Quanto renderam R$ 50 em 30 anos, desde o lançamento do Plano Real?
Quem investiu dinheiro no lançamento do Plano Real, em 1994, apostou em uma economia de incertezas. Apesar da esperança no Plano Real, o fantasma de hiperinflação ainda assombrava. Mesmo assim, há quem tenha se arriscado e feito bom negócio. A Inteligência Financeira ouviu especialistas para descobrir quanto lucraram os brasileiros que quem investiram R$ 50 em 1994 em diferentes ativos. Aliás, este foi o ano em que a nota foi lançada.
Há 30 anos o mercado de capitais era incipiente e poucas opções de ativos estavam disponíveis. “As pessoas aplicavam, basicamente, em imóveis e na poupança”, relembra Marcos Milan, professor da FIA Business School.
Ativos atualmente populares como ações de estatais, fundos de investimento e o Ibovespa demoraram a ganhar força em um país de “inflação galopante”, segundo o especialista.
Mesmo com a poupança rendendo de 12% a 39% ao ano, entre 1994 e 1999, a renda variável conseguiu atrair investidores com apetite ao risco.
Para Jacinto Santos, analista CNPI da CM Capital, estes investidores “buscavam retornos maiores ajustados ao risco e que poderiam render consideravelmente mais que a poupança”.
Com a ampliação dos investimentos estrangeiros o mercado de capitais se fortaleceu e este público ganhou novas opções de investimento, explica Santos.
Mas quem não diversificou e se ateve à renda fixa lucrou bem menos do que o investidor arrojado.
Quanto renderam R$ 50 em 30 anos?
Alguns investidores aproveitaram as altas taxas de juros; outros foram para as ações.
Quanto acumulou quem investiu R$ 50 em 1994 em diferentes ativos, sem considerar a inflação.
De toda forma, veja abaixo quanto renderam R$ 50 nos ativos listados abaixo, de 1994 até hoje.
Os rendimentos são de quem aplicou R$ 50 uma única vez, e não fez aportes adicionais ou resgates entre 1994 e 2024.
E atenção: o levantamento feito pela FIA (Fundação Instituto de Administração) não considera a inflação do período:
| Tipo de aplicação | Valor acumulado em 2024 |
| Poupança | R$ 719,99 |
| Dólar | R$ 229,95 |
| Investimentos indexados à inflação/IPCA | R$ 231,17 |
| Investimentos indexados ao CDI/100% da Selic | 3.052,46 |
| Ibovespa | R$ 629,94 |
| Ações da Petrobrás (PETR3) | R$ 2.256,44 |
| Ações da Vale (VALE3) | R$ 6.261,30 |
| Ações da Hering (HGTX3) | R$ 1.196,15 |
Caderneta venceu o Ibovespa
Você vai perceber algumas curiosidades neste levantamento.
Um deles é rentabilidade da poupança e o resultado do Ibovespa. Na análise do professor Marcos Milan, da FIA, houve pouca diferença de rentabilidade entre ativos como poupança e Ibovespa. Mesmo assim, a segurança da caderneta ainda atraiu o interesse de grande parte dos brasileiros.
O dólar, que recentemente voltou ao radar os analistas, não surpreendeu. “Apresentou um desempenho bastante modesto, entregando ganhos muito parecidos com investimentos indexados à inflação”, avalia o professor.
Já quem apostou em algumas ações específicas fez bom negócio, prossegue Marcos Milan. Em seus cálculos, os professor estima que quem aplicou R$ 50 em papéis da Vale (VALE3) multiplicou seu saldo em mais de 125 vezes.
“Foi possível alcançar resultados excelentes como no caso dessas ações com a estratégia buy and hold (comprar e segurar)”.
Por fim, o especialista afirma que o histórico de alta inflação e as sucessivas crises econômicas fizeram o investidor médio brasileiro seguir um perfil bastante conservador.
Mas a renda variável já comprovou seu potencial na balança contra o risco.
Resta saber como será o perfil deste investidor nos próximos 30 anos.
Com edição de Anne Dias
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