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Mutual funds: saiba tudo sobre os fundos de investimento focados no exterior
Para quem está em busca de diversificação de investimentos fora do país, os mutual funds são uma alternativa que une o potencial de retorno do mercado financeiro com a expertise de gestores profissionais. Ficou interessado? A seguir, confira os princípios desse tipo de ativo, suas vantagens e desvantagens e como eles se adaptam ao portfólio de diferentes perfis de investidores.
O que são mutual funds?
Mutual funds significa fundos mútuos, que é a estrutura de um fundo de investimento, com um gestor que administra os seus recursos. De acordo com a SEC (U.S. Securities and Exchange Commission), agência independente responsável por proteger e regular o mercado de capitais americano, os mutual funds são fundos de investimentos abertos que podem ser investidos pelo público em geral.
“Muito mais simples do que parece, o mutual fund, por ser um termo em inglês, pode às vezes assustar ou parecer uma estrutura diferente. Mas ele nada mais é do que um fundo de investimento comum. É por ele que as pessoas investem em conjunto, de forma mútua, dentro de uma estrutura gerida por um gestor profissional”, explica Mayara Ranni Sekertzis, head de fundos e previdência da Manchester Investimentos.
Assim, esses fundos reúnem o dinheiro de muitos investidores e o aplica em ações, títulos de renda fixa, instrumentos de mercado monetário de curto prazo e outros valores mobiliários ou ativos – ou alguma combinação desses investimentos. Nesse sentido, é uma forma de diversificar o risco sem precisar lidar diretamente com a avaliação de cada ativo.
“Os mutual funds são fundos de investimento constituídos no exterior. São classificados e segmentados pelas estratégias que cada um segue. Nós temos, por exemplo, fundos que acompanham a renda fixa global, a renda fixa americana e a renda variável de mercados emergentes. Cada um tem a sua área de atuação, a sua classe de ativos já pré-determinada. São fundos que dificilmente vão mesclar várias classes e várias estratégias simultaneamente”, pontua Larissa Frias, planejadora financeira do C6 Bank.
Um pouco de história
Segundo a corretora Avenue, os primeiros registros de fundos de investimento datam de 1849, na Suíça, sob o nome de “Société civile Genèvoise d’emploi de fonds”. No entanto, a ideia de um “pool de investimentos”, algo mais semelhante ao que conhecemos hoje, com a distribuição de cotas, surgiu nos Estados Unidos em 1890.
O primeiro mutual funds ‘’moderno’’, isto é, sem limitações quanto ao número de cotistas, foi criado em 1924 nos EUA. Trata-se do Massachusetts Investors Trust e é um fundo que existe até hoje, de acordo com a Avenue.
O governo americano começou o processo para regular essa modalidade de investimento com o Securities Act em 1933 e seu subsequente adendo o Securities Exchange Act em 1934. Ambos têm o objetivo de proteger os investidores. Para isso, exigem que os fundos tenham registros na SEC e forneçam relatórios informando suas posições e prospectos dos fundos.
A indústria continuou a se expandir ao longo dos anos, e, de acordo com o Statista, os EUA contavam em 2022 com 7.393 mutual funds.
Como os mutual funds podem gerar retorno?
Os mutual funds são uma espécie de “condomínio” de investidores, que são chamados de cotistas. Eles se unem com o objetivo de aplicar seus recursos de maneira conjunta no mercado financeiro e de capitais.
“Da mesma forma que em um condomínio, a manutenção de toda a estrutura é dividida, ou seja, fica muito mais barato fazer essa divisão para contar com uma piscina e uma quadra, por exemplo, do que pagar por tudo sozinho. No mutual fund, você tem todos os custos diluídos entre todos os investidores e consegue acessar uma gama maior de produtos”, compara Mayara.
Sendo assim, o patrimônio de um mutual fund é formado pela soma do dinheiro dos cotistas que são gerenciados por uma instituição ou um profissional, o gestor.
Distribuição de rendimentos
Já os rendimentos são distribuídos entre os participantes, de acordo com a proporção do valor depositado por cada um. “Os cotistas normalmente obtêm um retorno de um fundo mútuo por meio da diferença entre preço de compra e venda, isto é, se você comprar um mutual fund por um preço menor do que o seu valor no dia da venda, você pode ganhar dinheiro com essa diferença. Por outro lado, se o preço de compra for maior, você poderá ter um prejuízo”, explica a Avenue.
Vantagens e desvantagens dos mutual funds
De acordo com os especialistas consultados pela Inteligência Financeira, a principal vantagem de se investir em mutual funds hoje é a gestão profissional. “Vale muito ter uma gestão profissional de uma pessoa que entende com mais profundidade as tendências de mercado. Quando a gente pega boas gestoras num prazo um pouco mais longo, a tendência é que esses fundos tenham um desempenho mais interessante”, afirma Larissa Frias.
Outro benefício é a diversificação. “Com os mutual funds, temos uma possibilidade de diversificação muito mais rica e muito mais ampla de que quando investimos ativo a ativo. Isso porque, em um investimento único, você consegue ter uma pulverização de ativos, classes diferentes. No longo prazo, os mutual funds tendem a ser não só mais eficientes em relação a retorno, mas também quanto a risco. Especialmente quando a gente fala de renda fixa, no qual tem todo aquele cuidado com o risco de emissor e com a qualidade do crédito”, destaca a planejadora financeira do C6 Bank.
Em resumo, as principais vantagens dos mutual funds são:
- Diversificação da carteira: por meio desses fundos, o investidor consegue acessar facilmente diversos mercados no mundo todo, sem limite de exposição em uma ou outra localidade.
- Gestão profissional: há um gestor por trás do fundo para gerir da melhor forma a carteira.
- Não há come-cotas: os mutual funds não estão sujeitos à cobrança de come-cotas, como existe nos fundos de investimentos no Brasil, que é uma antecipação do Imposto de Renda feita duas vezes por ano pelo governo brasileiro. De acordo com a Avenue, nos mutual funds, só há a necessidade de pagamento de imposto quando você vender as suas cotas.
Desvantagens dos mutual funds
A principal desvantagem dos mutual funds, conforme a corretora Avenue, seriam as taxas de administração. Isso ocorre porque o investidor está delegando a administração do recurso ao gestor.
“Os mutual funds cobram uma taxa de administração com o objetivo de cobrir os custos administrativos dessa gestão. As taxas de administração são anuais, cobradas diariamente de forma pró rata”, explica a Avenue.
Na avaliação de Mayara Sekertzis, quando se fala em desvantagem desse tipo de produto, vai muito em linha com “tomar a decisão correta”. “Um produto, seja um fundo, seja qualquer outro tipo de ativo, deixa de ser vantajoso quando ele não conversa com os objetivos do investidor. Assim, é preciso ter em mente qual é o seu objetivo com o investimento, qual o seu prazo com o produto, qual é o nível de risco que você quer tomar, o quanto você aguenta de volatilidade”, enfatiza a head de fundos e previdência da Manchester Investimentos.
Tipos de mutual funds
A seguir, confira os tipos de mutual funds, de acordo com a corretora Avenue:
Renda Fixa
Os bond funds, ou fundos de renda fixa, fornecem uma exposição a vários tipos de títulos de renda fixa como os corporate bonds (títulos de dívida corporativos) e government bonds (títulos de dívidas do governo, tanto americano quanto de outros países). Dentro deste grupo existem várias subcategorias, entre elas:
- Money Market: são fundos que investem em ativos de renda fixa de curto prazo, como em Treasury bills. Tais fundos possuem prazos de resgate bem rápidos. Além disso, esses fundos possuem uma particularidade de serem isentos de taxa de aporte para entrada e saída.
- Curta duração: são fundos que investem em ativos de renda fixa de curto prazo, isto é, com vencimento de até 1 ano.
- Flexível: são fundos que investem em títulos de renda fixa com prazos de vencimento variados.
- High yield: são fundos que investem em títulos de renda fixa com um risco maior quando comparados a títulos conhecidos como investment grade; entretanto, projetam uma rentabilidade maior.
- Emergentes: são fundos que investem em títulos de renda fixa de países emergentes.
Multimercados
Os fundos multimercados possuem uma exposição diversificada por meio de investimentos que englobam diversas classes de ativos, como títulos de renda fixa, ações ou investimentos alternativos. Dentro deste grupo, existem várias subcategorias:
- Balanceado: são fundos que possuem uma alocação balanceada entre renda fixa e renda variável. No entanto, obrigatoriamente vai alocar uma porcentagem em cada uma dessas classes.
- Alternativo: são fundos que possuem várias classes de ativos diferentes, por exemplo, commodities, moedas, REITs, ETFs e bonds.
Ações
Os stock funds, ou fundos de ações, são fundos que possuem exposição em ações tanto americanas quanto em outros países. Confira algumas subcategorias:
- Estados Unidos: são fundos que investem em ações de empresas americanas.
- Global: são fundos que investem em ações do mundo todo, realizando operações a depender do cenário econômico.
- Europa: são fundos que investem em ações de empresas europeias.
- Emergentes: são fundos que investem em ações de empresas em países emergentes.
- Japão: são fundos que investem em ações de empresas do Japão.
- Temático: são fundos que investem em ações de empresas de setores específicos, por exemplo, fundos voltados para saúde, focados em sustentabilidade etc.
Quem faz a gestão desses mutual funds?
As maiores gestoras de recursos do mundo, por exemplo, BlackRock e JP Morgan.
Como comprar um mutual funds?
O primeiro passo é abrir uma conta em uma corretora americana. Com a conta aberta, é necessário fazer uma remessa de recursos e, na, sequência realizar câmbio de real para dólar. Com os dólares disponíveis, e uma vez escolhido o ativo, é só fazer a compra, que pode ser por meio de um aplicativo.
Como escolher os mutual funds para sua carteira?
Na hora de escolher um mutual fund, é importante levar em consideração o seu perfil de investidor, e considerar alguns critérios, como risco, alocação do fundo e gestora.
“O que deve estar no radar do investidor em primeiro lugar são os custos dos fundos. Os mutual funds cobram a taxa de administração para manter a estrutura. Alguns, inclusive, podem cobrar outras taxas como, por exemplo, a de performance. É importante que o investidor tenha isso no radar para que acomode direitinho as expectativas dele”, explica Larissa Frias.
Em relação aos riscos, é importante que o investidor conheça a gestora que está fazendo administração do recurso dele.
“Existem várias classificações quando a gente olha para os investimentos no exterior. A mais comum delas é a classificação pela Morningstar, que é uma empresa líder de pesquisa de investimentos global. É importante essa pesquisa da qualidade da gestora, de como ela administra os fundos no portfólio e de como está o desempenho desses produtos no mercado”, acrescenta a planejadora financeira do C6.
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