Renda fixa é uma boa opção? Nem sempre, diz estrategista de investimentos
Para Lucas Queiroz, do Itaú BBA, você nunca deve investir às cegas
Talvez você, assim como muitos investidores, esteja aportando mais em renda fixa do que na variável, para aproveitar a alta dos juros e da inflação. A classe de ativos com menor risco, inclusive, é a recomendação de muitos analistas neste momento. Mas nesta semana, durante o Manhã Inteligente, Lucas Queiroz, estrategista de renda fixa no Itaú BBA, com foco em pessoa física, fez um alerta. “Nem tudo o que reluz em renda fixa é ouro”, disse Lucas. Abaixo, Lucas explica o motivo dessa conclusão e em que você deve ficar atento quando o assunto é a renda fixa.
Quando a renda fixa é uma cilada?
Geralmente, o investidor percebe que entrou numa cilada depois que o prejuízo já aconteceu. Dificilmente ele consegue prever. Não tem uma pessoa que diga que preço é ruim ou bom. Todo dia tem alguém comprando ou vendendo. O preço dos ativos já tem uma taxa de desconto. Mas não saber o que tá implícito neste valor é o pior cenário. Uma empresa que tem um futuro promissor já tem essa promessa no preço da ação hoje. Na renda fixa acontece exatamente a mesma coisa. Um ano atrás, a pessoa se deparava com IPCA que rendia 3,58%. Naquele momento, essa taxa era boa. Mas houve uma mudança no cenário e a inflação foi muito pior, com juros maiores. E tem mais: a renda fixa não é fixa ao longo do caminho. Ela está mais para híbrida, porque tem um pedaço que não é prefixado.
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A marcação a mercado atrapalha os investimentos?
Há um conceito errado de que título indexado à inflação ela ganharia inflação mais uma taxa. Mas veja: isso só acontece se o investidor respeitar o vencimento. Pela marcação, o título perde um pouco do valor. Há sempre uma parte pré e outra pósfixada, então ele é híbrido. A marcação a mercado é necessária, não é um erro. Ela informa naquele momento qual é o real patrimônio do investidor naquele momento. Já a marcação na curva causa problemas, porque o investidor acha que tem um patrimônio que, de fato, ele não tem.
Título de curto prazo é uma cilada?
Nem sempre um título curto é um problema, mas agora passou a ser. Tem papéis que estão pagando IPCA mais 12% ao ano. A pegadinha aqui é que isso vence em dois meses, então dá menos de 2%. Se o investidor deixar o dinheiro em um papel pós-fixado renderia até mais do que isso.
O que o investidor deve fazer?
O investidor tem que entender qual é a dinâmica da inflação, por exemplo. Ver as projeções dos analistas e quais são as premissas para aquele título de renda fixa. Se ele souber o que está implícito nos preços, ele pode até rebalancear a carteira.
Qual é o pulo do gato para o investidor?
Tem que ficar de olho nas notícias. Se não der, é melhor pecar pelo excesso de conservadorismo, com títulos de alta liquidez. Não existe investimento bom. Existe investimento bom PARA VOCÊ. Tenha um investimento adequado para as suas necessidades. O mais importante é saber para que você está investindo. E conhecer o produto no qual você está investindo.
E o que é ter inteligência financeira?
É saber os seus objetivos. Se não, você está fadado a fazer coisas erradas com seu dinheiro. Veja o bitcoin: estamos vendo muitas pessoas que não tinham perfil para a moeda e mesmo assim tinham investido pesado nela. Os investidores profissionais sabem disso. Eles são obrigados a seguir regras e diretrizes. Por exemplo: um fundo de pensão tem foco total em aposentadoria, então ele fica em títulos que pagam a inflação mais uma taxa, para aumentar o poder de compra daquelas pessoas. E a pessoa física deve seguir este mesmo racional: só invista conforme seus objetivos e seu perfil.