LCI com aplicação mínima de R$ 1 milhão: saiba por que um título de renda fixa está sendo usado para fisgar os mais ricos

LCI da Caixa tem valor de entrada elevado, mas rentabilidade bate muito CDB do mercado

Fachada de agência da Caixa. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Fachada de agência da Caixa. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

É comum que letras de crédito imobiliário (LCI) e do agronegócio (LCA) tenham patamares de investimento mínimo maiores do que de outros produtos de renda fixa. Mas mesmo o investidor mais acostumado pode se surpreender com uma LCI da Caixa, que tem entrada mínima de R$ 1 milhão.

Essa letra, que está disponível no íon Itaú, vence em fevereiro de 2027 e rende hoje 94% do CDI. Com diferentes taxas e valores mínimos, a LCI da Caixa está anunciada também na XP e no BTG Pactual.

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O investidor acostumado a aplicar em CDBs pode estranhar o rendimento, aparentemente baixo.

Acontece que as letras de crédito são ofertadas a taxas mais reduzidas uma vez que o valor é isento de Imposto de Renda. Por outro lado, produtos como CDB e Tesouro Direto pagam IR. O imposto começa em 22,5% em até 180 dias e cai para 15% após 2 anos.

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Uma LCI a 94% CDI tem rentabilidade líquida após 1 ano equivalente a de um CDB com taxa de 114%. Para batê-la, o certificado bancário tem que render ao menos 110,5% do CDI, em um investimento de ao menos 2 anos. Veja o comparativo abaixo:

PrazoLCI 94% CDICDB 110,5% CDI
Até 180 dias94%85,72%
De 181 a 360 dias94%88,48%
De 361 a 720 dias94%91,24%
Acima de 721 dias94%94,01%

Há outras letras de crédito da Caixa pedindo a partir de R$ 250 mil de investimento mínimo, com taxas que vão de 87% até 94% do CDI. Contudo, é possível encontrar ofertas pedindo até R$ 6 milhões de valor de entrada, como uma letra que vence em 2 meses e é negociada pela XP, com uma taxa de 88% do CDI.

Vale a pena investir em uma LCI da Caixa de R$ 1 milhão?

O investidor de grande porte tem à sua disposição uma série de ativos pensados para atendê-lo. Contudo, mesmo para esse público uma LCI da Caixa pode ser interessante, na avaliação de Guilherme Cavallin, head de crédito, mercado de capitais e M&A da Manchester Investimentos.

“A LCI é um papel isento de IR e isto, por si só, já o torna um produtivo atrativo. Mas quando levamos em consideração a solidez de uma instituição como a Caixa Econômica Federal e a rentabilidade que ela está oferecendo, isso certamente fará muito sentido”, afirma Cavallin à Inteligência Financeira.

De acordo com o especialista, esse investidor precisará ter um cuidado apenas com a liquidez da aplicação. Compensa, portanto, para quem esse valor corresponde a apenas uma parte do patrimônio.

Relatório da Anbima divulgado na semana passada captura essa tendência de crescimento das letras de crédito nas carteiras dos clientes private. As LCIs e LCAs tiveram as maiores elevações anuais dentro da renda fixa. As letras de crédito imobiliário tiveram aplicações de R$ 30,9 bilhões vindas desses clientes, uma alta de 24,2% em um ano.

Por que a Caixa está emitindo LCIs com alto valor de entrada?

A Inteligência Financeira publicou uma série de reportagens sobre as decisões recentes da Caixa no que diz respeito ao financiamento do crédito imobiliário. Com a queda das alocações na poupança, o banco público foi ao mercado em busca desses valores, com a emissão das LCIs.

Para Guilherme Cavallin, as emissões de LCI da Caixa com alto valor de investimento mínimo buscam diversificar as fontes de atração de recursos do banco. “Quando uma instituição como a Caixa estipula uma faixa entre R$ 250 mil e R$ 6 milhões com taxas atrativas frente seus concorrentes fica claro que a ideia é trazer o recurso do investidor que está fora do banco”, explica.

“Buscar este ‘share off wallet‘ traz um ganho significativo para a estratégia do banco, que poderá equilibrar a balança para ter lastro e voltar a oferecer crédito imobiliário ao mercado”, diz o head da Manchester Investimentos.

Outra reportagem da Inteligência Financeira demonstra que essa mudança aumentou o custo de captação da Caixa. Dessa maneira, o banco público também precisou elevar para 11,5% a taxa balcão de juros anuais do crédito imobiliário.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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