Com a alta da Selic, rentabilidade da poupança fica ainda pior; entenda o que está acontecendo com o investimento mais popular do Brasil

Com o aumento da Selic e a tendência de alta da taxa básica de juros em 2025, a poupança está ainda menos atrativa para o investidor. Ou seja, o que já era ruim está pior ainda. Isso fica evidente quando comparamos a caderneta com outros investimentos de renda fixa atrelados à taxa de juros. Mas, afinal, por que isso ocorre? A seguir, entenda por que o rendimento da poupança não é atrativo com a Selic nas alturas. Confira também alternativas para investir com segurança e garantir bons rendimentos com o juro a 13,25% ao ano.
Por que o rendimento da poupança não vale a pena com a tendência de alta da Selic?
Com o aumento da Selic, a poupança se torna ainda menos atrativa em comparação a outros investimentos de renda fixa atrelados à taxa de juros. Para ilustrar essa diferença, Vinícius Rodrigues, especialista em investimentos CEA do Grupo Fractal, compara a poupança com uma LCA pós-fixada. Ambos contam com a proteção do FGC, são isentos de Imposto de Renda e IOF e têm a remuneração vinculada à Selic.
Exemplo prático: LCA pós-fixada x poupança
Ano | Selic | Poupança | Diferença | LCA (90% do CDI) | Diferença |
2023 | 13,04% | 8,05% | -4,99 p.p. | 11,74% | -1,30 p.p. |
2024 | 10,83% | 6,00% | -4,83 p.p. | 9,75% | -1,08 p.p. |
Vinícius Rodrigues observa que, em 2024, com a Selic em 10,83% ao ano, a poupança rendeu 4,83 pontos percentuais a menos que a Selic, enquanto uma LCA de 90% do CDI teve uma defasagem de apenas 1,08 ponto percentual.
Já em 2023, quando a Selic estava mais elevada, a diferença para a poupança foi ainda maior: 4,99 pontos percentuais, contra apenas 1,30 ponto percentual no caso da LCA. Em resumo, isso demonstra que, quanto maior a Selic, maior é a perda relativa da poupança frente a alternativas conservadoras, conforme Rodrigues.
Qual é o rendimento da poupança hoje?
Para entender a comparação acima, é essencial compreender como funciona a rentabilidade da poupança. “Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, a poupança rende 0,5% ao mês acrescido da Taxa Referencial (TR). Embora a TR aumente com a alta da Selic, esse crescimento não ocorre na mesma proporção, pois o Banco Central aplica um fator redutor em seu cálculo. Como essa fórmula é relativamente complexa, utilizamos o exemplo histórico acima para ilustrar essa relação”, explica Rodrigues.
Clay Gonçalves, planejadora financeira CFP pela Planejar, destaca que a TR sofre alterações com a oscilação da Selic “porque seu cálculo está baseado na negociação de títulos públicos, que tem como um de seus indexadores de rendimento a própria Selic”.
“Mas essa não é uma relação direta, portanto não acompanha o percentual da taxa básica de juros. O rendimento da poupança, quando a taxa Selic está acima de 8,5%, como é o caso atualmente, é de 0,5% ao mês mais a variação da TR. Hoje, 0,65% ao mês ou 8,1% ao ano”, pontua Clay.
De acordo com a planejadora financeira, a poupança rende hoje um pouco mais que a metade do que os investimentos de renda fixa que acompanham a Selic, a 13,25% ao ano. “Além de ter um rendimento mais baixo, a poupança rende apenas uma vez por mês, ao contrário dos investimentos como CDBs e o Tesouro Selic, que rendem diariamente”, acrescenta ela.
Alternativas à poupança: onde investir com segurança
Para quem deseja sair da poupança e buscar melhores rentabilidades sem abrir mão da segurança, a recomendação é optar por ativos pós-fixados, que tendem a oferecer retornos mais expressivos em períodos de Selic elevada.
“Investimentos bancários, como CDBs, LCIs e LCAs, são opções interessantes. Isso porque mantêm um nível de risco similar ao da poupança e permitem diversificação entre diferentes bancos. É fundamental, no entanto, manter o patrimônio abaixo de R$ 250 mil por emissor para garantir a cobertura integral do FGC, assegurando assim a proteção do capital investido”, afirma Vinícius Rodrigues.
Segundo Clay, quem tem o dinheiro na poupança tem a mesma percepção do dinheiro que está na conta corrente, e isso causa familiaridade e segurança. “Com outros ativos de renda fixa, essa segurança fica em xeque, por isso, é necessário, primeiro, conhecer como as coisas funcionam. Então, a melhor estratégia é começar aos poucos. Para que uma pessoa obtenha sucesso na transição para outros investimentos, é importante considerar outros pontos, além da diferença de rendimento. É necessário entender como se dá a cobrança de Imposto de Renda, aprender sobre como escolher a liquidez destes ativos e como acessar esse valor em caso de necessidade”, ressalta a planejadora financeira.
Quando investir nos pós-fixados?
De acordo com Clay, os ativos pós-fixados são mais adequados ao propósito de aprendizado. Isso porque eles têm mais liquidez e podem acolher as sensações de segurança e familiaridade necessárias para uma transição.
“No entanto, num cenário futuro de queda, o rendimento também será menor. Já os ativos prefixados têm menos liquidez e afastam esse conforto citado, mas garantem a rentabilidade de acordo com a taxa definida num momento de alta da Selic. O título prefixado pode garantir um rendimento maior no futuro em um cenário de queda de juros, desde que o investimento não seja resgatado antes da data de vencimento”, diz ela.
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