Por que investir em renda fixa no exterior se aqui no Brasil a taxa é maior?
Conversamos com especialistas que responderam essa questão, além das vantagens e desvantagens de investir no exterior nesse tipo de produto
Na hora de investir em renda fixa no exterior, é importante, claro, entender quais são as taxas de juros utilizadas pelo país no momento da contratação. E é na hora de fazer essa análise que fica perceptível que os índices usados por aqui são maiores do que os praticados em outros lugares.
Aí, vem a seguinte dúvida: por que investir em renda fixa no exterior se aqui no Brasil a taxa é maior? Pois saiba que você não está sozinho nessa dúvida. Afinal de contas, aqui na redação, a gente também se questionou a respeito, e claro, fomos atrás da resposta.
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E como nós buscamos trazer o conteúdo sempre o mais completo possível, fomos além. Também perguntamos para os especialistas quais são as vantagens e desvantagens de investir em renda fixa no exterior. Vem que eu te conto tudo!
Por que investir em renda fixa no exterior se aqui a taxa é maior?
Para Lucas Muraguchi, diretor de administração fiduciária na Ouro Preto Investimentos, investir em renda fixa no exterior é bom por conta da proteção cambial. Afinal de contas, o investidor recebe menos juros, mas garante o montante em uma moeda global que está entre as mais seguras do mundo.
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“Sem esquecer, claro, que o credor é o governo norte-americano, que é considerado um pagador mais seguro que o do Brasil, que é um país emergente economicamente e politicamente instável. Tanto que as notas do governo americano são consideradas os investimentos mais seguros do mundo”, afirma.
Já para Fernanda Guardian, sócia-fundadora da Guardian Trust Capital, investir em renda fixa no exterior sendo que aqui a taxa é maior tem como justificativa o fato da rentabilidade nominal ser diferente da rentabilidade real.
Mas, afinal, o que significa isso tudo? “Nominal é o número de quanto que a renda fixa está pagando e a rentabilidade real é o mesmo valor, porém descontada a inflação”, explica Fernanda. Portanto, vale saber que a rentabilidade real vai depender de qual moeda esse investimento está denominado.
“Isso porque, existem moedas mais fracas e moedas mais fortes. O real, por exemplo, pelo fato do Brasil ser uma economia subdesenvolvida, é uma moeda fraca em relação ao dólar americano. Então, a inflação do real é historicamente maior do que a inflação do dólar americano. Desse modo, só olhar a rentabilidade nominal não faz sentido, porque tem que descontar a inflação”, esclarece a especialista.
Vantagens de investir em renda fixa no exterior
E existem vários motivos para investir no exterior. O primeiro deles, claro, é a diversificação. Afinal de contas, dessa forma é possível diminuir o risco do seu portfólio, já que você terá menos ativos atrelados ao Brasil.
“Há, ainda, a vantagem da exposição do capital à moeda forte. Afinal de contas, agora é possível ganhar rendimentos em dólar, por exemplo, e ganhar também com a valorização da moeda”, pontua Charlles Franklin Duarte, professor de matemática financeira, estatística e finanças do Centro universitário Uniateneu, em Fortaleza.
Para Felipe Spritzer, fundador e CEO da Portfel, empresa de consultoria de investimentos do Grupo Primo, outro ponto interessante da renda fixa no exterior é o acesso a diversos instrumentos financeiros. “Em mercados internacionais, o investidor pode encontrar uma variedade maior de produtos de renda fixa, com diferentes prazos, riscos e rentabilidades, permitindo adaptar a estratégia de acordo com suas necessidades e objetivos, afirma.
Mercado de bonds
Além desses benefícios apontados pelo professor, Fernanda Guardian também apresenta outras vantagens de investir em renda fixa no exterior. São elas:
- Juros altos nos Estados Unidos, garantindo maior retorno;
- Possibilidade de ganhar em um cenário de recessão. Afinal, os títulos do governo norte-americano são considerados os mais seguros do mundo, e por isso, as pessoas procuram por esses investimentos em momentos de recessão;
- O mercado de bonds corporativos (debêntures) no exterior é muito mais maduro e sólido.
“Sobre bonds, o que que acontece é que o mercado de debêntures aqui no Brasil não tem muita liquidez. Por outro lado, lá fora, o mercado é mais maduro e tem maior liquidez e opções de investimento”, comenta.
A especialista ainda dá um exemplo. “O investidor conservador pode comprar títulos de dívidas de empresas consolidadas estrangeiras e que são consideradas praticamente livres de risco, como Citibank, J.P. Morgan e bancos americanos que estão aí há muitos anos no mercado.”
Além disso, ainda segundo Fernanda, o investidor consegue acessar bonds de empresas brasileiras, que é uma renda fixa nos Estados Unidos, só que emitidos em dólar. “Então, algumas companhias, como por exemplo Vale (VALE3), Suzano (SUZB3) e Petrobras (PETR4), que são empresas muito grandes aqui no Brasil e que tem uma classificação de risco muito boa, acabam se tornando muito úteis para o investidor conservador”, acredita.
Desvantagens de investir em renda fixa fora do Brasil
Mas como nem tudo são flores nesse mundão, a aplicação financeira em ativos no exterior também possui seu lado não tão positivo. “O investidor pode acabar realizando o câmbio, tanto na compra quando na venda, em momentos desfavoráveis”, afirma Lucas Muraguchi.
Sem esquecer que outra desvantagem de investir em renda fixa no exterior está na complexidade tributária. “Isso porque, o investidor precisa ter muito cuidado na hora de declarar esses investimentos. Então, é preciso aferir e apurar o imposto corretamente para não correr o risco de ter bitributação, já que a renda fixa está lá fora. O investimento é tributado de um jeito no exterior e aqui de outra maneira”, analisa Fernanda.
Nessa mesma frente de custos e taxas, Felipe Spritzer lembra que investir no exterior pode envolver custos adicionais, impostos e despesas de transação. “Esses custos podem reduzir a rentabilidade líquida do investimento”, conta.
Além disso, o especialista fala sobre as possíveis barreiras culturais e de idioma. “O que pode dificultar o acesso a determinadas oportunidades de investimento e a compreensão dos detalhes dos produtos financeiros disponíveis”, acrescenta.
Como investir em renda fixa no exterior?
Pedimos para que Muraguchi fizesse um pequeno passo a passo para você entender como aplicar seu dinheiro em renda fixa fora do Brasil. Veja só.
- Abra uma conta em uma corretora de investimentos confiável que ofereça ativos de renda fixa no exterior.
- Transfira o dinheiro para sua corretora.
- Faça a operação de câmbio (que pode ser realizada dentro ou fora da corretora).
- Estude e escolha quais ativos quer comprar.
- Por fim, compre e acompanhe, periodicamente, o avanço dos produtos escolhidos.
Principais ativos da renda fixa fora do Brasil
Ficou interessado em investir no exterior? Então, confira algumas opções de produtos da renda fixa.
Bonds: títulos de dívida emitidos por empresas na moeda estrangeira. No Brasil, o título é equivalente às debêntures.
Time Deposit: neste caso, o valor serve de empréstimo para instituições financeiras.
Treasuries: o dinheiro investido é emprestado ao governo norte-americano, que o devolve com juros. O US Treasury é considerado um dos ativos mais seguros do mundo e dentro desse grupo existem três perfis, que são:
- Treasury Bills: títulos de renda fixa da dívida pública norte-americana de curto prazo com alta liquidez, com vencimentos de 4 a 52 semanas;
- Treasury Notes: títulos de renda fixa da dívida pública norte-americana de médio prazo com alta liquidez, com vencimentos de 2 a 10 anos;
- Treasury Bonds: títulos de renda fixa da dívida pública norte-americana com de longo prazo com alta liquidez, com vencimento de 30 anos.
Partiu, renda fixa no exterior
E aí, viu só os motivos pelos quais você pode investir em renda fixa no exterior se aqui no Brasil a taxa é maior? Agora, é com você, querida leitora e querido leitor. Analise, com cautela, cada produto que quer aplicar o seu dinheiro. E claro, verifique se o investimento está de acordo com o seu perfil e objetivos futuros.