Que tal ficar vendido em crédito privado? Pode acontecer em 2026, dizem Itaú e Bradesco

Executivos de gestão de crédito privado avaliam que crescimento do mercado secundário vai abrir oportunidades para mais estratégias de gestão de carteiras
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  • Itaú e Bradesco preveem possibilidade de investidores ficarem ‘vendidos’ em crédito privado a partir de 2026.
  • Boom no mercado de crédito impulsionou volume diário de negócios de R$ 1,5 bi para R$ 4,3 bi em 4 anos.
  • Gestão de carteiras de crédito se torna mais ativa devido à turbulência do mercado e Selic elevada.
  • Grandes instituições financeiras buscam alternativas como mercado secundário, bonds e FIDCs para proteger carteiras e gerar rentabilidade.
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O rápido desenvolvimento do mercado de crédito privado no Brasil pode permitir que a partir de 2026 os investidores fiquem vendidos em alguns papéis, da mesma forma que já acontece em renda variável.

Foi o que defenderam os executivos da área de gestão de crédito da Itaú Asset e da Bradesco Asset nesta quarta-feira.

“Em 2026, talvez já seja possível ficar short em crédito privado”, disse a chefe de crédito na Itaú Asset Management, Fayga Delbem, durante o Brazil Investment Forum, evento anual do Bradesco BBI.

“Isso daria mais flexibilidade para os gestores na gestão dos fundos de crédito”, afirmou o chefe de crédito na Bradesco Asset Management, Victor Tofolo.

Desde 2024, entidades do mercado de capitais vêm pedindo atualização na regulação do setor, inclusive para permitir novos tipos de operação.

As declarações vêm na esteira de um boom do estoque de papéis de dívida das empresas, como debêntures, LCAs/LCIs e FIDCs, entre outros.

Com isso, o volume diário de negócios com esses papéis no Brasil passou de R$ 1,5 bilhão para R$ 4,3 bilhões nos últimos quatro anos.

Enquanto isso, as áreas de gestão de recursos das maiores instituições financeiras atraíram volumes recordes de ativos desse setor.

A Itaú Asset tem atualmente cerca de R$ 470 bilhões em fundos de crédito sob gestão, enquanto a Bradesco Asset administra aproximadamente R$ 350 bilhões no segmento. E a BB Asset tem R$ 250 bilhões em carteira.

Área de crédito privado terá que fazer mais gestão ativa

Agora, no entanto, com a turbulência nos mercados por causa da guerra comercial e da Selic elevada (14,25% ao ano), a visão de alguns é de que o apetite de grandes empresas por emitirem papéis tende a diminuir.

Ao mesmo tempo, empresas menores podem emitir dívida com taxas atrativas, mas tomando riscos que gestoras maiores preferem não correr.

Com chances menores de entregar aos clientes rentabilidades tão atrativas quanto no ano passado, devido à redução dos prêmios dos ativos de crédito privado em relação aos títulos públicos de referência (spreads), os gestores agora estão em uma posição que pede uma gestão mais ativa das carteiras.

Desde o segundo semestre de 2024, as grandes casas preferiram fechar fundos de crédito para novas captações, casos de Itaú e da BB Asset.

“Sinalizamos aos clientes que tinhámos menos espaço para fechar spreads (ter ganhos relativos maiores)”, disse Pedro Rauber, gestor de fundos de crédito privado da BB Asset Management.

Como as grandes casas se concentram nos ativos de maior qualidade de risco (high grade), cada uma agora está buscando alternativas para, simultaneamente, proteger as carteiras e gerar rentabilidade.

FIDCs, bonds estão no radar dos gestores de crédito privado

Neste sentido, um caminho buscado pelos gestores é a atuação no mercado secundário, seja trocando papéis de vencimento mais longo para mais curto, ou comprando ativos fora da categoria máxima de qualidade (AAA).

“O ano é de muita seletividade, com muita gestão ativa”, disse Fayga.

Outra alternativa é a compra de títulos de dívida no mercado internacional, os bonds.

“Estamos vemos isso (bonds) de maneira oportunística”, disse Tofolo, da Bradesco Asset. “Esse mercado vai florescer muito neste ano”.

Outros ativos que os gestores passam a olhar com mais atenção são os FIDCs (fundos de direitos creditórios).

“Os FIDCs têm uma relação risco/retorno muito atrativa”, frisou Fayga, alegando que há ainda muito preconceito no mercado em relação a riscos supostamente superiores neste tipo de ativo. “É uma classe que veio pra ficar”.

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