É hora de investir em imóvel na Europa? Veja análise de especialista sobre 5 países

No final de janeiro, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu baixar as taxas de juro de referência pela quarta vez consecutiva. Será que essa é uma boa notícia para quem pensa em comprar um imóvel na Europa? Fizemos essa e outras perguntas a Pablo Alencar, especialista da Valor Capital. Confira as respostas logo abaixo:
Como evoluiu a taxa de juros na Europa nos últimos anos
Até 2022, o Banco Central Europeu vinha mantendo uma política monetária expansionista, com juros mais baixos, para estimular a economia. “Essa estratégia foi desenvolvida principalmente depois da pandemia”, afirma Pablo.
E o que significa taxa de juros baixa na Europa? Vamos lá. Imagina que em julho de 2022, ela era 0%. Isso mesmo: zero porcento. Depois, já no segundo semestre daquele ano, foi subindo até atingir 2% no ano.
“Em 2022 e 2023, porém, a Europa passou a viver uma crise energética (gerada principalmente pela guerra na Ucrânia)”, lembra o especialista. Então, em 2023, o BCE passou a elevar os juros para combater a inflação.
Na prática, 2023 começou com juros de 2,5% e chegou a 4% em setembro. Esse patamar se manteve até junho de 2024. “Foi quando o BCE voltou a reduzir a taxa porque entendeu que a inflação já estava controlada”, afirma Pablo.
De lá para cá, a taxa de referência foi caindo, até que em 30 de janeiro de 2025, sofreu mais um corte e chegou a 2,75%. Detalhe: o mercado espera mais quatro cortes até o final de 2025.
A redução nos juros é uma boa notícia para quem quer comprar imóvel na Europa?
Pablo explica que, da mesma forma que acontece no Brasil, na Europa a taxa de juros é uma referência para financiamentos imobiliários. Então, a redução atinge diretamente os juros do financiamento e de refinanciamento imobiliário, ou seja, hipoteca (home equity ou mortgage), explica ele.
“Portanto, a queda da taxa de referência tende a diminuir o custo do financiamento, o que torna o pagamento mensal mais acessível”, diz ele. Mas é preciso considerar que, ao mesmo tempo, isso aumenta o poder de compra dos consumidores e estimula o mercado imobiliário.
Valor do imóvel na Europa deve subir?
Isso quer dizer que o preço do imóvel vai subir? “É bem possível que sim”, responde o especialista. “Com as taxas mais baixas, o custo do crédito cai e a demanda aumenta”, explica.
Ou seja, mais gente vai querer comprar. Consequentemente, o preço tende a aumentar. “Especialmente em cidades ou regiões com muita demanda e oferta limitada de imóveis”, alerta.
Mas não é só isso, claro. Outros fatores podem influenciar os preços de casas e apartamentos na Europa, como a situação econômica do país, a confiança de consumidor etc.
Este é um bom momento para investir em imóvel na Europa?
“Depende do objetivo e do perfil do investidor”, pondera Pablo. Isso porque, como ele explica, a queda na taxa torna o financiamento mais acessível. “Pode ser um bom momento para comprar imóvel para quem busca investimento de longo prazo ou para uso próprio”, acredita.
Mas ele alerta que é importante considerar outros fatores, como a saúde econômica de cada país e a tendência do mercado imobiliário local, por exemplo.
“Em países como Alemanha e França, por exemplo, o mercado está mais estável”, diz ele. “Em outros, como Espanha e Portugal, é possível encontrar oportunidades em regiões específicas com bom potencial de valorização”, acredita.
Qual é o melhor país europeu para investir em imóveis agora?
Isso também vai depender de vários fatores, incluindo objetivo do investimento, orçamento e tolerância a risco. Mas vamos analisar cada país separadamente:
Portugal
Portugal, por exemplo, atrai investidores estrangeiros porque tem custos relativamente baixos em comparação com outros países da Europa. As cidades mais procuradas são Lisboa e Porto, nessa ordem. Não por acaso, também são as mais caras para comprar casa ou apartamento.
Vale saber que mesmo com o aumento dos juros que ocorreu nos últimos anos, o preço dos imóveis no país continuou subindo. De acordo com dados do Idealista, uma espécie de coletor de anúncios de imóveis, os preços subiram 10,4% comparando dezembro de 2024 com dezembro de 2023.
Atualmente, o custo médio do metro quadrado no país é de cerca de 2,8 mil euros (cerca de R$ 17 mil) – valor mais alto em toda a série do índice de preços do site. E em Lisboa, o valor é bem mais alto. São nada menos do que 5.718 euros por metro quadrado (qualquer coisa em torno de R$ 34 mil).
No Porto, a média é 3.705 euros (cerca de R$ 22 mil). Mas há cidades mais baratas. Braga, que é a terceira maior cidade do país, tem custo médio de 1.975 euros por metro quadrado (perto de R$ 11,9 mil).
Apenas para comparar, em São Paulo, o preço médio do metro quadrado de acordo com o Índice FipeZAP está em torno de R$ 11,5 mil. Mas há bairros que custam mais. No Itaim Bibi, por exemplo, o metro quadrado está em torno de R$ 18,5 mil. Em Pinheiros, um pouco menos, cerca de R$ 18 mil. No Rio de Janeiro, o preço médio é de R$ 10,3 mil, mas no Leblon fica na faixa dos R$ 25 mil.
Espanha
De acordo com o especialista, Espanha também pode ser uma alternativa para comprar imóvel na Europa. “Os preços são mais competitivos do que em outros países da Europa central”, afirma. Aqui, o foco está em Madri, Barcelona e cidades da Costa do Sol.
A média de preço do metro quadrado de um apartamento no país é de 2.365 euros (R$ 14,2 mil). E o Properstar indica aumento de 19% nos preços nos últimos 12 meses. Em Madri, o metro quadrado de um apartamento custa em média 4.011 euros (cerca de R$ 24 mil).
Alemanha
Para Pablo, Alemanha, por outro lado, é um mercado mais caro, que oferece estabilidade econômica maior que outros países e tem grande demanda por imóveis. Em média, segundo o Properstar, o metro quadrado no país custa 4.741 euros (algo como R$ 28,5 mil). Em Berlin, apenas por curiosidade, média é 8.515 euros (por volta dos R$ 51 mil).
Polônia
“Uma opção para quem procura mercados emergentes é a Polônia, que tem mostrado um crescimento econômico consistente no mercado imobiliário, que está em expansão principalmente em cidades como Varsóvia e Cracóvia”, diz o especialista.
Grécia
“Depois de anos de crise, o mercado imobiliário grego está se recuperando e tem preços atrativos e oportunidades em algumas ilhas como Creta e Mykonos.”
Brasileiro pode comprar imóvel nesses países sem ter residência?
Sim, brasileiros podem comprar imóveis em Portugal, Espanha, Alemanha e Grécia mesmo que não tenham residência por lá. “Na Polônia, também é possível, mas pode ser necessário obter uma permissão especial do Ministério do Interior para certos tipos de propriedades, como terras agrícolas”, diz ele. “Para apartamentos e casas na cidade, geralmente não há restrições”, complementa.
E é possível pedir crédito imobiliário na Europa?
“Em geral, sim, mas pode ser mais difícil para quem não tem residência no país”, alerta o especialista. E ele detalha as condições gerais de cada país.
- Portugal e Espanha costumam oferecer financiamento para estrangeiros, mas exigem entrada maior (geralmente de 30% a 40% do valor do imóvel).
- Alemanha é mais restritiva, mas alguns bancos podem financiar estrangeiros, desde que comprovem renda estável.
- Polônia pode ser mais burocrática para não residentes, mas é possível obter financiamento.
- Grécia tem regras mais rígidas e raramente concede financiamento para estrangeiros sem vínculo local.
Pablo lembra ainda que existem consórcios realizados no Brasil para quem quer comprar imóveis no exterior. No geral, a dica para quem pensa em comprar imóvel no exterior é sempre buscar ajuda profissional.
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