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Por que a Microsoft deixou a Apple para trás e se tornou a empresa mais valiosa do mundo?
No mês passado, a Microsoft (MSFT) deixou a Apple (APPL) para trás e, desde então, se consolidou como a empresa mais valiosa do mundo. Em 12 de janeiro, a desenvolvedora do Windows terminou o dia valendo US$ 2,88 trilhões, enquanto o valor de mercado da fabricante do iPhone fechou em US$ 2,87 trilhões.
Mas, afinal, por que a Microsoft conquistou a liderança entre as marcas mais valiosas do mundo? A seguir, analistas comentam os motivos do sucesso da empresa. Confira também se é hora de comprar papéis da Microsoft.
Inteligência Artificial: o trunfo da Microsoft
O índice S&P 500 atingiu máximas históricas neste ano. E grande parte dessa performance tem a ver com o forte desempenho de um número limitado de ações. Estamos falando especialmente das big techs, entre elas, a Microsoft e a Apple.
Segundo o fechamento do mercado americano da última sexta-feira (16), a primeira tinha um valor de mercado de US$ 3 trilhões. Já a Apple valia US$ 2,81 trilhões. O levantamento foi feito por Enzo Pacheco, analista de mercados internacionais da Empiricus, a partir de dados da Bloomberg. Veja abaixo:
De acordo com o especialista, um fator relevante para a Microsoft ter tomado o posto da Apple como a empresa mais valiosa do mundo está relacionado à expectativa dos investidores em relação à Inteligência Artificial.
Microsoft Copilot 365
“Diferentemente da criadora do iPhone, a empresa fundada por Bill Gates já anunciou há algum tempo produtos e serviços ligados à IA, como o Microsoft Copilot 365. Inclusive anunciou a primeira mudança em mais de três décadas nos teclados dos computadores, com um botão que aciona essa aplicação”, destaca o especialista.
Pacheco entende que parte da empolgação é proveniente do fato de que esse produto teria a capacidade de trazer cada vez mais receita para a companhia. Incialmente, o Copilot foi anunciado com o preço de US$30/licença.
“Algumas estimativas apontam que, se 10% dos clientes corporativos da Microsoft utilizarem o serviço, isso pode representar um aumento de US$ 9 bilhões a US$ 14 bilhões na receita anual da companhia. Para se ter uma ideia, a receita anual nos últimos doze meses chegou perto dos US$ 230 bilhões”, ressalta o analista.
Vantagem sobre concorrentes
Nilson Marcelo, analista quantitativo da CM Capital, faz coro com Pacheco. Ele reforça que os preços das ações da empresa mais valiosa do mundo estão altos devido à forte demanda e ao entusiasmo em torno de seus produtos de IA. Nesse sentido, Marcelo também destaca o Microsoft Copilot 365.
“A ferramenta de IA está integrada ao pacote de produtividade baseado em nuvem 365. Oferece recursos interessantes, como leitura de e-mails, resumo de conteúdo, geração de respostas e até criação de planilhas e apresentações. Essa ferramenta de produtividade proporciona um retorno significativo sobre o investimento para empresas e cria uma vantagem sobre os concorrentes”, afirma ele.
O analista da CM Capital pontua que há um “otimismo geral” quanto ao crescimento potencial das vendas do Copilot. Nesse sentido, projeta-se que se possa adicionar até US$ 4 bilhões em vendas anuais até 2025 com o produto. “Além disso, a busca pelo Copilot por parte das empresas indica um futuro promissor para a IA nos negócios. Isso aumenta a confiança dos investidores nas ações da Microsoft”, acrescenta Nilson Marcelo.
Comparação com outros mercados surpreende
De acordo com William Castro Alves, sócio e estrategista-chefe da corretora digital Avenue e colunista da Inteligência Financeira, para entender a força da Microsoft, também vale comparar o seu valor com outros mercados. Por exemplo:
- Seu valor é maior do que o de mais de 200 empresas listadas na bolsa da Alemanha, as quais somam US$ 2,25 trilhões.
- Seu valor é três vezes maior do que o das 80 maiores empresas brasileiras somadas (~US$ 870 bilhões).
- Seu valor é mais do que o dobro do mercado coreano (~US$ 1,2 trilhão).
Vale a pena comprar ações da empresa mais valiosa do mundo?
Na avaliação do analista de mercados internacionais da Empiricus, as ações da Microsoft não estão baratas, negociando por quase 35 vezes seus lucros futuros. Entretanto, Pacheco salienta que “estamos diante de uma tecnologia que veio para ficar, com as empresas precisando investir cada vez mais para não ficar para trás”.
Sendo assim, ele sugere uma exposição pequena no ativo (1% a 3% da carteira internacional), “para continuar surfando essa onda”. Assim, o investidor sofrerá um “impacto pequeno caso a gente veja uma correção nos mercados — considerando que a ação tem o maior peso no S&P 500 (7% do índice)”.
Por outro lado, de acordo com avaliação de Nilson Marcelo, “o papel segue em uma forte tendência de alta”, com recomendação de compra.
De acordo com 34 analistas de Wall Street, o preço-alvo médio para a ação da Microsoft é de US$ 469,45. A previsão máxima é de US$ 600, enquanto a mínima é de US$ 440. O preço-alvo médio representa uma variação de 16,55% em relação ao preço de fechamento desta terça-feira (20), de US$ 402,79.
Os dados foram reunidos pela TipRanks, empresa de tecnologia financeira que usa inteligência artificial para analisar dados financeiros para fornecer ferramentas de pesquisa de mercado de ações para investidores de varejo.
Dos 34 analistas, 32 recomendam a compra das ações da empresa mais valiosa do mundo. Temos ainda um analista com avaliação neutra para os papéis e outro que sugere a venda da ação.
Último balanço
A Microsoft teve lucro líquido de US$ 21,9 bilhões no segundo trimestre fiscal de 2024 (equivalente ao último de 2023), uma alta de 33% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Em termos ajustados, a empresa teve lucro de US$ 2,93 por ação, acima do consenso de US$ 2,77 de analistas consultados pela FactSet.
Já a receita da Microsoft subiu a US$ 62 bilhões, avançando 18% no confronto anual. O valor também superou o esperado pelo consenso da FactSet, US$ 61,1 bilhões. Os resultados também abarcam a aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft em outubro de 2023.
A receita em Nuvem Inteligente da empresa foi de US$ 25,9 bilhões e aumentou 20% com relação ao ano anterior. As receitas de produtos de servidor e serviços em nuvem aumentaram 22%, impulsionada pelo crescimento de 30% da receita do Azure e de outros serviços. O Azure é uma plataforma de computação em nuvem executada pela Microsoft, que oferece acesso, gerenciamento e desenvolvimento de aplicativos e serviços por meio de data centers globais.
“A forte execução de nossas equipes de vendas e parceiros levou a receita da Microsoft Cloud a US$ 33,7 bilhões, um aumento de 24% (22% em moeda constante) em relação ao ano anterior”, afirmou a vice-presidente executiva e diretora financeira da Microsoft, Amy Hood.
Números da IA
Segundo Hood, a IA foi responsável por 6 pontos percentuais no crescimento dos serviços ligados ao Microsoft Azure e outros produtos de cloud no último trimestre fiscal (2T24). Como comparação, no 1T24, esses produtos e serviços foram responsáveis por 3 pontos percentuais de crescimento desses produtos e serviços.
De acordo com o CEO da empresa, Satya Nadella, a empresa mais valiosa do mundo conta com 53 mil usuários do Azure. Desses, um terço são novos aos serviços no último ano.
“O espaço para crescimento desse produto é ainda muito grande, considerando que o segmento Intelligent Cloud conta com uma base instalada de 268 milhões de usuários”, afirma Enzo Pacheco, analista de mercados internacionais da Empiricus.
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