150% do CDI ou mais: o que são ‘CDBs promocionais’ e quando vale a pena investir nesses títulos?

Entender a lógica do investimento é parte importante na sua tomada de decisão

CDB 150% CDI é boa opção para investimento? Vai depender das condições e das prioridades do investidor. Foto: Freepik
CDB 150% CDI é boa opção para investimento? Vai depender das condições e das prioridades do investidor. Foto: Freepik

O investimento em CDBs vem crescendo no Brasil, de acordo com dados recentes da Anbima. Os títulos bancários atraem investidores por oferecerem rentabilidades superiores às da poupança com garantias, como a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

No entanto, as taxas de rentabilidade podem variar bastante e o investidor fica perdido no meio de tantos títulos disponíveis para escolher.

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Por exemplo, enquanto a maior parte dos CDBs de liquidez diária oferecem rentabilidades próximas a 100% do CDI, há “CDBs promocionais”, ofertas no mercado de títulos pagando percentuais bem mais altos, como 130% ou 150%.

As perguntas que ficam e que nós fizemos a Fábio Cabral, planejador financeiro CFP pela Planejar, é: vale a pena investir nesses títulos? Quando esses CDBs promocionais são interessantes para o investidor e quando não são?

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Para saber mais sobre qual é a origem do CDB, como esse investimento funciona e como escolher o melhor título, acesse o e-book O segredo do CDB, da Inteligência Financeira. Entenda também como fica o investimento em CDB caso o Banco Central suba os juros, conforme a expectativa do mercado.

Quanto rende o CDB? E o que é o CDI?

Antes de mais nada, voltemos alguns passos atrás. CDB é sigla para Certificado de Depósito Bancário, um título de renda fixa emitido pelos bancos para financiarem suas atividades. Por exemplo, financiar projetos ou emprestar dinheiro a pessoas e empresas.

Os bancos propõem ao mercado quanto estão dispostos a pagar para captar recursos. Essa rentabilidade pode ser prefixada (ou seja, seguir uma taxa fixa pré-definida), híbrida (ser a soma da inflação medida pelo IPCA mais uma taxa prefixada) ou ser pós-fixada.

É nessa última modalidade que vamos nos aprofundar hoje. Para isso, saiba que CDI é sigla para Certificado de Depósito Interbancário, sendo a taxa DI o percentual médio de juros cobrados entre os bancos, que segue de perto a taxa Selic.

O CDI costuma ficar perto dos juros básicos, geralmente cerca de 0,10 ponto percentual abaixo. Por exemplo, quando a Selic está em 10,50% ao ano, falar que um CDB rende “100% do CDI” significa um rendimento de cerca de 10,40% ao ano.

Como funciona o CDB 150% CDI? Entenda os ‘CDBs promocionais’

Há algumas razões que levam instituições financeiras a oferecerem taxas muito mais altas do que a média do mercado. Uma possibilidade é serem instituições com problemas de crédito, que precisem oferecer taxas mais altas para que o mercado aceite assumir o risco de emprestar para elas.

Mas esse não é o caso dos CDBs promocionais. Aqui, a intenção das instituições, em geral, é a de captar novos clientes. Portanto, nesses casos corretoras ou bancos oferecem um CDB a um percentual alto do CDI com o objetivo de que você abra e movimente uma conta nessa empresa.

“As instituições financeiras têm um desafio muito grande em captar novos clientes. Principalmente um cliente que esteja bem financeiramente e que possa movimentar a conta. Então, quando você adota a estratégia de atrair clientes com dinheiro para investir, você atrai e já tem também esse filtro”, explica o planejador financeiro Fábio Cabral.

Entre exemplos recentes de CDBs promocionais, estão o CDB de 130% do Mercado Pago, com vencimento em 3 meses e limite de R$ 5 mil por aplicação; e o CDB 150% CDI da XP Investimentos, com aplicação entre R$ 20 mil e R$ 60 mil e vencimento em 60 dias.

Vale a pena investir em um CDB 130% ou de 150% do CDI?

Há alguns pontos, no entanto, que devem ser considerados, de acordo com Fábio Cabral. Um ponto é entender as condicionantes dos CDBs promocionais. Em geral, explica o especialista, são títulos com prazos muito curtos. Ou seja, o investidor tem essa taxa de rendimento por poucos meses e com uma limitação de valor.

A grande questão é que os CDBs estão sujeitos à tributação regressiva de imposto de renda, que parte de 22,5% sobre a rentabilidade para investimentos de até 180 dias. Os investimentos nesses CDBs promocionais, de 60 ou 90 dias, ficam nessa maior fatia de cobrança de imposto.

“Se você pega um título que vai pagar 130% do CDI, tem uma taxa bem alta. Quando você tira esse desconto do IR, o investidor está recebendo 100% do CDI isento. 100% do CDI isento é uma taxa boa, mas não é uma taxa extraordinária, que compensaria necessariamente o investidor abrir mais uma conta, ter mais um aplicativo, diversificar seu patrimônio”, explica Fábio Cabral.

Para o especialista, um CDB 150% CDI, por exemplo, já seria mais interessante após debitado o imposto de renda. No entanto, é sempre importante ponderar, diz o planejador, se considerando o imposto ainda faz sentido o investimento, uma vez que será necessário abrir uma nova conta.

“O principal ponto é entender o que essa instituição pode oferecer, já que essa taxa de rendimento vai ser temporária. Precisamos buscar sempre otimizar nosso tempo e às vezes abrir uma nova conta pode não nos ajudar nesse objetivo”, argumenta.

Proteção do FGC e imposto de renda

Dois pontos para abordarmos antes de encerrar a conversa sobre CDBs com taxas acima da média do mercado. Uma é a garantia do FGC, ainda mais importante se essa taxa mais alta for em razão de fragilidade financeira do banco emissor, e não de uma ação promocional.

O Fundo Garantidor protege aplicações de até R$ 250 mil por CPF, com um limite de R$ 1 milhão a cada quatro anos. “O principal risco é essa instituição financeira decretar falência e ele ficar à mercê. Temos o FGC, até R$ 250 mil tá protegido. Mas quando o investidor passa de R$ 250 mil ele corre um risco muito grande”, explica Fábio Cabral.

Outro ponto é o já citado do imposto de renda. Completando a informação, a tabela regressiva parte de 22,5% de tributação para investimentos de até 180 dias. No entanto, essa alíquota de imposto vai caindo gradualmente. Primeiro passa para 20% entre 181 e 360 dias, depois para 17,5% entre 361 e 720 dias e chega a 15% para aplicações de mais de 2 anos.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.

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