Investir no exterior pode aumentar seu poder de compra – e nós te contamos o motivo

Especialistas explicam como a inflação e as políticas atuais impactam o real e o dólar, além de apontar produtos para investir fora do país

Manter alguns investimentos no exterior oferece diversificação e proteção, o que ajuda a preservar e aumentar o seu poder de compra - (Foto: Freepik)
Manter alguns investimentos no exterior oferece diversificação e proteção, o que ajuda a preservar e aumentar o seu poder de compra - (Foto: Freepik)

Os investimentos no exterior estão cada vez mais em evidência. E não apenas por conta da diversificação da carteira. Isso porque, investir fora do país pode ajudar a aumentar o seu poder de compra.

Afinal de contas, na roda da economia mundial, a inflação tem impactos diretos e indiretos na valorização das moedas, e claro, em diferentes classes de investimentos.

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“Por exemplo, a inflação alta no Brasil tende a desvalorizar o real. Isso porque, quando os preços sobem rapidamente, o poder de compra da moeda diminui, e os investidores internacionais podem perder confiança na estabilidade econômica do país. E isso leva a uma fuga de capital, reduzindo a demanda pelo real e causando sua desvalorização”, explica Edrey Pierre, fundador e CEO da Neela Gestão de Patrimônio.

Além disso, o aumento dos preços também afeta as operações de empresas. Isso porque podem ampliar ou prejudicar o faturamento (a depender do perfil da companhia e de sua capacidade de repassar os preços). Ou mais, encarecer suas operações ou suas dívidas – já que períodos longos de inflação pressionada tendem a levar a aumentos nas taxas de juros.

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“Com isso, a renda variável e o crédito privado também são afetados, de forma positiva ou negativa, a depender do dado e das particularidades de cada investimento”, argumenta Paula Zogbi, head de investimentos da Nomad.

Por que realizar investimentos no exterior?

Sem esquecer que o mercado financeiro brasileiro, embora desenvolvido, é relativamente pequeno e menos diversificado em comparação com mercados internacionais. “Investir em ativos denominados em dólares dá acesso a uma ampla gama de oportunidades globais. E isso inclui ações de empresas líderes mundiais, títulos de dívida de países desenvolvidos, fundos de investimento internacionais e outros instrumentos financeiros avançados”, fala Pierre.

E não para por aí. Ter investimentos no exterior pode oferecer proteção e diversificação, ajudando a preservar e aumentar o poder de compra dos brasileiros.

“Com uma estratégia bem planejada, é possível mitigar os riscos associados à desvalorização do real e à inflação alta. Ao mesmo tempo em que se aproveitam as oportunidades de crescimento nos mercados globais”, comenta o profissional.

Para brasileiros que viajam frequentemente ao exterior ou fazem compras internacionais, manter parte dos investimentos em dólares pode ajudar a proteger o poder de compra em outras moedas.

Em contrapartida, nos Estados Unidos, a inflação tem sido uma preocupação significativa. Especialmente após o período de estímulos econômicos intensificados pela pandemia. “Uma inflação alta persistente pode levar a um aumento nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed) para conter a alta dos preços”, comenta Pierre.

Aliás, o aumento nos juros torna os investimentos em dólares mais atraentes. O que leva a uma maior demanda pela moeda e, consequentemente, à sua valorização. “No entanto, se a inflação nos EUA for percebida como fora de controle, isso pode diminuir a confiança dos investidores, causando volatilidade no dólar”, afirma o especialista.

É possível ter liquidez com investimentos no exterior

Inclusive, vale saber que dá sim para investir fora do país mesmo que, em alguma emergência, haja a necessidade de usar o dinheiro sem grandes perdas.

“Para isso, basta escolher produtos que forneçam a liquidez adequada à sua necessidade. O processo de retorno de despolarização é bem simples e na maioria das vezes costuma demorar de 2 a 5 dias a depender do banco utilizado”, afirma Marlon Glaciano, planejador financeiro e especialista em finanças.

Bons investimentos no exterior

Então, de acordo com Paula Zogbi, qualquer investimento realizado no mercado americano pode ajudar na proteção do poder de compra. Afinal, o preço do ativo será cotado em dólares.

“Mas, se o intuito for a proteção patrimonial em si, evitando volatilidade, vale a mesma lógica do mercado brasileiro: a renda fixa de alta liquidez é mais indicada para fins mais conservadores ou objetivos de curto prazo”, diz a head de investimentos.

Boas opções de investimentos no exterior com esse foco são o SPDR Bloomberg 1-3 Month T-Bill ETF (BIL), o iShares 0-3 Month Treasury Bond ETF (SGOV) e o iShares Short Treasury Bond ETF (SHV), que são os maiores em ativos sob custódia dentro dessa categoria.

Em contrapartida, para objetivos de longo prazo ou aposentadoria, ainda mantendo o perfil conservador, ETFs ou títulos de renda fixa sem liquidez imediata podem funcionar como complemento à carteira para proteger o patrimônio nesse sentido. Alguns exemplos são os ETFs iShares 20+ Year Treasury Bond (TLT), o Vanguard Long-Term Treasury Index Fund (VGLT) e o SPDR Portfolio Long Term Treasury (SPTL).

“Caso o investidor tenha perfil moderado ou arrojado, pode buscar maior rentabilidade em investimentos com maior volatilidade, como ações, REITs ou ETFs de renda variável”, pontua Paula.

A especialista comenta que dentro dessa categoria, é interessante ficar de olho nos ETFs que replicam os maiores índices acionários do mundo, contendo empresas bem estabelecidas. “Existem, por exemplo, ETFs que replicam o desempenho do S&P500, do Nasdaq e do Dow Jones”, comenta.

Retorno financeiro médio

Para você ter uma ideia, Paula trouxe também o rendimento dos últimos 12 meses desses investimentos no exterior mencionados.

“Importante lembrar que os retornos desses ETFs incluem o pagamento de dividendos recorrentes. Os ETFs de renda fixa, por exemplo, remuneram o investidor de acordo com a taxa básica de juros americana. E sua volatilidade está atrelada às expectativas para os juros americanos”, explica.

Por outro lado, a especialista faz uma ponderação. “Vale lembrar que retornos passados não indicam rentabilidade futura”, afirma.

Desse modo, excluindo os dividendos, os retornos nos últimos 12 meses (em dólares) dos investimentos no exterior comentados foram:

  • SPDR Bloomberg 1-3 Month T-Bill ETF (BIL): 5,33%
  • iShares 0-3 Month Treasury Bond ETF (SGOV): 5,44%
  • iShares Short Treasury Bond ETF (SHV): 5,29%
  • iShares 20+ Year Treasury Bond ETF (TLT): -6,47%
  • Vanguard Long-Term Treasury Index Fund ETF (VGLT): -5,26%
  • SPDR Portfolio Long Term Treasury ETF (SPTL): 5,12%

Já os retornos dos índices citados no mesmo período (até 20 de maio de 2024) foram:

  • S&P500: 28,44%
  • Nasdaq: 32,42%
  • Dow Jones: 19,75%

Como investir no exterior com foco no poder de compra

Então, para aplicar parte do seu patrimônio em ativos fora do país, o passo a passo é bem simples. “Atualmente, basta abrir uma conta em dólar dentro das diversas opções de bancos disponíveis no Brasil e aproveitar o cenário de alta dos juros americanos”, ensina Marlon Glaciano.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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