Com temporada de bonds nos EUA, investidor pode ampliar retornos com Petrobras e Raízen
Títulos, em dólar, têm taxas acima do que os similares da mesma empresa negociados no Brasil
O início do corte de juros dos Estados Unidos abriu uma janela de oportunidades para as empresas brasileiras, como Petrobras (PETR4), captarem recursos no exterior via mercado de bonds. E o investidor brasileiro pode faturar com isso.
Com a queda das taxas da renda fixa americana, o mercado passa a olhar com mais apetite para as companhias estrangeiras. Enxergam nelas uma opção para apimentar os portfólios, uma vez que risco é igual a múltiplos.
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É isso o que explica, por exemplo, as últimas três captações de empresas brasileiras nos Estados Unidos. Em um espaço de nove dias, os bonds de Petrobras, Raízen (RAIZ4) e Eletrobras (ELET3) levantaram US$ 2,75 bilhões (cerca de R$ 15 bilhões).
Petrobras e Raízen: bonds em alta
Com a Treasury de 10 anos, o título mais líquido de dívida soberana dos Estados Unidos, caindo do patamar de 5%, em maio, para atuais 3,70% ao ano, os bonds brasileiros foram absorvidos com prêmio relevante.
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O investidor comprou Raízen com juros de 5,85%. Já Petrobras e Eletrobras saíram a 6,25% e 6,75%, respectivamente.
A demanda superou a expectativa em três vezes. Isso significa que, assim, os aplicadores fizeram fila para comprar os papeis. E a maioria saiu de mãos abanando.
Bonds para além da Petrobras
Para os especialistas, o sucesso dos bonds das três companhias indica que, de fato, abriu-se a janela de oportunidades para captações.
“Eu acho que (a janela) está só começando”, diz Marcelo Tramontina Peixoto, gestor de crédito corporativo da Trígono.
Segundo estimativas do especialista de renda fixa do Santander, Miguel Diaz, o mercado deve ver um total de até US$ 22 bilhões em bonds emitidos por empresas brasileiras neste ano.
Para o investidor, afinal, a notícia pode ser boa por abrir uma nova frente de aplicações, em dólar, e em um momento de fechamento de spreads no mercado local.
Bonds com taxas de até 8,5%
E se Raizen e Petrobras negociam bonds abaixo de 6,5%, empresas como CSN (CSNA3) emitem seus títulos de crédito em dólar a 8,5%.
“As taxas são maiores que as das mesmas empresas aqui no Brasil. E ainda mais com exposição em dólar”, observa José Maria Silva, coordenador de alocação e inteligência da Avenue.
Para o especialista, o dólar é uma opção que no tempo vence com sobra o IPCA. “No Brasil, os investimentos têm uma correlação de 60%, seja qual for o investimento. Aplicar o dinheiro em dólar é uma forma de diversificar”, explica.
Como investir em bonds
A principal diferença entre o mercado dos Estados Unidos e do Brasil é a liquidez. Segundo dados do J.P. Morgan, os bonds emitidos por empresas e governos da América Latina têm giro diário médio de US$ 2,1 bilhões. É seis vezes mais que o mercado de crédito brasileiro.
Com tanto dinheiro e players é praticamente impossível que um investidor pessoa física consiga participar de uma emissão primária de bonds. Os títulos são disputados por gestores, assets e fundos de pensão de todo o mundo.
Mas quase que imediatamente os ativos ficam disponíveis no mercado secundário. E entram no cadastro das corretoras.
“A gente tem 80 bonds registrados. Os bancos americanos são os mais procurados. E, dentre as brasileiras, Cosan, XP, BTG e Itaú também são muito procurados”, afirma José Maria Silva.
Além de IOF e custos de operação de câmbio, já que é preciso comprar dólar para entrar nesse mercado, as corretoras cobram até 1% em taxas, que já estão descontadas dos prêmios.