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Renda fixa dos EUA: vale a pena investir nesse ativo com a alta de juros por lá?
Já tem alguns meses que estamos vendo países como os Estados Unidos lutarem contra a inflação histórica aumentando a taxa de juros.
Dessa forma, cresce o número de brasileiros que se sentem atraídos a comprarem renda fixa estrangeira.
Apesar desse tipo de investimento também estar com rendimentos altos por aqui, os especialistas em finanças afirmam que diversificar a carteira com uma parte vindo do exterior é bem interessante.
Inclusive, essa fatia gringa pode ter, nesse momento, mais renda fixa do que variável.
E essa afirmativa se materializa em números. Afinal de contas, na semana passada, o Fed subiu os juros para 3,25% ao ano. E as projeções indicam que as taxas podem chegar a 4,6% ao ano.
Bonds, a renda fixa dos EUA é ótima opção
Diante desse cenário, enquanto as ações estão pressionadas pelo receio de que o aumento de juros cause problemas para a economia, os rendimentos dos títulos de renda fixa dos Estados Unidos, chamados de bonds, estão altos como não se via há muito tempo.
Para se ter uma ideia, atualmente a renda fixa pode chegar a 8% em alguns papéis emitidos por companhias. Ainda que esse percentual possa parecer pouco em comparação à Selic, que está em 13,75% ao ano, é válido lembrar que estamos falando em dólar, além de ser uma taxa muito alta em comparação ao histórico dos EUA.
Por outro lado, a volatilidade dos títulos, fundos e ETFs (fundos negociados em bolsa que acompanham índices) também está nas alturas. E aí, o investimento nesses ativos exige conhecimento, dinheiro e estômago do investidor.
Afinal de contas, será necessário esperar para resgatar os recursos. A quem topar o esforço, especialistas afirmam que vale a pena.
“Não está sendo um ano fácil para os investidores de renda fixa dos Estados Unidos, mas, em compensação, eles estão conseguindo remunerações que eram praticamente impossíveis de achar antes”, afirma William Castro Alves, estrategista-chefe da corretora Avenue. “A alta de juros [nos EUA] ainda vai longe, então não é preciso ter pressa para comprar”, diz.
Bom momento para renda fixa dos Estados Unidos
Ian Cao, sócio e diretor de investimentos da gestora de recursos Gama Investimentos, segue a mesma opinião. Para Cao, é uma boa hora para aproveitar os rendimentos da renda fixa dos EUA. “O primeiro semestre foi o pior em 200 anos para diferentes ativos, mas essa performance horrorosa significa rendimentos altos na renda fixa. O cenário é desafiador, mas ele já foi embutido nos preços,”, afirma.
Além disso, o diretor destaca que grandes gestores como Howard Marks e Ray Dalio são defensores da ideia de que é importante ter ativos com baixa correlação entre eles na carteira, independentemente da conjuntura.
Ainda de acordo com os especialistas, para Marilia Fontes, sócia-fundadora da casa de análises de investimentos Nord Research e autora do livro “Renda Fixa não é Fixa”, é “maravilhosa” a ideia de pequenos investidores comprarem renda fixa norte-americana.
Ela diz que, especialmente para as pessoas físicas, é interessante conseguir bons rendimentos correndo baixo risco.
“No começo de 2020, os pequenos investidores estavam comprando ações globais e bitcoin em massa e aumentando a volatilidade da carteira com exagero. Assim, agora esse movimento é bem positivo para as pessoas físicas”, afirma.
Como comprar renda fixa dos Estados Unidos
Mas, antes de você encarar o investimento norte-americano, é importante saber que o mercado de renda fixa dos Estados Unidos tem algumas diferenças importantes em comparação ao do Brasil.
A começar, a maioria dos títulos é prefixada. Portanto, o rendimento desses ativos é uma taxa fixa combinada na hora da aplicação.
Dessa forma, o preço desse tipo de investimento oscila diariamente. Ou seja, o produto pode dar rendimento negativo antes da data de vencimento. Por isso, é necessário aguardar esse prazo para resgatar o dinheiro com o retorno contratado.
Além disso, só cidadãos com o CPF dos EUA podem comprar títulos do governo no Tesouro Direto do país.
Por outro lado, os brasileiros até podem comprar títulos públicos norte-americanos. O porém é que isso deve ser feito fora da plataforma de negociação do governo, o que exige bastante dinheiro.
Em geral, as corretoras pedem aplicação mínima de US$ 100 mil.
Mas fique tranquilo porque existe uma alternativa
Comprar títulos emitidos por companhias para financiar a sua dívida, o equivalente aos papéis de crédito privado no Brasil.
O bom dessa opção é que o processo pode ser feito por meio de plataformas de investimentos nos Estados Unidos. Inclusive, dá para fazer isso com menos dinheiro, o que não deixa de ser bastante: US$ 10 mil para títulos de empresas dos EUA e US$ 50 mil para papéis de empresas brasileiras, que emitiram a sua dívida no país.
Ainda tem a opção também de investir em fundos e ETFs que compram esses títulos, por meio de corretoras nos Estados Unidos ou no Brasil.
Aliás, vale saber que o mercado de renda fixa nos EUA é mais competitivo do que por aqui. Dessa forma, acabam existindo mais alternativas de fundos de investimentos e ETFs com taxas de administração mais baixas para os pequenos investidores.
Até 30% aplicado no exterior
Contudo, as opções para comprar renda fixa nos Estados Unidos e em outros países estão aumentando no Brasil. “Estamos conseguindo aproximar a carteira dos investidores de varejo às dos bilionários”, afirma Cao, da Gama.
A gestora, por exemplo, tem como foco dar acesso aos brasileiros a grandes gestores globais, como Oaktree e Man Group.
Inclusive, Fontes, da Nord, aconselha os investidores a dividirem a carteira de investimentos com 30% aplicado no exterior.
No momento atual, ela indica que mais da metade dessa fatia esteja investida em renda fixa internacional. Por outro lado, é importante levar em consideração que essa recomendação é feita apenas para os investidores que possuem algum conhecimento sobre investimentos e, claro, algum dinheiro.
Aos com menos conhecimento e cash, a sócia da casa de análises sugere ETFs e fundos de investimentos acessíveis em plataformas de investimento no Brasil.
Analise, com calma, as opções de investimento
Ainda de acordo com Fontes, o ideal é comparar as taxas de administração, além de não se deixar levar apenas pelo nome da gestora e analisar como o produto investe e qual o seu histórico.
Mas, se você for do tipo de investidores com maior conhecimento e dinheiro no bolso, a indicação é comprar diretamente títulos das companhias, analisando se o emissor e o prazo de vencimento do papel atendem às expectativas.
O processo é parecido com a compra de títulos de crédito privado no Brasil. Portanto, não é um bicho de sete cabeças, mas também não é trivial.
Diante disso, fontes indicam comprar papéis emitidos por empresas brasileiras lá fora, já conhecidas pelos investidores, em plataformas de investimentos no exterior.
Ela destaca ainda que é importante comparar as taxas de corretagem, que podem ser bastante diferentes.
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