Tesouro IPCA+ pagando acima de 8% ao ano? Bradesco prevê fim de retorno extraordinário

Bradesco Private vê provável queda de inflação e baixa no prêmio da renda fixa Tesouro IPCA+, mas segue recomendando título

O retorno extraordinário dos títulos de renda fixa Tesouro IPCA+, conhecidos por refletirem a taxa de juro real da economia local, deve deixar de pagar acima de 8% ao ano. É o que diz um relatório do Bradesco Private, braço do Bradesco para clientes de alta renda, divulgado na sexta-feira (4).

A instituição vê a taxa de juros hoje sob controle, refletindo a postura mais dura do Banco Central (BC) para levar a inflação do Brasil ao centro da meta, de 3% ao ano.

Assim, o possível cenário de dominância fiscal não deve se confirmar. Pelo contrário, segundo o Bradesco Private, os juros devem cair à frente.

“Essa oportunidade (ganhos acima de 8% com o Tesouro IPCA+) pode estar se encerrando.”

Dominância fiscal é uma situação em que as ações do BC para controlar a inflação tornam-se limitadas ou ineficazes porque a política fiscal do governo gera pressões significativas na economia.

Bradesco Private sinaliza inflexão na renda fixa

O prêmio extraordinário atualmente pago pelo Tesouro Direto IPCA+ nos últimos 15 anos aconteceu somente em 5% das ocasiões, segundo a equipe do Bradesco Private liderada pelo estrategista-chefe Carlos Machado.

Em dezembro, a volatilidade do mercado de juros futuros contribuiu para o aumento de prêmio pago pelo Tesouro IPCA+ com prazo de 7 anos.

O Bradesco Private recomenda a seus clientes para alocarem no título com este vencimento.

“Desde o início deste ano, estamos vendo uma acomodação da volatilidade e ajustes nos preços dos ativos locais”, inclusive na renda fixa, disse o Bradesco Private no relatório.

A calmaria nos mercados pode ter sido abafada pelas tarifas de Trump. Por outro lado, o BC tem controle da inflação pela política monetária.

“Parte desse processo reside exatamente na elevação do tom do Comitê de Política Monetária (Copom), iniciado na reunião de dezembro passado, ao se mostrar comprometido em conter o avanço da inflação e levá-la em direção à meta.”

‘Improvável que inflação não cederá’

Para Machado e equipe, com a Selic em torno de 15% ao ano até 2026, “é improvável que a inflação não cederá” em favor da política monetária.

Atualmente, a taxa básica está em 14,25% anuais. E os diretores do BC sinalizaram que uma nova alta na próxima reunião de política monetária, em maio.

Parte do mercado financeiro começa a apostar no início de um ciclo de cortes já em 2025.

Desse modo, a janela do IPCA+ 8% deve fechar em breve.

“Diante do exposto, à medida que o mercado perceba o fim do ciclo de alta da taxa Selic, entendemos que esse patamar de juros futuros não deverá permanecer, o que sinaliza que essa oportunidade pode estar se encerrando”.

Mas o Bradesco mantém o título híbrido como recomendação aos clientes na renda fixa. Primeiro porque pode capturar o fechamento da curva de juros previsto pelo banco. Em segundo, porque oferece uma boa proteção patrimonial para clientes com grandes fortunas.

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