por todas as 6.658 empresas norte-americanas.
E a escalada das ações da Nvidia, por exemplo, nos últimos 12 meses encerrados em 8 de fevereiro de 2023 (+217%), associada à queda das ações chinesas, fez com que seu valor de mercado (US$ 1,8 trilhão) chegasse ao mesmo patamar de todas as empresas chinesas listadas na Bolsa de Valores de Hong Kong combinadas.
Quase metade da população mundial!
Em sua última divulgação de resultados, a Meta informou que, nos últimos três meses de 2023, a companhia alcançou um número de 3,98 bilhões de usuários registrados e logados em um ou mais de seus produtos (Instagram, Facebook, WhatsApp). Ora, estima-se que atualmente a população global esteja em 8 bilhões. Isso quer dizer que quase metade da população mundial está conectada a algum app da empresa!
Bilhões… de clientes!
Em sua última divulgação de resultados, a Apple anunciou como destaque que havia alcançado o recorde de mais de 2,2 bilhões de dispositivos (devices) ativos em sua base instalada.
E graças a esses, a empresa conseguiu alcançar a marca de mais de 1 bilhão de clientes usando algum de seus serviços como o Apple Cloud, Music, TV, entre outros. São mais de 1 bilhão de clientes que assinam algum serviço da Apple e geram receitas para a empresa em bases mensais.
Grandes saltos, grandes tombos
Com valores de mercado tão grandes, as oscilações nas ações dessas big techs geram ganhos ou perdas de mercado que espantam. Recentemente, após o resultado, vimos fortes movimentações de algumas dessas ações.
As ações da Meta, por exemplo, repercutiram positivamente aos números e a empresa ganhou mais de US$ 200 bilhões em valor de mercado em apenas um dia. Ou seja, em um único dia, a Meta ganhou um valor de mercado semelhante ao valor da Disney inteira!
Já o Google perdeu quase US$ 180 bilhões em valor de mercado após a divulgação de resultados do terceiro trimestre de 2023 em outubro, sendo a quarta maior perda de valor de mercado da história. Botando isso em contexto, esse número é maior que o valor de mercado de empresas como IBM, Nike ou Pfizer, por exemplo.
Recompras monstruosas
Prática comum de muitas empresas nos EUA é executar planos de recompras de ações. Mas, quando se trata das big techs, mais uma vez os números são monstruosos.
Em seu último resultado, a Meta anunciou que pretende recomprar US$ 50 bilhões de suas ações no mercado, algo em torno de ~R$ 250 bilhões, um valor maior do que o valor de mercado da Ambev, por exemplo.
A Apple, por sua vez, recomprou US$ 619 bilhões em ações nos últimos 10 anos, um número que é superior ao valor de mercado de 492 empresas do S&P 500!
Segmentos maiores que muitas empresas
Mesmo quando olhamos apenas alguns segmentos dessas empresas, os números impressionam. Por exemplo, nos últimos anos, a Amazon percebeu um grande crescimento de seu segmento de computação em nuvem (cloud computing) chamado AWS. Atualmente, o AWS alcançou a marca de mais de US$ 90 bilhões de receitas em 2023. Interessante que esse número é mais que o dobro da receita de toda a Vale nos últimos 12 meses (~US$ 40,7 bilhões).
Outra comparação impressionante são as vendas dos AirPods da Apple, as quais se equiparam às receitas de grandes empresas de tecnologia.
Vale ressaltar que todos os dados e comparações citados aqui servem apenas como forma de exemplificar e tornar mais “palpável” a compreensão do tamanho dessas companhias. Em nenhum momento se objetiva fornecer qualquer tipo de recomendação de investimentos.
E quanto aos demais resultados…
Até agora, 67% das empresas do S&P 500 divulgaram seus números, sendo que 74% vieram em linha ou superaram as estimativas do mercado em relação à receita, e 84% vieram em linha ou superaram as estimativas do mercado em relação ao lucro.
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