Empresas Granolas: conheça as 11 magníficas da Europa e saiba se vale a pena investir nelas
Em 12 meses, o grupo representou 50% dos ganhos no índice Stoxx Europe 600
Se você tem interesse em investir no mercado europeu, precisa estar atento às empresas Granolas. Estamos falando de 11 companhias “magníficas da Europa”. A seguir, saiba quais são elas e se vale investir no grupo.
O que são as empresas Granolas?
O acrônimo Granolas foi cunhado pelo banco americano Goldman Sachs. Compõem o grupo as empresas farmacêuticas GSK e Roche, a empresa de chips holandesa ASML, a Nestlé e a Novartis da Suíça, a fabricante de medicamentos dinamarquesa Novo Nordisk, a L’Oréal e a LVMH da França, a AstraZeneca do Reino Unido, a empresa de software alemã SAP e a empresa de saúde francesa Sanofi.
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De acordo com reportagem publicada pelo Financial Times no final de fevereiro, em 12 meses, o grupo representou 50% dos ganhos no Stoxx Europe 600. O índice é formado a partir do desempenho de 600 empresas de diferentes portes que fazem parte do mercado europeu.
Os dados sugerem, segundo o periódico inglês, que a Europa está experimentando um fenômeno semelhante ao dos EUA, onde os gestores de fundos estão cada vez mais preocupados com a estreiteza de uma alta liderada por empresas de tecnologia. Estamos falando das Magnificent 7, ou as 7 Magníficas, grupo formado pelas gigantes tecnológicas que lideram Wall Street. A turma das big techs reúne Apple, Microsoft, Alphabet, Amazon, Tesla, Meta e Nvidia.
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“Os grandes continuam ficando maiores”, disse Peter Oppenheimer, estrategista-chefe global de ações do Goldman e chefe de macro, ao Financial Times. “Essa ideia de que você está obtendo uma concentração significativamente maior no mercado dos EUA chamou uma atenção maciça, mas também está sendo refletida em outros mercados”, declarou Oppenheimer. Ele disse esperar que as Granolas impulsionassem “quase todo” o crescimento de receita combinado das empresas do Stoxx 600 nos próximos anos.
As 11 magníficas da Europa
- GSK – farmacêutica
- Roche – farmacêutica
- ASML – empresa de chips holandesa
- Nestlé – empresa suíça do setor de alimentos e bebidas
- Novartis – Suíça – farmacêutica
- Novo Nordisk – fabricante de medicamentos dinamarquesa
- L’Oréal – França – cosméticos
- LVMH – França – moda
- AstraZeneca – Reino Unido – farmacêutica
- SAP – empresa de software alemã
- Sanofi – empresa de saúde francesa
Magnificent 7 x Granolas
A reportagem do Financial Times pontua que as Granolas são mais diversas do que o foco exclusivo em tecnologia das Magnificent 7.
De acordo com a publicação, o melhor desempenho do grupo em 12 meses é o da Novo Nordisk. Isso se deve ao entusiasmo dos investidores por seus medicamentos para perda de peso e diabetes, entre eles, o Ozempic.
A participação dos Granolas no índice Stoxx Europe 600 subiu para 25% no final de fevereiro, se aproximando dos 28% de peso das Magnificent 7 no S&P 500. No entanto, o agrupamento europeu, que tem uma capitalização de mercado combinada de cerca de US$ 3 trilhões (R$ 15 tri), é superado por seus pares nos EUA, que têm um valor combinado de cerca de US$ 13 trilhões (R$ 65 tri), de acordo com o Financial Times.
“As Granolas são mais baratas do que as Magnificent 7 em termos de múltiplo de lucros, negociando a 20 vezes os lucros previstos para o próximo ano, em comparação com os 30 vezes das Magnificent 7. Ambos os conjuntos de empresas são amplamente vistos como tendo balanços fortes e margens saudáveis. E, apesar da reputação das empresas europeias de se concentrarem em dividendos, investem parcelas semelhantes do fluxo de caixa em pesquisa e desenvolvimento e despesas de capital”, diz o Financial Times.
Tecnologia versus tradição
Apesar da comparação, Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, enfatiza que se trata de dois grupos distintos. “Nos EUA, a gente está falando de um grupo que é do mesmo setor, o de tecnologia. As Magnificent 7 estão na fronteira do desenvolvimento, sempre inovando. E são conhecidas por isso. Na Europa, por sua vez, são empresas que, muitas vezes, já são muito tradicionais há décadas. São companhias de varejo, consolidadas em diversas partes do mundo. São grandes conglomerados de empresas”, explica o especialista.
Cruz salienta que as entrantes do setor de saúde, como a Novo Nordisk, “essas sim, talvez estejam também numa fronteira do desenvolvimento de tecnologia para a saúde”. “Por isso, cresceram tanto em pouco tempo. E também tem uma empresa de luxo aqui no meio do grupo, a LVMH, que é outro caso. Se a gente for pegar o que a puxa para cima, quais são os vetores? Esta está mais na linha de um crescimento, de uma ascensão da classe média asiática, que tem esse desejo, se identifica com essas empresas de luxo europeias”, pontua ele.
Vale a pena investir nas empresas Granolas?
Mas será que vale a pena investir na empresas Granolas? Enzo Pacheco, analista da Empiricus, não aponta as empresas do grupo entre as sugestões de investimentos na carteira internacional da corretora.
Contudo, diz ele, “algumas teses seriam alternativas de investimento caso tenhamos uma realização nos preços das ações, uma vez que considero que se valorizaram significativamente em um curto espaço de tempo”.
Do grupo, o especialista em mercados internacionais destaca a ASML, fabricante de equipamentos para produção de chips, “tida como uma das principais empresas do mundo atualmente por conta da sua tecnologia”. “Considerando que a produção dos principais semicondutores se dá por meio de suas máquinas, a tese está seguindo muito a onda de Inteligência Artificial”, pontua Pacheco.
Setor da saúde
Já Gustavo Cruz afirma que as empresas do setor de saúde que estão inovando “têm se destacado porque realmente atuaram em uma dor de várias pessoas do mundo, a questão da necessidade de emagrecimento”.
“As pessoas queriam emagrecer, mas tinham muita dificuldade física e psicológica. E, com os remédios, elas estão conseguindo atuar nessa dor. Nesse sentido, há um público-alvo muito grande. O preço, entretanto, ainda é caro, mas pode ser barateado. A dúvida, claro, é como que elas vão lidar com patentes. Porém, de qualquer forma, essas empresas estão atuando em uma dor de décadas, de muito tempo da história, de forma inovadora”, analisa estrategista-chefe da RB Investimentos.
A tese da Novo Nordisk, “ou qualquer outra empresa ligada ao desenvolvimento de medicamentos voltado ao emagrecimento e seus benefícios”, também interessa a Pacheco. Porém, ele prefere apostar em um patamar mais baixo em relação ao preço das ações.
“Aliás, alguns dos outros players citados do segmento de saúde nessa lista (GSK, Roche, AstraZeneca, Sanofi), apesar de atualmente não estarem com produtos relacionados a esse tema [do emagrecimento], não podem ser descartados, dado o potencial desse mercado. Mas aí seria algo muito mais ligado à expectativa de que fariam algo nesse sentido do que fundamentos, que, em alguns casos, são interessantes”, afirma o analista de mercados internacionais da Empiricus.
Como investir nas Granolas?
De acordo com Enzo Pacheco, algumas dessas ações das Granolas são negociadas como ADR nas bolsas americanas, o que facilita o investimento.
Assim, para investir nelas a partir do Brasil, basta ter uma conta em uma corretora que dê acesso a essas companhias. Exemplos de ADRs são GSK, ASML, NVS (Novartis), NOV (Novo Nordisk), AZN (AstraZeneca), SAP e SNY (Sanofi).
A negociação das outras Granolas, explica Pacheco, ocorre nos EUA somente por meio do mercado de balcão. Nesse caso, as corretoras internacionais voltadas aos brasileiros não oferecem acesso a esse mercado.
Além disso, segundo Gustavo Cruz, o acesso a algumas das empresas Granolas pode ocorrer no Brasil via BDR.
Outra possibilidade é investir em alguns fundos multimercados. Estes, por sua vez, “compram fundos internacionais, que adquirem essas companhias diretamente”, explica o especialista.