Musk anuncia que Tesla vai demitir mais de 10% dos funcionários; o que está acontecendo com a empresa?

Ações já cairam quase 33% desde janeiro; empresa enfrenta intervalo entre lançamentos, juros altos e concorrência chinesa

O bilionário Elon Musk, das empresas Tesla e SpaceX. Foto: Patrick Pleul/Pool via REUTERS/File Photo/File Photo
O bilionário Elon Musk, das empresas Tesla e SpaceX. Foto: Patrick Pleul/Pool via REUTERS/File Photo/File Photo

O empresário Elon Musk enviou um comunicado aos funcionários da Tesla (TSLA34) informando a decisão de demitir “mais de 10% dos funcionários” ao redor do mundo. “Não há nada que eu odeie mais, mas precisa ser feito”, escreveu Musk.

Ele não informou qual é o número exato de cortes, nem quais áreas da empresa serão afetadas. Em seu último relatório anual, de dezembro de 2023, a Tesla reportou que tinha pouco mais de 140 mil funcionários. Ou seja, podemos estar falando do desligamento de ao menos 14 mil colaboradores da fabricante de carros elétricos.

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Por que Elon Musk está fazendo demissões na Tesla?

No comunicado enviado aos funcionários, publicado na íntegra pelo Business Insider, Elon Musk alega que a empresa cresceu rápido e que há “duplicação de cargos e funções em certas áreas”. Ele afirma que se mapeou as funções na companhia e por isso tomou a decisão pelos cortes.

“Enquanto nós estamos preparando a empresa para a próxima fase de crescimento, é extremamente importante olhar cada aspecto da companhia para reduções de custos e aumento da produtividade”, escreveu o empresário.

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Após a breve explicação, Elon Musk agradece seus agora ex-funcionários pelo trabalho ao longo dos últimos anos e pede a colaboração de quem ficou.

“Para os que ficam, eu quero agradecer antecipadamente pelo trabalho difícil que permanece à frente. Nós estamos preparando algumas das mais revolucionárias tecnologias em carros, energia e inteligência artificial”, conclui.

O que está acontecendo com a Tesla?

Musk fala a verdade quando diz que o número de funcionários da Tesla cresceu de forma acelerada. De 2020 para cá, o quadro de funcionários quase dobrou, segundo a Bloomberg.

No entanto, cargos e funções duplicadas não são o único motivo de preocupação para a empresa.

As ações da Tesla na Nasdaq já caíram quase 33% desde janeiro, um movimento que reflete preocupações com os resultados e as perspectivas da empresa. Em janeiro, quando os papéis já estavam recuando, a companhia admitiu que o crescimento das vendas de seus carros “pode ser notavelmente menor” neste ano.

Ao final do primeiro trimestre, a situação ganhou contornos mais dramáticos. No seu report trimestral, a Tesla informou que vendeu 386.810 carros no período, o que representa uma queda de 8,5% em comparação com o mesmo trimestre do ano anterior. Foi a primeira vez, desde 2020, que a empresa teve uma queda ano-a-ano

Há algumas razões apontadas para explicar esse fato. No início do ano, quando a Tesla abriu o jogo sobre crescer menos esse ano, Elon Musk citou as taxas de juros, que seguem altas nos Estados Unidos, e a concorrência com as empresas chinesas.

“Se não forem estabelecidas barreiras comerciais, elas [montadoras chinesas] vão praticamente demolir a maior parte das outras montadoras no mundo”, disse o CEO da Tesla.

De acordo com o jornal The Wall Street Journal, outro fator citado por executivos da empresa é que a Tesla está “entre duas grandes ondas”, aguardando seus próximos lançamentos para retomar a alta. Lançamentos estes que incluiriam um modelo mais barato voltado a alcançar um público e um robotáxi, veículo automatizado que está sendo prometido para o segundo semestre.

A Tesla e a China

Um país decisivo para o passado e o futuro da Tesla é a China. A inauguração da fábrica da empresa, a maior e mais produtiva, em terras chinesas foi um marco para a empresa e para Elon Musk.

Reportagem do jornal The New York Times detalha esse movimento. Enfrentando problemas com leis trabalhistas na Califórnia, Musk migra o grosso da produção da Tesla para a China onde, segundo o jornal, os relatos são de semanas de trabalho de 12 horas por dia, 6 dias por semana.

Por outro lado, a avaliação é que Elon Musk se tornou dependente do país asiático, uma vez que o percentual da produção oriundo de lá se tornou cada vez maior. Enquanto isso, nos últimos anos a Tesla ajudou no desenvolvimento da indústria local de componentes, além de uma geração de profissionais.

É justamente esse ecossistema industrial favorável que vira agora uma dor de cabeça para Musk, favorecendo o crescimento de empresas como a BYD. Acontece que, para preocupação da Tesla, as montadoras chinesas oferecem preços por vezes mais competitivos que a empresa de Musk, que fala em proteções comerciais.

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