Como chegamos até aqui? Confira uma retrospectiva do que aconteceu nos mercados dos EUA em 2023
Para 2024, colunista acredita que os benefícios da diversificação geográfica e o acesso a produtos de investimentos globais são um fator fundamental para a carteira de qualquer investidor
Para começar o ano, nada melhor do que uma retrospectiva com um balanço do que aconteceu nos mercados em 2023. Bolsas em ascensão, renda fixa, Magnificent 7 e muitos assuntos interessantes para você, investidor global. Confira uma retrospectiva do que aconteceu nos mercados dos EUA em 2023.
Como chegamos até aqui… o filme da economia
Somos humanos, e nossa vida acontece todos os dias. Assim também é no mercado. Mais que uma foto, precisamos entender o filme.
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2020
Fazendo uma retrospectiva rápida, podemos dizer que 2020 foi o ano da pandemia, da grave e grande crise que muitos estimavam nos anos anteriores e que acabou afetando o mundo de forma inesperada. O crescimento colapsa, o desemprego explode, as incertezas foram muitas e o mercado reagiu a isso.
2021
Um montante colossal de recursos foi jogado na economia. Além disso, vivemos o ano da recuperação… em “V”, contrariando os mais pessimistas. Forte crescimento econômico, redução do desemprego e preços de ativos, bens e serviços, todos para cima.
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2022
Como reflexo do que se passou nos anos anteriores, vivemos um ano de desaceleração da economia, sedimentação da inflação. Isso especialmente após o estopim da guerra entre Rússia e Ucrânia que joga os preços de petróleo e gás nas alturas. Passamos o ano de 2022 muito preocupados com a inflação e até onde os juros americanos poderiam ir. Como reflexo dessas preocupações, o mercado embutiu nos preços dos ativos a certeza de uma recessão em 2023, com bolsa para baixo, juros para cima.
2023
Penso que 2023 vai entrar para a história como um ano que contrapôs todas as previsões possíveis! Mesmo se você tivesse a habilidade de viajar no futuro e ter acesso a algumas informações do que iria acontecer, penso que seria possível que seu desempenho como investidor não fosse tão exuberante.
Deixe-me explicar…
Tivemos a segunda, terceira e quarta maiores falências de bancos dos EUA! Lá em março, o mercado foi sacudido com aquilo que parecia o estopim de uma nova grave grande crise, a qual muitos acreditavam que um “novo 2008” estaria acontecendo.
Tivemos o estopim de mais um conflito no mundo, dessa vez no Oriente Médio entre Israel e o Hammas.
Tivemos a China decepcionando em termos de crescimento econômico.
Começamos o ano com a economia desacelerando, os juros subindo e uma inflação nas alturas.
Quem imaginaria que terminaríamos o ano com bolsas nas máximas, crescimento econômico e um cenário benigno na inflação?!
“No landing”
Então, penso que 2023 vai ser marcado pelo ano do “no landing”, da resiliência da economia americana que, ao contrário dos prognósticos, viveu um cenário de crescimento com uma inflação cedendo. O ano no qual o improvável parece ter acontecido, ou seja, a possibilidade de a inflação ceder sem que tivéssemos uma crise e/ou recessão nos EUA – pelo menos essa foi a realidade até aqui.
Com a inflação cedendo, criaram-se as bases para que chegássemos ao teto de juros; para que chegássemos ao final do maior e mais rápido ciclo de aperto monetário em décadas nos EUA. O ano foi marcado pelo acompanhamento dos indicadores de inflação, as decisões de juros e os comentários das autoridades monetárias.
E, ao passo que a economia surpreendeu pela resiliência, a inflação seguiu uma trajetória benigna, e, mais e mais passamos a especular com o final do aperto monetário, os mercados foram refletindo isso.
Mercado de ações em 2023
Começamos o ano com a perspectiva de que 2023 iria repetir 2022, ou seja, após queda no ano anterior, o pessimismo pairava no ar.
Contrariando totalmente as expectativas o mercado caminha (escrevo dia 28/12/23) para encerrar o ano com fortes altas. Temos o índice Nasdaq com alta de mais de 45%, o S&P500 subindo mais de 25% e o Dow Jones com alta de cerca de 13%.
Uma inflexão e tanto, em especial em alguns ativos que haviam apresentado performance bastante fraca no ano anterior (2022).
Inteligência Artificial e as “Magnificient 7”
Obviamente que não posso deixar de mencionar o tema Inteligência Artificial. O ano de 2023 ficará para a história como o ano do estopim da inteligência artificial como uma ferramenta mais próxima do grande público, passando a fazer parte da nossa vida e isso também sendo refletido no mercado.
Vimos surgir a expressão “Magnificent 7”, que se refere a um grupo de empresas influentes e que apresentaram um alto desempenho no mercado de ações dos EUA: Alphabet, Amazon, Apple, Meta Platforms, Microsoft, NVIDIA e Tesla. Empresas essas que, em maior ou menor medida, se relacionam ao tema da inteligência artificial e seus possíveis desdobramentos. E, como reflexo das altas nas ações, vimos o índice S&P500 se tornar ainda mais concentrado. Assim, essas sete empresas representaram quase 30% da performance do índice.
E, após as altas recentes, acabamos o ano próximos a máximas históricas e com o mercado operando em patamares de ganância elevada.
No mercado de renda fixa…
Começamos o ano com a curva de juros invertida, ou seja, taxas dos títulos de curto prazo maiores que dos títulos longos. Aquilo que muitos viam como um indicativo de potencial recessão.
A recessão não veio, mas encerramos o ano ainda com a curva invertida, ainda que sua inflexão tenha se reduzido. Isso porque ao longo do ano vimos as taxas dos títulos longos também subirem.
Ao passo que os yields foram subindo, vimos ao longo do ano um influxo muito grande de recursos para treasuries, fundos Money Markets e instrumentos de renda fixa em geral.
O mercado quis se aproveitar das maiores taxas de juros das últimas décadas. Pesquisa do Bank of America Merrill Lynch mostra que os gestores se mostraram otimistas (bullish) com alocações em bonds.
A ideia de contratualizar retornos (yield), garantindo uma renda fixa e eventualmente se beneficiar de um “fechamento de curva” (redução dos yields) que podem gerar um impacto positivo nos preços dos bonds – tal qual vimos mais recentemente (de novembro para cá).
O racional do mercado é que, se os juros cederem (tal qual como vimos recentemente), os bonds poderiam passar por uma marcação a mercado.
Novembro
Mas parte importante da “história do mercado em 2023” no que se refere à renda fixa aconteceu a partir de novembro, tal qual comentamos aqui (Ponto de inflexão: Rali de Natal pode ser antecipado?).
Ou seja, observamos um fechamento de curva, uma interpretação pelo mercado de que os juros em 2024 possam ceder, e isso foi sendo antecipado pelo mercado.
Ou seja, o mercado acredita que os juros (Fed Funds) sairão dos atuais 5,25% a 5,50% para algo próximo a 4% ao fim de 2024. Em outras palavras, é isso que já se incorporou nos preços recentemente.
E 2024…
Para 2024, sigo acreditando que os benefícios da diversificação geográfica e o acesso a produtos de investimentos globais são um fator fundamental para a carteira de qualquer investidor brasileiro, em qualquer momento econômico e/ou de mercado.
Não sabemos qual será o comportamento do dólar, da bolsa, dos juros etc. Mas posso garantir que estarei aqui sempre aberto e disponível para ajudar todos vocês, investidores globais, afinal essa é a minha missão.